'Que pague pelo erro', diz irmã de motorista morto após colisão com Porsche
Do UOL, em São Paulo
01/04/2024 21h34Atualizada em 01/04/2024 21h44
A irmã do motorista de aplicativo que morreu após um Porsche avaliado em R$ 1 milhão bater no Sandero que ele conduzia, disse esperar que o responsável pague pelo erro e que a justiça seja feita.
O que aconteceu
Ana Maria disse que o irmão estava trabalhando na madrugada do domingo (31) de Páscoa para "dar o melhor para a família". A mulher acredita que o trabalhador, identificado como Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, já estava retornando para casa quando o acidente ocorreu na avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, na zona leste de São Paulo. As declarações foram concedidas ao Brasil Urgente (TV Bandeirantes).
Irmã implora por Justiça e espera que condutor do Porsche "pague pelo erro". Ana afirmou que não é fácil acreditar que o irmão, definido por ela como "trabalhador, honesto e sempre batalhador", morreu desta forma.
A familiar da vítima destacou que o motorista deve ter responsabilidade ao volante. "A gente tem que dirigir por você e pelas pessoas, tem que ter atenção, não andar em alta velocidade para tirar a vida do ser humano. A vida tem que ter um controle, não é assim, passar por cima de tudo, sair levando tudo. Não. O carro é para se andar, tem que ter o controle", avaliou.
O condutor da Porsche se apresentou hoje à polícia, mas foi liberado. Fernando Sastre de Andrade Filho deixou o local acompanhado dos advogados e foi embora em um BMW. Homem foi liberado após a Justiça de São Paulo não se manifestar sobre o pedido de prisão temporária. Mais cedo, a Polícia Civil havia solicitado a prisão de Fernando e aguardava a resposta do Judiciário.
Que a justiça seja feita para não ficar impune, mais um caso no esquecimento, mas um caso aí. (...) [Ele era] trabalhador para poder arcar com o pagamento do carro, da casa, [então] tinha que estar na luta, correndo. O trabalhador é assim, descansa um pouco e vai para a luta. O dia dele era assim.
Ana Maria, irmã de Ornaldo
O que se sabe sobre o acidente
Acidente aconteceu na madrugada de domingo (31) na avenida Salim Farah Maluf. Testemunhas contaram à polícia que Andrade Filho fez uma ultrapassagem em alta velocidade — o limite de velocidade na via é de 50 km/h — perdeu o controle e colidiu com traseira de um Sandero.
O motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Ele foi levado pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde deu entrada com quadro de parada cardiorrespiratória. A morte, segundo o médico que o atendeu, ocorreu devido a traumatismos múltiplos.
Passageiro de 22 anos do Porsche ficou ferido. Ele foi encaminhado ao Hospital São Luiz do Tatuapé e não há informações sobre seu estado de saúde.
Mãe de Andrade Filho foi ao local do acidente e o levou embora. De acordo com o registro da ocorrência, Daniela Cristina De Medeiros Andrade informou aos policiais que levaria o filho ao Hospital São Luiz Ibirapuera devido ao leve ferimento que ele apresentava na região da boca.
Os policiais foram ao local para colher o depoimento do motorista e fazer o teste do bafômetro, mas foram informados na recepção de que ele não deu entrada em qualquer hospital da rede. A polícia foi até a casa da família e tentou contato com mãe e filho por telefone, mas sem sucesso.
A Polícia Militar disse que vai averiguar um "possível erro operacional" que causou fuga. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que analisará a dinâmica da ocorrência. O órgão não informou se a averiguação será feita via corregedoria.
Quem é o condutor do carro?
Fernando tem 24 anos e cursou engenharia civil na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Porsche 911 Carrera GTS ano 2023 é avaliado em R$ 1,3 milhão, segundo a tabela Fipe. De acordo com o boletim de ocorrência, o veículo, que ficou completamente destruído após o acidente, não tem seguro. O automóvel tem velocidade máxima de 311 km/h e leva 3,4 segundos para ir de 0 a 100 km/h.
Carro está registrado em nome de empresa. O veículo consta como propriedade da F. Andrade, empresa cujo dono é Fernando Sastre de Andrade, pai do suspeito. Aberta desde 1993, segundo a Receita Federal, a empresa atua no comércio de materiais de construção.
Suspeito é sócio do pai e de parentes em empresa do ramo de construção. Andrade Filho consta como sócio-administrador da Sastre Empreendimento Imobiliário, cujas atividades incluem incorporação de empreendimentos imobiliários, compra, venda, aluguel e loteamento de imóveis. A empresa tem endereço e atuação na zona leste de São Paulo.