Como funcionam as bombas que vão retirar água de Porto Alegre?
Porto Alegre está recebendo de outros estados bombas para retirar a água que ainda alaga a região metropolitana da cidade. São Paulo disponibilizou 18 bombas da Sabesp, a companhia de saneamento estadual; o Ceará, 8, e, Alagoas, 1.
Por que as bombas são necessárias?
O sistema de proteção de Porto Alegre contra possíveis cheias do Guaíba tinha diversos mecanismos, que não funcionaram como deveriam na última enchente.
Esse mecanismo de defesa envolve cerca de 65 km de diques e um muro de concreto de 2,67 km, além de 14 portões (comportas) e 22 estações de bombeamento de esgoto pluvial.
O sistema ficou 51 anos sem que a água do rio Jacuí tocasse o muro, até novembro de 2023. Ele foi criado em 1967 e construído na década de 1970.
Com a chuva que alagou a cidade toda, a água agora precisa sair e são as bombas que farão isso — de dentro para fora.
Como as bombas funcionam?
O equipamento consiste em um conjunto de motobomba, que é capaz de retirar a água de um lugar para o outro, com energia elétrica, mecânica e hidráulica, segundo Fernando Magalhães, engenheiro sanitarista e professor do IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Este motor tem um eixo com várias pás em uma carcaça e, ao fazer a rotação, consegue elevar a água [para que ela possa sair], já que ela não sobe por gravidade. Então, o equipamento tira a água de um lugar inferior para outro superior. Fernando Magalhães, professor do IPH
Com o equipamento, a água que está acumulada em Porto Alegre vai retornar ao Guaíba, agora que atingiu níveis mais baixos.
Tamanho e peso dificultam logística
As bombas ficam no fundo do poço, submersas, dentro das "casas de bomba", segundo Gino Gehling, também professor do IPH. "Elas succionam a água e a injetam em um tubo que descarrega no lago [Guaíba]. O comprimento desse tubo varia entre algumas dezenas de metros até mais de 100 metros", diz.
Há outros modelos de bomba e tudo isso vai depender se é submersa, flutuante, entre outras questões.
"As bombas da Sabesp, por exemplo, chegam a 10 toneladas. Há outros equipamentos menores, de 2, 4 e 6 toneladas", afirma Magalhães.
Ele diz ainda que os equipamentos não são encontrados em "qualquer lugar", o que dificulta a logística em situações como essa.
Mas isso dá uma ideia da dificuldade que é trabalhar com esse equipamento em uma situação de emergência. Fernando Magalhães, professor do IPH
Qual é a diferença das bombas enviadas?
A principal questão é que as bombas que estão chegando têm capacidade de trabalhar em uma condição de inundação. As que estavam instaladas anteriormente não conseguem fazer o mesmo.
Idealmente, as bombas deveriam ter sido trocadas por equipamentos submersos mais atuais, capaz de trabalhar nesta condição atual.
Algo muito improvável de acontecer faz com que a gente ache que aquilo não vai acontecer. Mas uma infraestrutura inteligente deve ser pensada que se isso acontecer [o improvável], como é que eu me preparo para esse evento? Isso é muito importante. Fernando Magalhães, professor do IPH