'É o pior desastre já registrado na história do RS', diz Eduardo Leite
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou nesta sexta-feira (3) que o estado vive o pior desastre já registrado.
O que aconteceu
Temporais deixaram pelo menos 41 mortos no RS. Há 39 mortos e 68 desaparecidos confirmados no último boletim da Defesa Civil do RS, divulgado às 18h desta sexta-feira (3). Às 20h, mais duas mortes foram confirmadas pelo Corpo de Bombeiros de Gramado. No total, a cidade tem seis óbitos
Eduardo Leite alertou população para não se aproximar de locais inundados. Ele listou regiões próximas ao rio Guaíba, além da zona sul de Porto Alegre, 4º Distrito, aeroporto, região central da capital e as cidades de Eldorado e Guaíba. "Eu sei que as pessoas ficam curiosas, querem saber, mas nesse momento buscar, como curioso, estar perto de lugares que estão inundando pode ser também algo de alto risco. Então, a gente pede que as pessoas levem a sério os alertas que estão emitidos e que se coloquem em segurança", pediu.
O governador afirmou que deslizamentos e alagamentos ainda podem acontecer por causa do volume de chuva nos últimos dias. "É o pior desastre já registrado na história do RS. Talvez um dos maiores desastres que o país tenha registrado na história recente". Atualizações foram feitas em entrevista coletiva realizada nesta sexta-feira na sede do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre.
Nível de água do rio Taquari, uma das regiões mais atingidas, está baixando. O rio atingiu o maior nível da história ao ultrapassar a marca de 31 metros na madrugada da quinta-feira (2). O recorde anterior era de 29,9 metros, registrado em 1941. No ano passado, mais de 80 pessoas morreram no estado, vítimas de três enchentes e eventos menores.
Ao todo, 265 dos 497 municípios gaúchos foram afetados pelas fortes chuvas que se estenderam desde o início da semana. Há 24 mil pessoas desalojadas, 8.168 em abrigos e 74 feridos, além de 39 mortos e 68 desaparecidos. No último balanço, a Defesa Civil havia informado que havia 74 desaparecidos. A gestão não detalhou a diminuição do número para 68.
Operação de resgate conta com 18 aeronaves e já resgatou oito mil pessoas. Mas, a Defesa Civil do estado informou há muita gente ilhada, já que as condições meteorológicas não são favoráveis. Há famílias que estão há 72 horas sem acesso à alimentação e água potável, informação é do coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Boeira. "Temos dificuldades operacionais, não é só chuva, é neblina, também que tira a capacidade de chegar em alguns lugares", justificou o governador.
Estado de calamidade pública. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), decretou estado de calamidade pública na noite de quarta (1º), com prazo de 180 dias. As chuvas e enchentes foram classificadas como desastres de nível 3, "caracterizados por danos e prejuízos elevados". Todo o estado foi colocado sob alerta de inundação ou inundação severa.
Prefeito de Porto Alegre deixou coletiva às pressas
Prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, precisou deixar a coletiva às pressas após receber informações do vazamento de um dique. Rapidamente, Melo explicou que foi informado de que a estrutura fica localizada em uma região que abrange 12 vilas populares próximo ao Arroio Feijó.
Porto Alegre decreta calamidade pública
A prefeitura de Porto Alegre decretou na noite desta quinta-feira estado de calamidade pública. O instrumento classifica o desastre como de grande intensidade, de nível 3. Decreto autoriza a administração a empregar todos os recursos e voluntários na assistência à população e restabelecimento de serviços.
Estamos atuantes de forma ininterrupta em toda a cidade, mas pedimos atenção especial da população do Centro Histórico e 4º Distrito. Evitem deslocamentos. O Guaíba está avançando e, apesar do fechamento das comportas do Cais Mauá, há a possibilidade de alagamentos nesta área.
Prefeito Sebastião Melo
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Quero receberMortes devem aumentar, diz governador
Na quinta-feira (2), o governador lamentou as mortes e ressaltou que números devem aumentar. "Infelizmente sabemos que esses números vão aumentar. Temos mais de 60 desaparecidos registrados e mesmo esse número tende a ser maior. Sabemos que há pessoas desaparecidas em lugares inacessíveis", afirmou.
Com a queda de barreiras e destruição de estradas, há comunidades isoladas e incomunicáveis. Familiares de moradores das cidades de Relvado, Encantado e Caxias do Sul, por exemplo, relatam que estão há dias sem conseguir contato com eles. Há municípios inteiros sem água ou luz.
Aulas de escolas estaduais e da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) estão suspensas. As atividades acadêmicas da UFSM não funcionarão do dia 6 a 10 de maio. ''A decisão foi tomada em função das fortes chuvas no nosso Estado, que ocasionaram estragos diversos. Inclusive, houve o rompimento da fibra ótica externa que garante o funcionamento do sistema de internet e portais da UFSM'', informou a gestão da Universidade.
Temos que ter clareza, pessoal aqui da Região Metropolitana, Porto Alegre, Guaíba, Eldorado, Barra do Ribeiro, as ilhas aqui de POA, a região sul do município, insisto, pessoal: será pior do que qualquer enchente que vocês tenham visto aqui no município. Será pior do que a pior enchente já registrada que é a de 1941. E isso vai acontecer ao longo dessa madrugada e início da manhã de amanhã, então desde já é importante deixar zonas de risco.
Eduardo Leite
Rompimento de barragem
Nesta quinta (2), a barragem 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, rompeu parcialmente. A Defesa Civil alertou sobre o "processo de colapso" por volta das 15h50.
Com o rompimento, uma onda de dois metros de altura atingiu a região de Bento Gonçalves. Segundo o prefeito Diogo Segabinazzi Siqueira (PSDB), as equipes tiveram pouco tempo para evacuar. A onda passou pela comunidade rural de Linha Alcântara, disse, onde há famílias isoladas, e seguiu em direção aos municípios de São Valentim do Sul e Santa Tereza.
Moradores foram orientados a deixar a região e subir para locais ao menos seis metros acima do nível dos rios. A informação foi dada pelo vice-governador Gabriel Souza em vídeo publicado nas redes sociais. A ombreira direita, uma das laterais onde a barragem está apoiada, foi rompida, e a expectativa é de que a vazão da água ocasione o rompimento total, disse.
A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura diz que monitora as estruturas de outras 13 barragens que estão em estado de alerta. Cinco delas já em processo de evacuação: Santa Lúcia, em Putinga; São Miguel do Buriti, em Bento Gonçalves; Belo Monte, em Eldorado do Sul; Dal Bó, em Caxias do Sul; e Nova de Espólio de Aldo Malta Dihl, em Glorinha.
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