'Saudade era grande': mercado público de Porto Alegre reabre após 41 dias

O mercado público de Porto Alegre reabriu parcialmente hoje (14) em um dia ensolarado e com temperatura de 30°C. Um contraste com as chuvas que inundaram o centro histórico, deixando um dos símbolos da capital gaúcha fechado por 41 dias.

Inicialmente, apenas 15 estabelecimentos abriram as portas, o equivalente a pouco mais de 10% da capacidade do local, que conta com 132 lojas. Foram sete comércios no primeiro piso e oito restaurantes no segundo piso, que não foi atingido pelo alagamento.

A previsão é de funcionamento normal a partir da próxima terça-feira do local que costuma receber 30 mil pessoas por dia, gerando um faturamento diário de até R$ 500 mil e mais de 1.500 empregos, segundo estimativa da prefeitura de Porto Alegre.

Dono de dois restaurantes tradicionais no local, Claudemiro Adam, 48, descreveu o que sentiu quando foram abertas as portas para o público.

O empresário Claudemiro Adam é dono de dois restaurantes no Mercado Público de Porto Alegre
O empresário Claudemiro Adam é dono de dois restaurantes no Mercado Público de Porto Alegre Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Também relembrou o que viu quando entrou no mercado público pela primeira vez, há duas semanas, quando só o que havia era lama e um cenário de devastação. "Quando começou a subir gente, o coração tremia dentro do peito", disse o comerciante, que começou a trabalhar no mercado público há quase 30 anos lavando pratos.

Tudo o que conquistei na vida foi aqui. Considero o mercado público como se fosse a minha própria casa. A minha felicidade é ver o cliente, ver o povo circular. Foi um renascimento.
Claudemiro Adam

Por volta das 10h de 3 de maio, o secretário municipal de administração e patrimônio André Barbosa pegou um megafone para pedir pela saída imediata dos comerciantes enquanto a água avançava. Hoje, a presença dele ali tinha outro significado.

Quando os portões abriram, teve gente emocionada, chorando. O mercado público é a alma de Porto Alegre e um símbolo do Rio Grande do Sul. Os mercadeiros perderam quase tudo e ainda vão fazer um investimento para reabrir. Tivemos muitas perdas, mas essa data a gente tem que comemorar.
André Barbosa, secretário municipal

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Foi esse sentimento de celebração que levou dois amigos a pedirem uma tainha ao molho de camarão e uma garrafa de vinho na reabertura do mercado público. "O mercado faz parte da vida da gente. É o ambiente que a gente frequenta", sorriu o advogado Paulo Souza, 82.

"A saudade era grande", suspirou a aposentada Vera Lúcia de Lima, 74, enquanto aguardava com uma amiga uma porção de pastéis enquanto brindava o retorno do mercado público com um chope.

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