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Nível do Guaíba ultrapassa recorde de 1941 após chuvas no RS

Trabalho do Corpo de Bombeiros na contenção das águas elevadas do Guaíba Imagem: 3.4.2024 - Lauro Alves/Secom

Do UOL, em São Paulo

03/05/2024 21h46Atualizada em 04/05/2024 06h25

O nível do Guaíba, em Porto Alegre, atingiu 4,96 metros de altura na madrugada deste sábado (4), ultrapassando o recorde da maior cheia registrada até então, de 4,76 metros, em 1941, quando inundou grande parte do centro da capital gaúcha. Temporais já deixaram pelo menos 41 mortos, além de 68 desaparecidos, centenas de ilhados e milhares de desabrigados no Rio Grande do Sul.

O que aconteceu

A informação foi disponibilizada pela Defesa Civil, que informou que uma nova medição foi realizada no Gasômetro às 4h deste sábado.

O recorde já havia sido ultrapassado às 21h de sexta-feira (3), quando o nível do Guaíba chegou a 4,77 metros de altura.

Governador disse que nível de rio pode chegar a 5 metros de altura. Em entrevista coletiva na noite de quinta-feira (2), Eduardo Leite (PSDB) declarou que a situação é "absurdamente excepcional": "Não é simplesmente apenas mais um caso crítico. É o mais crítico que, provavelmente, o estado terá registro em sua história". O Guaíba recebe as águas de diferentes bacias hidrográficas afetadas pelos temporais, como Taquari e Caí.

Após 1941, nas décadas seguintes, o limite de três metros só foi ultrapassado em três ocasiões. Sendo elas: em setembro de 1967 (3,11 metros), setembro de 2023 (3,18 metros) e novembro de 2023 (3,46 metros).

Alerta da Defesa Civil do RS mostra risco de inundação ou inundação severa em todo o estado Imagem: Defesa Civil do RS

Operação de resgate conta com 18 aeronaves e já resgatou oito mil pessoas. Mas, a Defesa Civil do estado informou há muita gente ilhada, já que as condições meteorológicas não são favoráveis. Há famílias que estão há 72 horas sem acesso à alimentação e água potável, segundo informação do coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Boeira. "Temos dificuldades operacionais, não é só chuva, é neblina, também que tira a capacidade de chegar em alguns lugares", justificou o governador.

Estado de calamidade pública. O governador decretou estado de calamidade pública na noite de quarta (1º), com prazo de 180 dias. As chuvas e enchentes foram classificadas como desastres de nível 3, "caracterizados por danos e prejuízos elevados". Todo o estado foi colocado sob alerta de inundação ou inundação severa.

Mortes devem aumentar, diz governador

Foto aérea mostra área alagada na cidade de Encantado, no Rio Grande do Sul, após fortes chuvas Imagem: 30.abr.2024-Gustavo Ghisleni / AFP

Na quinta-feira (2), o governador lamentou as mortes e ressaltou que números devem aumentar. "Infelizmente sabemos que esses números vão aumentar. Temos mais de 60 desaparecidos registrados e mesmo esse número tende a ser maior. Sabemos que há pessoas desaparecidas em lugares inacessíveis", afirmou.

Com a queda de barreiras e destruição de estradas, há comunidades isoladas e incomunicáveis. Familiares de moradores das cidades de Relvado, Encantado e Caxias do Sul, por exemplo, relatam que estão há dias sem conseguir contato com eles. Há municípios inteiros sem água ou luz.

Aulas de escolas estaduais e da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) estão suspensas. As atividades acadêmicas da UFSM não funcionarão do dia 6 a 10 de maio. ''A decisão foi tomada em função das fortes chuvas no nosso Estado, que ocasionaram estragos diversos. Inclusive, houve o rompimento da fibra ótica externa que garante o funcionamento do sistema de internet e portais da UFSM'', informou a gestão da Universidade.

Temos que ter clareza, pessoal aqui da Região Metropolitana, Porto Alegre, Guaíba, Eldorado, Barra do Ribeiro, as ilhas aqui de POA, a região sul do município, insisto, pessoal: será pior do que qualquer enchente que vocês tenham visto aqui no município. Será pior do que a pior enchente já registrada que é a de 1941. Por isso é importante deixar as zonas de risco.
Eduardo Leite

Rompimento de barragem

Na quinta (2), a barragem 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, rompeu parcialmente. A Defesa Civil alertou sobre o "processo de colapso" por volta das 15h50.

Com o rompimento, uma onda de dois metros de altura atingiu a região de Bento Gonçalves. Segundo o prefeito Diogo Segabinazzi Siqueira (PSDB), as equipes tiveram pouco tempo para evacuar. A onda passou pela comunidade rural de Linha Alcântara, disse, onde há famílias isoladas, e seguiu em direção aos municípios de São Valentim do Sul e Santa Tereza.

Moradores foram orientados a deixar a região e subir para locais ao menos seis metros acima do nível dos rios. A informação foi dada pelo vice-governador Gabriel Souza em vídeo publicado nas redes sociais. A ombreira direita, uma das laterais onde a barragem está apoiada, foi rompida, e a expectativa é de que a vazão da água ocasione o rompimento total, disse.

Barragem 14 de Julho: rompimento parcial Imagem: Reprodução / Redes sociais

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