Cativeiro do PCC foi usado em sequestro de aluno da PUC em SP, diz polícia
O aluno da PUC-SP preso na quarta-feira (20) por suspeita de planejar o sequestro de outro estudante da universidade usou um cativeiro do PCC, diz a Polícia Civil.
O que aconteceu
Polícia Civil investiga ligação entre estudante da PUC suspeito de planejar o sequestro e o PCC. O aluno de fonoaudiologia Fernando de Souza das Neves, 42, morava em uma área dominada pela facção criminosa e tinha ligações com o crime organizado, segundo investigadores ligados ao caso. O sequestro ocorreu em Campo Limpo, na zona sul de São Paulo.
Foto com inscrição do PCC indica presença do crime organizado no local. O UOL teve acesso a uma imagem registrada pelos próprios policiais civis indicando a presença da facção em frente ao local onde a vítima, um estudante de direito de 19 anos, foi feita refém, em 5 de dezembro de 2023.
Cerca de 40 agentes fizeram operação no cativeiro do PCC. Ação ocorreu na quarta-feira, dia da prisão de Fernando e seus comparsas. Investigadores também prenderam Jeferson Gustavo Oliveira da Silva e apreenderam dois adolescentes. Outro suspeito de envolvimento no sequestro está foragido. Até ontem, os suspeitos presos não tinham defesa constituída, segundo a Polícia Civil.
Local do sequestro é monitorado por "olheiros" da facção e suspeitos armados. Segundo a polícia, essa mobilização do PCC motivou o planejamento de uma força-tarefa para que os investigadores pudessem cumprir o mandado de busca e apreensão no cativeiro.
Integrantes do PCC usam câmeras de vigilância para monitorar aproximação das forças de segurança, indica a investigação. De acordo com a Polícia Civil, membros da facção colocam na rua cones e miguelitos, como são chamados parafusos para furar pneus e conter o avanço de veículos.
O estudante da PUC-SP foi o autor intelectual do crime, atraindo a vítima para o local do sequestro. No cativeiro, os outros sequestradores enviaram um vídeo à família fazendo ameaças com arma de fogo. Eles foram agressivos para coagir a família a pagar pelo resgate.
Fábio Nelson Fernandes, delegado da Delegacia Antissequestro
Coronhadas na cabeça e ameaças de morte
A família recebeu vídeos com a vítima na mira de uma arma. Os sequestradores exigiam pagamento de R$ 20 mil para liberá-la. O universitário suspeito de planejar o crime fingia também ter sido vítima do sequestro, após atrair o colega para a emboscada, sob o pretexto de comprar maconha em um ponto de venda de drogas.
Vítima foi golpeada com coronhadas na cabeça. Ela também foi agredido a chutes e socos no período em que foi mantida dentro do cativeiro, segundo a Polícia Civil.
Ameaça de decapitação. De acordo com os investigadores, os sequestradores ameaçaram decapitar o jovem de 19 anos com um facão no dia seguinte ao sequestro, já que o resgate não havia sido pago. Eles colocaram um saco preto na cabeça da vítima e disseram que a levariam em um carro para cometer o crime. Mas o jovem acabou sendo libertado logo em seguida.
Com perfil agressivo, suspeito já havia ameaçado professores e agredido jovem dentro da PUC. O UOL teve acesso a um vídeo que mostra a agressão, ocorrida no ano passado (veja abaixo).
Procurada, a PUC confirmou que a prisão do aluno suspeito de planejar o sequestro ocorreu na universidade. "Policiais civis à paisana estiveram no campus Monte Alegre e cumpriram um mandado de prisão contra um aluno. A universidade não recebeu qualquer outra informação oficial", afirmou a PUC em nota.
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