Conteúdo publicado há 2 meses

Sob a mira de snipers: voluntário relata coação para retirar armas no RS

O investidor Nicolas Vedovatto contou hoje (17) no UOL News que foi avisado estar sob a mira de atiradores na ocasião em que diz ter sido enganado e coagido a retirar mais de 3.000 armas do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre (RS). A operação de retirada da carga milionária do terminal alagado foi concluída no dia 9 de maio.

Vedovatto afirma que foi atraído com a promessa de ajudar no resgate de crianças, mas acabou direcionado ao resgate de armas da Taurus. "Se aproveitaram da nossa bondade", disse.

Conforme o tempo foi passando, a gente foi sendo adicionado em vários grupos de WhatsApp para poder coordenar a distribuição de águas e alimentos para os abrigos e locais onde animais eram resgatados. Recebíamos denúncias de locais onde as pessoas poderiam estar precisando de alimentos e medicamentos. Até que, na quarta-feira (8), nós recebemos uns áudios de uma pessoa que se dizia um dos principais responsáveis pela organização logística dos resgates dizendo, desesperadamente, que necessitava de embarcações e que tinha uma missão extremamente sigilosa para resgatar crianças ilhadas.

Assim que fiquei sabendo disso, comecei a ir atrás das embarcações, fiz uma equipe que melhor pudesse atender essa situação, apesar de eu ter tido poucas informações. Perguntei se havia uma criança ferida para levarmos uma médica conosco, que, de fato, foi. Conseguimos dois barcos e fomos até o local onde seria o primeiro encontro.

Questionei se era em Canoas o resgate, mas ele disse que o ponto de resgate seria informado depois. Questionei o porquê e ele prontamente me respondeu que se divulgasse onde era e por ser relacionado a crianças, corria risco de todas as embarcações irem até o local e gerar tumulto. Achei plausível. Continuamos nosso caminho.

Ao chegar em um ponto de encontro, eles foram informados que, na verdade, não se tratava de um resgate de crianças.

Chegamos em um posto de combustível em Canoas, onde era um local de encontro, e me deparo com o rapaz dos áudios junto com uma mulher que se dizia funcionária da Taurus. Foi quando levamos um susto com a revelação dela de que, na verdade, não existiam crianças e que iríamos resgatar armas.

Naquele momento, a gente ficou em choque. Metade não quis mais ir e outra metade ficou preocupada em ir. Eles começaram a nos coagir, vieram com argumentos para nos comover dizendo que salvaríamos muito mais vidas evitando que essas armas caíssem nas mãos de facções, que não poderíamos mais desistir e teríamos que ficar ali até que essa operação se encerrasse porque já sabíamos do que se tratava.

Perguntei a ela: 'Olha, não me leva mal, mas como nunca te vi na vida, preciso de uma comprovação de que você é funcionária da Taurus'. Ela me apresentou a documentação, mostrou que trabalhava na Taurus, mas, mesmo assim, não foi o suficiente para deixar todo mundo tranquilo.

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Vedovatto conta que ajudou a retirar as armas do aeroporto.

O que nos tranquilizou foi que o ponto de encontro era na PRF da BR-390. Pensei: 'Se for um sequestro, eles não vão fazer na frente da Polícia Rodoviária Federal'. Chegamos lá, colocamos nosso barco na água e fomos até o armazenamento de cargas e exportações do aeroporto. Começamos a navegar e chegamos em um determinado ponto que ela falou assim: 'Não mexam mais no celular, guardem, não façam qualquer tipo de movimento brusco, porque vocês estão entrando na linha de tiro dos snipers'.

De fato, vimos atiradores de elite em cima dos prédios. Continuamos na região do aeroporto, onde vimos bastante policiais federais. Chegamos até o local de armas e, a princípio, ela disse que era algo extremamente sigiloso, que somente nós sabíamos, mas ela, a doutora [a médica], pediu colete à prova de balas para gente e foi negado essa possibilidade. Viramos escudo humano deles.

O que diz a Taurus

A Taurus é uma Empresa Estratégica de Defesa, credenciada pelo Ministério da Defesa, atua há 85 anos de acordo com as diretrizes legais e regulatórias, e esclarece que a operação de retirada das armas no aeroporto foi coordenada na parte fluvial pelo Comando de Operações Táticas da Polícia Federal (COT) e na parte terrestre com veículo de transportadora credenciada pelo Exército Brasileiro, escoltada por dois veículos de segurança privada armados e acompanhada por três viaturas da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil do Rio Grande do Sul. A conferência e manuseio das armas foram feitas por 12 funcionários da Taurus, da área de logística, devidamente capacitados. A empresa desconhece a participação de voluntários e vai levantar os fatos junto às autoridades policiais que participaram da operação.

O que diz a PF

A retirada das armas que estavam depositadas no Aeroporto Internacional Salgado Filho foi coordenada pela Polícia Federal, em articulação com a Fraport, administradora do Aeroporto Internacional Salgado Filho, e com a empresa proprietária da carga e as pessoas contratadas por ela, sendo esses, exclusivamente, os participantes envolvidos com a logística de remoção do armamento.

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A PF mobilizou o Comando de Operações Táticas (COT), especializado em missões de risco diferenciado, para garantir a segurança de todos os envolvidos na logística de retirada das armas.

Como foi a operação

A operação da Polícia Federal para retirar cerca de 3.000 armas do aeroporto foi feita para evitar saques de grupos criminosos, segundo apurou o UOL. O aeroporto está alagado e fechado por tempo indeterminado devido às enchentes que atingem o estado e já mataram mais de cem pessoas.

O COT (Comando de Operações Táticas) da PF passou a vigiar na quarta-feira (8) os arredores do aeroporto com barcos. O motivo do cerco era evitar saques em geral na área, que é de responsabilidade da PF.

A carga estava prestes a ser exportada. Segundo quatro fontes, o destino eram os Estados Unidos. A Taurus nega, e não revela qual era o destino da carga.

Tales: Querem transformar tragédia no RS em guerra entre PT e PSDB

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O colunista Tales Faria afirmou, também no UOL News de hoje (17), que a tragédia que devastou o Rio Grande do Sul pode se tornar pano de fundo para um conflito político entre PT e PSDB no Estado.

A questão política se acirrou no Estado após a nomeação de Paulo Pimenta como ministro extraordinário de reconstrução do RS. Como apurou Tales Faria, a nomeação desagradou o governador Eduardo Leite (PSDB).

Pimenta está um pouco pressionado pelo fato de ter sido indicado e sabendo-se que ele é um pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul. Ele ainda está sem saber como sair dessa cilada em que ele e o governo se colocaram.

Ele disse que 'estamos em uma guerra'. Tem que tomar cuidado. Há muita gente querendo transformar essa enchente e a solução para elas em uma guerra entre PSDB e PT. Os dois lados deveriam fugir disso. Tales Faria, colunista do UOL

Aécio: Se Datena tiver disposição, é alternativa que não podemos desprezar

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O PSDB não pode desprezar o nome de José Luiz Datena caso o apresentador realmente esteja disposto a disputar a eleição para a Prefeitura de São Paulo, disse o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG). O parlamentar negou que o partido tenha sido oportunista e disse que a sigla "está preparada para um plano B" caso Datena desista.

Surgiu o Datena, uma figura popular e que impacta nas pesquisas. Pensando pragmaticamente, ele nos dá um palanque para dizermos o que queremos ao Brasil. Se ele realmente tiver disposição de disputar as eleições embalado em um conteúdo, com quadros do PSDB ao seu lado e falando de futuro, é uma alternativa que sequer temos o direito de desprezar.
Aécio Neves, deputado federal (PSDB-MG)

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

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