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Viúva de Marielle critica pronunciamento de ministro: 'Queremos respostas'

A viúva de Marielle Franco, Monica Benicio, criticou o pronunciamento do ministro Ricardo Lewandowski, cobrou "respostas concretas" sobre os assassinatos de Marielle e Anderson e classificou a declaração como um "espetáculo".

O que aconteceu

A vereadora Monica Benicio declarou que foi "surpreendida" com o anúncio de que Lewandowski faria um pronunciamento nesta terça-feira (19). Em um texto publicado nas redes sociais, a viúva de Marielle explicou que a novidade anunciada pelo ministro "em nada colabora com a esperança" para a resolução do caso. "Apenas aumenta as especulações e uma disputa de protagonismo político que não honram as duas pessoas assassinadas", escreveu.

Benício também defendeu que o caso é tratado como "espetáculo" na imprensa. "Transformar os fatos deste caso num espetáculo já virou prática corriqueira de diversos veículos de imprensa, contra a qual tenho lutado duramente. O que me causou surpresa, realmente, foi ver um ministro de Estado agir do mesmo modo", criticou.

Ela disse ainda que o final do pronunciamento do ministro foi "vazio" e cobrou "respostas concretas". "Fechamento vazio de seu pronunciamento, ao dizer 'brevemente pensamos que teremos resultados concretos'. Queremos respostas concretas. Espero que a próxima coletiva convocada seja para fazer um pronunciamento de ordem concreta e realmente comprometida com a justiça", cobrou.

Monica ressaltou que a homologação é "mais um passo importante", mas lamentou a espera das duas família para o fim da investigação. "Nós, familiares de Marielle e Anderson, não aguentamos mais a falta de respostas sobre quem mandou matar Marielle e nem promessas vazias sobre especulações de prazos que não se sustentam, só servem para aumentar a nossa dor e a nossa ansiedade. Isso é desrespeitoso conosco, familiares e amigos que perdemos pessoas amadas e vivemos com a ausência de justiça".

O ministro da Justiça e Segurança Pública anunciou a homologação da delação de Ronnie Lessa hoje. A vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes foram assassinados em 2018. O caso foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) após novas provas mencionarem um parlamentar federal no caso. O ministro Alexandre de Moraes é o relator das investigações na Corte.

Irmã de Marielle diz ter 'fé' e 'esperança'

A irmã de Marielle, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse homologação traz "esperança". "As notícias que acabam de sair com os avanços da investigação sobre o caso da minha irmã e do Anderson, nos dão fé e esperança de que finalmente teremos respostas para esse assassinato político, covarde e brutal", publicou.

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Para ela, o anúncio mostra que as instituições seguem comprometidas com a resolução do caso. "O anúncio do Ministro Lewandowski a partir do diálogo com o ministro Alexandre de Moraes é uma demonstração ao Brasil de que as instituições de justiça seguem comprometidas com a resolução do caso".

Mais um passo dado. Mas seguiremos acompanhando até o final e trabalhando para que nunca mais uma pessoa tenha a sua vida interrompida por ser quem é ou pelas ideias que defende. Somos muitas as brasileiras e brasileiros que acreditam que é possível.
Anielle Franco

Veja repercussão do anúncio

A deputada federal Talíria Petrone disse que seguirá exigindo respostas.

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A deputada federal Jandira Feghali também comentou a homologação da delação de Lessa.

O deputado federal Pastor Henrique Vieira escreveu que a homologação é mais um passo importante.

Alexandre de Moraes homologa delação de Ronnie Lessa

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Lewandowski disse que não teve acesso à delação e reiterou que o caso tramita em segredo de Justiça. Declaração foi feita em pronunciamento na noite desta terça-feira (19). "Nós sabemos que essa colaboração premiada traz elementos importantíssimos que nos levam a crer que brevemente teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco", afirmou.

O ministro destacou que o processo está nas "competentes" mãos de Alexandre de Moraes. "Que dará seguimento a esse processo, e certamente, muito em breve teremos os resultados daquilo que foi apurado pela competentíssima ação da Polícia Federal que em um ano chegou a resultados concretos nessa investigação", acrescentou.

O trabalho da Polícia Federal contou com a participação do Ministério Público Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro. "As duas instituições trabalharam dentro de suas atribuições", lembrou o ministro da Justiça e Segurança Pública.

Em nota, o STF detalhou a homologação do acordo de colaboração premiada de Ronie Lessa. Segundo a Corte, foram verificados os "requisitos da Lei nº 12.850/13 - regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal".

Foi realizada uma audiência com Lessa na segunda-feira (18), ainda segundo o Supremo. Na ocasião, "foi constatada a voluntariedade da manifestação da vontade dele. Agora, o caso está com a Polícia Federal para continuidade das investigações, que correm sob sigilo".

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