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Diretor que comandava presídio de Mossoró (RN) no dia da fuga é dispensado

Presídio Federal de Mossoró Imagem: Reprodução Secretaria Nacional de Políticas Penais

Do UOL, em São Paulo

04/04/2024 19h57Atualizada em 05/04/2024 07h27

O Ministério da Justiça decidiu dispensar definitivamente Humberto Gleydson Fontinele do cargo de diretor do presídio federal de Mossoró (RN). Ele comandava a prisão no dia da fuga de dois detentos da unidade, em 14 de fevereiro. A informação foi confirmada ao UOL.

O que aconteceu

Decisão ocorre no mesmo dia em que os fugitivos foram recapturados pelas autoridades. Rogério da Silva Mendonça, 33, e Deibson Cabral Nascimento, 35, foram encontrados após 50 dias de buscas.

Fontinele foi afastado do cargo no dia 14 de março, um mês após a fuga. Ele foi substituído interinamente pelo ex-diretor da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) Carlos Luis Veira Pires. Não foi informado, porém, se ele assumirá o presídio de Mossoró definitivamente.

Humberto Gleydson Fontinele havia sido nomeado para a direção da unidade prisional em abril de 2023. A nomeação foi feita por Ricardo Capelli, então secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Dispensa deverá ser oficializada na edição do Diário Oficial da União de sexta-feira (5).

Quem é Humberto Gleydson Fontinele?

Fontinele se formou em direito em 2016. Segundo currículo disponível no site da Secretaria Nacional de Políticas Penais, ele fez a graduação na Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi, em Mossoró (RN).

Em 2023, Fontinele cursava duas pós-graduações. Uma era de Gestão do Sistema Prisional, com previsão para conclusão em maio de 2023, e outra de Direito Penal e Processo Penal, com término previsto para dezembro do mesmo ano. Não há informações se o agora ex-diretor concluiu os cursos.

Ex-diretor atuou como chefe da área de tecnologia e informação do presídio federal de Mossoró. Ele também trabalhou como chefe da divisão de inteligência e, em 2017, foi diretor substituto, ambas as funções foram realizadas na penitenciária federal de Mossoró.

Entenda o caso

Após 50 dias de buscas, os dois detentos que escaparam do presídio de segurança máxima foram encontrados em Marabá (PA). Os fugitivos e outros quatro homens estavam na capital Belém e foram capturados quando se deslocavam em três carros.

Rogério e Deibson estavam em veículos diferentes e eram escoltados. Os carros com os membros da facção Comando Vermelho do Acre eram conduzidos por comparsas dos fugitivos, segundo a PF.

PF apreendeu um fuzil com os fugitivos — que planejavam deixar o Pará quando foram capturados. Segundo o ministro Ricardo Lewandowski, em entrevista coletiva na tarde desta quinta, a dupla pretendia fugir para o exterior.

O grupo foi recapturado em uma ação conjunta entre a PF e a PRF na BR-222. A ação ocorreu nas imediações de uma ponte rodoferroviária após trabalho de inteligência da PF com apoio da PRF para fazer o bloqueio. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, está detalhando a ação nesta tarde.

Rogério da Silva Mendonça (esq) e Deibson Cabral Nascimento (dir) foram recapturados pela PRF Imagem: Divulgação/Polícia Rodoviária Federal

Quem são os fugitivos

Fugitivos são "matadores do CV", diz a polícia. Fontes ouvidas pela reportagem indicam que os fugitivos não integram o alto escalão da facção e que são conhecidos por serem encarregados por assassinatos de pessoas no "tribunal do crime". O UOL não localizou os advogados deles.

Os dois detentos estiveram em rebelião em presídio do Acre em 2023. Deibson e Rogério foram então transferidos para a unidade federal de Mossoró em julho do ano passado.

Deibson cumpria pena de 81 anos de prisão. Conhecido como Tatu, ele tem o nome ligado a mais de 30 processos e responde por crimes como tráfico de drogas, organização criminosa e roubo por assalto a mão armada.

Rogério foi condenado a 74 anos de prisão e responde a mais de 50 processos. Conhecido como Martelo, ele tem uma suástica tatuada na mão e é acusado de homicídio qualificado, roubo e violência doméstica.

Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento foram capturados em ação conjunta entre PF e PRF Imagem: Reprodução

Como foram as buscas

Em um primeiro momento, forças policiais federais e estaduais fizeram buscas num raio de 15 quilômetros de distância do presídio federal. Lewandowski anunciou em 19 de fevereiro o emprego de mais cem agentes da Força Nacional para atuar nas buscas. A corporação saiu da área em 29 de março.

Secretarias de Segurança Pública de três estados anunciaram que estavam atuando juntas para fiscalizar divisas. Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará aumentaram o policiamento terrestre e aéreo da região. A Interpol foi alertada.

Roupas e pegadas foram encontradas por equipes da força-tarefa dois dias depois da fuga. Calçados e camisetas — que podem ser dos dois fugitivos — foram localizados em uma área rural de Mossoró. Com isso, as buscas se intensificaram na região próxima à penitenciária.

Diversas pessoas foram presas em flagrante por suspeita de ajudar os fugitivos. Na primeira semana de buscas, duas foram presas em flagrante e outra preventivamente. Em 22 de fevereiro, a Polícia Federal cumpriu nove mandados de busca e apreensão nas cidades de Mossoró, Quixeré (CE) e Aquiraz (CE) contra possíveis envolvidos no fornecimento de apoio aos foragidos.

04.abr.2024 - Carros em que estavam os fugitivos de Mossoró e seus comparsas no momento da prisão Imagem: Arte UOL/Divulgação PRF

Luminária, teto e tapume: como foi a fuga

Detentos abriram parede de presídio de Mossoró e fugiram por área próxima da luminária da cela. Deibson e Rogério fugiram pelo telhado da penitenciária na madrugada de quarta-feira cinzas (14 de fevereiro).

Lewandowski elencou uma série de falhas nos protocolos de segurança na unidade. Segundo o secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, o presídio passava por uma obra de manutenção, es presos teriam tido acesso às ferramentas utilizadas na reforma — que não estavam trancadas.

Defeitos na construção do presídio também foram apontados. A saída pelo teto teria sido possível porque o prédio é de alvenaria e não de concreto. Câmeras e luzes não estavam funcionando adequadamente.

Imagem mostra buraco em parede de unidade prisional por onde teriam saído fugitivos Imagem: Divulgação / Ministério da Justiça

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