Socialite do Chopin tem mansão de R$ 15 milhões; família relata 'invasão'

Regina Gonçalves, 88, moradora do tradicional edifício Chopin, em Copacabana, na zona sul do Rio, acusa o ex-motorista e companheiro de cárcere privado. Além de ser dona de dois apartamentos no prédio que faz divisa com o Copacabana Palace, ela também é proprietária de mansões e obras de arte valiosas em São Conrado, zona sul carioca.

Herança e propriedades

Só no condomínio Capuri, em São Conrado, ao lado do Gávea Golf, a socialite tem quatro imóveis. O preferido da viúva vale entre R$ 15 e R$ 20 milhões, e foi presente do marido, o fazendeiro e dono dos baralhos Copag, Nestor Gonçalves.

O imóvel, com área de 20 mil metros quadrados, tem suítes, garagem, piscina, salão de festas, cozinhas, sala de jogos e um anexo para funcionários.

A mansão abriga obras artísticas de Portinari, Anita Malfatti, Miro, Heitor do Prazeres, Di Cavalcante, Tarsila do Amaral, Palatinik e a maior coleção particular do Bruno Giorgi, comprada da falecida Baronesa Alvarenga Amaro, junto a peças que pertenceram à família real brasileira.

Após fugir de casa em janeiro e acusar seu companheiro José Marcos Chaves Ribeiro, 53, de violência psicológica, doméstica e ameaça, Regina retornou ao Chopin. José está na mansão de São Conrado, segundo a família da socialite.

Eles tinham união estável e, mesmo após a denúncia, ele continua sendo o curador da idosa.

Sumiço da socialite Regina Gonçalves, 88, deixou amigos preocupados
Sumiço da socialite Regina Gonçalves, 88, deixou amigos preocupados Imagem: Reprodução

"Essa casa foi designada para o José Marcos residir nela, então ele que é o atual responsável pelo imóvel. Recebi ligações de funcionários dizendo que o imóvel estava sendo invadido e que viram dois caminhões com obras de arte saindo da mansão. Também fui informado que ele alugou parte do imóvel para ser usado como casa de festa, mas ele nunca teve autorização para isso. Minha tia ama aquela casa, foi o primeiro imóvel que o falecido marido deu de presente para ela, então existe um carinho muito grande por aquele lugar", disse Carlos Queiroz, sobrinho de Regina, que estava com a curatela provisória da socialite até a última quinta-feira (25), mas acabou perdendo para José.

Além das quatro mansões, a socialite possui uma nascente de água mineral que abastece parte do condomínio de São Conrado e também herdou os dois apartamentos no Chopin, onde costumava dar festas e receber os amigos.

Continua após a publicidade
Imóvel preferido da socialite no condomínio Capuri, em São Conrado
Imóvel preferido da socialite no condomínio Capuri, em São Conrado Imagem: Arquivo pessoal

Segundo a família, ela está lúcida, mas ficou traumatizada. Regina está sendo acompanhada por médicos, psiquiatras e está tomando medicamentos para o coração e anticoagulante.

"Nós tememos pela vida dela. Após as reportagens, toda a família ficou muito preocupada, estão mandando mensagem de apoio e eu que estou aqui perto dela, dando auxílio. Ela sempre falou que ele cuidava bem dela, mas na realidade ela foi muito maltratada. Ele [José Marcos] não alimentava direito minha tia, quando chegamos lá a geladeira estava vazia. Ao longo desses anos ele trocou os funcionários para outras pessoas de confiança dele e foi limando o contato da família", disse o sobrinho.

A socialite já está em casa, recebeu a visita de algumas amigas e planeja receber um grupo seleto de pessoas no dia do show da Madonna, para relembrar os velhos tempos em que fazia grandes eventos —dessa vez, com algo mais intimista.

"Minha tia está respondendo tudo com cautela, está bem amedrontada ainda, foi uma experiência traumática. Ela está lúcida, sã, mas é uma senhora de 88 anos que foi dopada por anos. Aos poucos ela está voltando a ser feliz e ser quem ela era", reforçou Carlos.

A idosa está sendo acompanhada 24 horas por dia e recebendo o apoio da família — o sobrinho, o único irmão vivo e a cunhada. "Ela não vai mais ficar longe da nossa vista. Estamos cuidando junto com meu tio e minha tia e, assim que a Justiça permitir, vamos colocar algum imóvel dela para alugar, para continuar mantendo os padrões de vida que ela sempre teve, já que o José Marcos zerou todas as contas", disse ele.

Continua após a publicidade

Regina Gonçalves não teve filhos e, quando seu marido faleceu, em 1994, ele deixou uma herança de US$ 500 milhões (mais de R$ 2,5 bilhões no valor atual).

Em uma das grandes festas promovidas por Regina em 2011, José Marcos, até então o motorista, estava no evento com mais de 300 pessoas. Ele é de Minas Gerais e conseguiu o trabalho em 2010, após a indicação de uma prima de terceiro grau da socialite.

Defesa nega acusações

Ao UOL, o advogado Bruno Saccani, que representa José Marcos, negou as acusações da família e enviou fotos com a intenção de comprovar que os dois eram um casal e que Regina nunca esteve em cárcere privado.

"Estão sendo induzidos a erro e impulsionados a participar de uma farsa engendrada por pessoas que há décadas tentavam insistentemente imiscuir-se no patrimônio da suposta vítima e, agora, aproveitando-se de sua (comprovada) incapacidade cognitiva, conseguiram forjar uma trama sórdida utilizando indevidamente os mecanismos da lei Maria da Penha. Inicialmente, importante destacar que a suposta vítima é pessoa idosa, contando com 88 anos de idade e que em nenhum momento prestou depoimento ou se manifestou isoladamente. Tal situação se afigura relevante porque será amplamente demonstrado que estamos diante de uma injustiça sem precedentes, na medida em que as acusações consistem em farsa arquitetada pelas pessoas próximas à Sra. Regina", disse a nota.

Em outra parte do documento, o advogado diz que os dois viviam como casal desde 2010 e, em 2021, formalizaram uma união estável. A defesa de José Roberto diz ainda que Regina desenvolver um quadro demencial.

Continua após a publicidade

"Infelizmente a suposta vítima, após alguns sinais que passou a demonstrar há alguns meses, desenvolveu rapidamente debilidade compatível com quadro demencial (...) com déficit cognitivo grave, não se encontrando em condições de sanidade física e mental para exercer, por si só, os atos da vida civil, como consta em laudo médico anexo. (...) Como se infere do laudo médico (...) o perito avaliou e atestou clinicamente a absoluta incapacidade da Sra. Regina para cognição e tomada de decisões e prática de atos da vida civil, em decorrência do avançado quadro de demência que a acomete, diz o documento da defesa.

Sobre a suposta fuga de Regina em 2 de janeiro, a defesa afirma que foi resultado notadamente de "um surto decorrente de seu frágil e confuso estado mental".

A socialite disse que iria até a casa de seu irmão, Benedicto Júlio Lemos, para cobrar um documento que ele teria furtado. Desde então, o advogado de José Marcos diz que ele fez contato com a família, mas a mulher não retornou mais para casa.

O caso de Regina e José Marcos corre em segredo de Justiça.

Deixe seu comentário

Só para assinantes