Conteúdo publicado há 28 dias

Lewandowski: Fugitivos voltarão para prisão de Mossoró com inspeção diária

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, informou hoje que os dois presos que fugiram da penitenciária federal de Mossoró (RN) voltarão para a mesma unidade prisional, que está passando por reformas.

O que aconteceu

Após 50 dias de buscas, os dois detentos foram encontrados e presos hoje em Marabá (PA), a cerca de 1.600 km de Mossoró. Foi a primeira fuga de um presídio de segurança máxima do país.

Lewandowski afirmou que os dois homens ficarão separados na cadeia, "totalmente reformulada". "Haverá inspeção diária e a direção foi trocada. De lá, certamente não se evadirão [de novo]", afirmou o ministro em entrevista no Palácio da Justiça, após a captura.

Os dois foram encontrados com "escolta" e portavam um fuzil, mas não ofereceram resistência. "Houve inicialmente um esboço de uma reação, com um fuzil apontado para nossos policiais, mas, frente à ação das nossas equipes, um grupo tático preparado, permitiu que a ação fosse sem uma reação", afirmou Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal.

Não foi disparado um tiro, não houve feridos, não houve mortos. Seja por parte da polícia, dos criminosos ou da população em geral. Foi um trabalho de pura inteligência.
Ricardo Lewandowski, sobre a captura dos presos

Segundo o secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, não só a unidade de Mossoró como as outras quatro prisões federais passaram por reformas desde a fuga. "Trocamos o sistema de iluminação e 10 mil câmeras foram adquiridas", afirmou o secretário. "O sistema penitenciário federal não é mais o mesmo desde a data [da fuga]."

O ministro da Justiça também disse que os dois homens planejavam fugir para o exterior. Ele disse não saber, no entanto, para que país eles iriam. O Pará, onde foram encontrados, faz fronteira com Guiana e Suriname.

Lewandowski explicou que os fugitivos foram localizados após a operação trocar de estratégia. "A mudança da estratégia consistiu em sairmos da busca física, por assim dizer, e trabalhar na parte da inteligência, sobretudo a parte do inquérito aberto pela PF de Mossoró."

O ministro da Justiça negou que tenha sofrido pressão do Planalto. "É claro que a interlocução com o Palácio do Planalto e com outras autoridades, inclusive com o Congresso Nacional, é sempre bem-vinda. Recebi um telefonema do presidente Lula nos dando os parabéns. Ele está, obviamente, muito satisfeito não pelo sucesso do ministro, mas pelo sucesso do Estado brasileiro".

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Prazo para captura dos fugitivos foi razoável, segundo o ministro. "Diria que segue os paradigmas internacionais de localização de fugitivos de penitenciárias. Não chegamos a dois meses. Um país de dimensões continentais, o local onde eles se refugiaram era um local de mata."

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Imagem: Arte/UOL

Captura dos fugitivos

O grupo foi recapturado em uma ação conjunta entre a PF e a PRF na BR-222. A ação ocorreu nas imediações de uma ponte rodoferroviária. Um dos fugitivos foi capturado pela PRF. O outro, pela PF. O Ministério da Justiça e da Segurança Pública montou uma força-tarefa de cerca de 500 agentes para encontrar Rogério da Silva Mendonça, 33, e Deibson Cabral Nascimento, 35, após a fuga em 14 de fevereiro.

Os fugitivos e outros quatro homens estavam na capital Belém e foram capturados quando se deslocavam em três carros para Marabá. Rogério e Deibson, que integram a facção Comando Vermelho do Acre, estavam em veículos diferentes — que eram conduzidos pelos comparsas — e tinham outro carro na "escolta", segundo a PF.

Fugitivos apontaram fuzil para policiais, segundo o diretor-geral da Polícia Federal. "Houve esse esboço de uma reação com um fuzil apontado para os policiais. Mas a ação das nossas equipes, e lá estava o nosso grupo de pronta intervenção, que é um grupo tático e preparado para esse tipo de circunstância, permitiu que a ação fosse sem uma reação, disse Andrei Passos Rodrigues em entrevista após o pronunciamento de Lewandowski.

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Quem são os fugitivos

Fugitivos são "matadores do CV", diz a polícia. Fontes ouvidas pela reportagem indicam que os fugitivos não integram o alto escalão da facção e que são conhecidos por serem encarregados por assassinatos de pessoas no "tribunal do crime". O UOL não localizou os advogados deles.

Os dois detentos estiveram em rebelião em presídio do Acre em 2023. Deibson e Rogério foram então transferidos para a unidade federal de Mossoró em julho do ano passado.

Deibson cumpria pena de 81 anos de prisão. Conhecido como Tatu, ele tem o nome ligado a mais de 30 processos e responde por crimes como tráfico de drogas, organização criminosa e roubo por assalto a mão armada.

Rogério foi condenado a 74 anos de prisão e responde a mais de 50 processos. Conhecido como Martelo, ele tem uma suástica tatuada na mão e é acusado de homicídio qualificado, roubo e violência doméstica.

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