'Coei café direto no copo Stanley, explodiu e tive queimadura de 2º grau'

Uma jovem, de 22 anos, sofreu uma queimadura de segundo grau no braço após tentar coar o café direto em um copo Stanley. A publicitária Larissa Carvalho fez um vídeo sobre o acidente para alertar outras pessoas e viralizou no TikTok.

O que aconteceu

De acordo com Carvalho, ela tentou fazer o café direto no copo térmico para ter mais agilidade, mas acabou surpreendida por uma explosão de água fervendo.

"Assim que a água pegou na minha pele, já fez uma bolha que estourou na hora", relembrou em entrevista ao UOL.

O caso aconteceu na manhã do dia 25 de fevereiro, quando a moradora do interior de São Paulo estava com o namorado em um imóvel no Guarujá, no litoral paulista. O casal estava se preparando para ir até a capital assistir a uma partida de futebol quando o acidente aconteceu.

Com pressa, eu fui passar o café e coloquei a leiteira no fogão para esquentar a água. Então, peguei o coador, daqueles tradicionais brasileiros de plástico, e coloquei em cima do copo Stanley.

Ela contou que usou um copo pequeno da marca e ele ficou intacto após o acidente. "Demorou um tempo e fez uma explosão que voou água, café, tudo", relembrou a mulher.

Ainda segundo Carvalho, a água atingiu diversas partes do corpo dela, mas apenas o braço queimou. "A pele foi para cima na hora".

Socorro

Apesar do susto, a publicitária chegou a pensar que não fosse nada grave. "Minha reação na hora foi achar que não era nada muito sério até eu perceber que a dor estava insuportável e não estava passando por nada", disse a mulher.

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Após pedir ajuda para o companheiro que estava na casa, a jovem decidiu colocar o ferimento debaixo de água corrente. No entanto, ela não viu melhora e o namorado notou que seria necessário auxílio médico.

O casal seguiu em direção a um hospital, onde a queimadura foi classificada como de segundo grau. "Esse tempo de estar em casa até chegar no hospital e tomar medicação foi um horror", afirmou a publicitária, que chegou a ter queda de pressão momentos após o acidente.

Após o episódio, Larissa Carvalho fez um vídeo contando o ocorrido e compartilhou no TikTok.

"O meu objetivo mesmo foi alertar as pessoas", enfatizou Carvalho, que relatou ter recebido centenas de comentários positivos e negativos.

Classificação de queimaduras

A médica dermatologista Geisa Costa explicou ao UOL que queimaduras são classificadas em três graus, com base na gravidade da lesão e profundidade do dano tecidual.

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Caracterizada por vermelhidão, dor e inchaço, a queimadura de primeiro grau afeta apenas a camada externa da pele, chamada de epiderme.

Já a lesão de segundo grau, diagnosticada em Carvalho, afeta as camadas externa e subjacente da pele. "Pode causar bolhas, vermelhidão intensa, dor e inchaço", explicou a especialista.

Enquanto isso, a queimadura de terceiro grau afeta todas as camadas da pele e pode causar danos nos nervos, músculos e ossos. "Com pouca ou nenhuma dor devido à destruição dos receptores de dor", disse a médica.

Como agir em acidentes

Ao identificar uma queimadura, é necessário avaliá-la. Segundo a dermatologista, em caso de ferimentos pequenos (menores que 3 polegadas de diâmetro), a orientação é resfriar a área com água fria corrente por aproximadamente dez minutos e aplicar um curativo limpo.

Porém, a indicação para queimaduras maiores é atendimento médico imediato.

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"Não aplique gelo diretamente na queimadura, pois isso pode causar danos adicionais aos tecidos", orientou a médica.

De acordo com Geisa Costa, também não é indicado usar algodão ou materiais aderentes na queimadura. "Podem grudar na pele e causar mais danos ao removê-los".

Estourar bolhas não é recomendado nessas situações, pois o ato aumenta o risco de infecção.

Ainda segundo a médica, queimaduras do mesmo grau em que a publicitária sofreu requerem atenção. "É fundamental procurar atendimento médico adequado para queimaduras de segundo grau, especialmente se forem extensas, localizadas em áreas sensíveis ou se houve sinais de infecção", finalizou Geisa Costa.

Explosão

Larissa Carvalho relatou o caso para a marca do copo usado na explosão, mas não obteve retorno. Apesar disso, ela crê que tudo não passou de um acidente. "Não foi culpa da empresa em si, só fiz um alerta mesmo para as pessoas não fazerem isso", disse.

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Ao UOL, especialistas explicaram o que pode ter causado a explosão. Para o químico doutor em Ciências da Saúde, Hirochi Yamamura, o relato de Larissa sugere que houve a formação de um vácuo.

Devido ao formato do copo e com a acomodação desse líquido, houve um lançamento de parte do mesmo. Como a água estava quente, esse processo é mais violento. Hirochi Yamamura

Enquanto isso, o químico engenheiro industrial e de segurança do trabalho, Élio Lopes Santos, apontou três hipóteses. Para ele, o problema pode ter sido ocasionado por desgastes do copo ou por ele ter vindo com defeito de fabricação. No entanto, o acidente pode ter ocorrido por um fenômeno.

Ela pode ter jogado o pó de café sobre a água, formando um tampão. A água ferveu, formou vapor, que repentinamente foi expelido, como se fosse uma abertura de champanhe. Esse fenômeno chama-se 'boil over' (explosão por ebulição). Élio Lopes Santos

Em nota, a Stanley confirmou que foi procurada pela consumidora, e que, na sequência, tentou contato duas vezes, por e-mail e telefone, mas não obteve resposta dela. Apesar disso, a marca informou que seguirá tentando retorno e está à disposição da cliente.

Questionada, a Stanley informou que o copo não foi projetado para essa forma de uso.

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O produto usado faz parte da linha bar e pode ser usado com bebidas quentes, mas não é indicado coar o café direto nele, como foi feito, pois não foi projetado para ser usado desta forma.

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