Jamil Chade

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Como Amal Clooney foi decisiva no pedido de prisão de Netanyahu

O pedido de prisão formulado contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e contra os líderes do Hamas teve a participação da advogada de direitos humanos Amal Clooney. Ela foi uma das especialistas consultadas pelo procurador do TPI (Tribunal Penal Internacional), ao lado de uma equipe composta por alguns dos maiores juristas em direito internacional.

Na segunda-feira, o procurador Karim Khan fez o pedido de prisão, que agora precisará ser avaliado pelos juízes da Corte, com sede em Haia. Fontes do TPI afirmaram à coluna que o aval dos juristas foi determinante para a ação de Khan.

Amal Clooney estava sendo criticada por não sair em defesa dos palestinos. Mas, depois da decisão de Khan, explicou sua posição.

Num comunicado da Fundação Clooney para Justiça, a especialista explicou que, no início do ano, o procurador solicitou que ela o "ajudasse a avaliar as evidências de supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Israel e Gaza".

"Concordei e me juntei a um painel de especialistas jurídicos internacionais para realizar essa tarefa. Juntos, nos envolvemos em um extenso processo de revisão de provas e análise jurídica, inclusive no Tribunal Penal Internacional em Haia", disse ela.

O procurador Khan, ao anunciar sua decisão, explicou que o painel era composto por especialistas com "imensa reputação" no direito internacional.

O que disse Amal Clooney

"Apesar de nossas diversas formações pessoais, nossas conclusões jurídicas são unânimes. Determinamos por unanimidade que o tribunal tem jurisdição sobre crimes cometidos na Palestina e por cidadãos palestinos. Concluímos unanimemente que há motivos razoáveis para acreditar que os líderes do Hamas, Yahya Sinwar, Mohammed Deif e Ismail Haniyeh, cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade, inclusive sequestro de reféns, assassinato e crimes de violência sexual", declarou a jurista.

"Concluímos unanimemente que há motivos razoáveis para acreditar que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ministro da defesa israelense, Yoav Gallant, cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade, incluindo a fome como método de guerra, assassinato, perseguição e extermínio", explicou.

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Amal ainda indicou que participou desse painel por "acreditar no Estado de Direito e na necessidade de proteger a vida dos civis". "A lei que protege os civis na guerra foi desenvolvida há mais de 100 anos e se aplica em todos os países do mundo, independentemente dos motivos do conflito", disse.

"Como advogado de direitos humanos, jamais aceitarei que a vida de uma criança tenha menos valor do que a de outra. Não aceito que qualquer conflito esteja fora do alcance da lei, nem que qualquer agressor esteja acima da lei. Portanto, apoio a medida histórica que o promotor do tribunal penal internacional tomou para fazer justiça às vítimas de atrocidades em Israel e na Palestina", declarou.

Ela assinou uma coluna nesta semana no Financial Times, qualificando a decisão de Khan como "um marco na história do direito penal internacional".

Quem é Amal Clooney

Advogada na influente Doughty Street Chambers, Amal Clooney se envolveu em outros conflitos internacionais e representou centenas de vítimas de violência e agressão em massa. Em 2022, a advogada de 46 anos falou perante as Nações Unidas sobre o conflito na Ucrânia, que ela descreveu como uma guerra de "massacre".

Ela é casada com o ator George Clooney.

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