Piripaque devastador: como agem drogas K, que podem ter matado presos em MG
Do UOL, em São Paulo
11/04/2024 12h40
Seis presos que morreram nos últimos meses no Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves (MG), podem ter sofrido overdose de drogas K. A suspeita é investigada pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública do estado.
O canabinoide sintético —ou "maconha sintética"— é conhecido como K2, K4 e K9. E, segundo órgãos internacionais de saúde, já foram identificadas mais de 300 variedades da nova droga, que causa um "efeito zumbi" nos seus usuários.
Os efeitos das drogas K
As drogas K têm várias formas de consumo: como erva —para fumo, na forma líquida— para ser borrifada em papeis, ou em forma de selos, para dissolver embaixo da língua.
O efeito que tem chamado a atenção de quem usa é a taquicardia, junto com a sensação de infarto. Em 2023, uma criança de 12 anos morreu quando usava K2 em Diadema, na Grande São Paulo.
O usuário também fica com braços "congelados", pés contraídos e rosto desfigurado. Disso, surgiu a descrição "efeito zumbi" ou "piripaque do Chaves". O efeito devastador dura menos tempo do que o da maconha, e, como o pico é alcançado em 5 minutos, há um risco muito maior de dependência.
A sensação era de euforia, mas não conseguia andar ou ter controle do meu corpo, dos braços ou das pernas. Fiquei desgovernado, me jogando de um lado para o outro. A brisa não é gostosa, dura 10 minutos e já vicia. Ou você morre dormindo... ou morre sem conseguir pedir ajuda.
Cléber, de 22 anos, ex-usuário, entrevistado pelo UOL em 2023
Os efeitos das drogas K:
- alucinações auditivas e visuais,
- agitação, ansiedade, hipertensão,
- infarto agudo do miocárdio,
- convulsões,
- paralisia,
- psicose, depressão e ideação suicida, incluindo morte.
As substâncias sintéticas das drogas K agem no mesmo receptor do THC (substância psicoativa da maconha). Elas afetam tanto o sistema nervoso central quanto o sistema nervoso periférico.
Entenda mais sobre a morte dos presos
Seis presos morreram entre dezembro de 2023 e abril de 2024 em Ribeirão das Neves (MG), no Presídio Antônio Dutra Ladeira, segundo nota enviada pela Sejusp ao UOL.
A Secretaria destaca que ainda não há confirmação sobre a causa das mortes, mas a hipótese de overdose de drogas K é investigada pelo Depen de Minas e pela Polícia Civil.
Outros sete detentos morreram no Presídio Inspetor José Matinho Drumond, na mesma cidade, mas a Secretaria afirma que elas são relacionadas ao possível uso de drogas. "Em nenhuma das ocorrências os presos apresentavam lesões aparentes", completa o comunicado.
*Com informações de matérias publicadas em 30/03/2023; 30/03/2023; 06/04/2023.