Suspeito de torturar paciente em clínica tem prisão preventiva decretada
O funcionário suspeito de agredir e provocar a morte de um paciente de uma clínica de reabilitação em Cotia (SP) teve prisão convertida em preventiva após passar por audiência de custódia.
O que aconteceu
Matheus de Camargo Pinto era responsável pelos pacientes da clínica de reabilitação Comunidade Terapêutica Efatá. O homem foi preso em flagrante na terça-feira (9), após a polícia constatar a morte do paciente. O caso é investigado pelo 1º Distrito Policial de Cotia.
O suspeito teria agredido e gravado um homem amarrado, momentos antes de sua morte, informou a polícia. Jarmo Celestino de Santana teria sido gravado por Matheus sem camisa e com os braços presos. O monitor ainda teria encaminhado áudios para outras pessoas descrevendo a tortura.
O homem, que monitorava os pacientes durante a noite, não tinha habilitação para função de terapeuta. Segundo a direção do centro, ele exercia função colaborativa de monitoria para pagar por sua estadia na localidade, já que também estava em tratamento.
A polícia acredita que Matheus usou de violência extrema e colocou a vítima em posição de intenso sofrimento físico e mental. A Secretaria Municipal de Saúde de Cotia disse, em nota, que ainda identificou sinais de maus-tratos a outros pacientes do estabelecimento.
Os proprietários da clínica negam participação no crime. Cleber Fabiano da Silva, um dos proprietários da Efatá, comentou que não tinha conhecimento das agressões e que, assim que tomou conhecimento do crime, prestou socorro ao paciente.
Funcionários e proprietários da Comunidade Terapêutica Efatá serão investigados por omissão. De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, a polícia quer identificar as pessoas que aparecem ao fundo do vídeo rindo da situação. A ideia é averiguar possíveis participações de outras pessoas na tortura.
A clínica atendia 28 pacientes. Todos foram transferidos após constatação da tortura e morte do paciente. Segundo apurou o UOL, a mensalidade para tratamento no estabelecimento custava entre R$ 1.000 e R$1.100.
Entenda o caso
Paciente chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. A vítima aparece em fotos obtidas pelo UOL com vários hematomas no corpo. Um vídeo também mostra o homem com as mãos amarradas para trás, preso a uma cadeira.
Vítima foi levada por funcionários da clínica ao Pronto-Socorro de Vargem Grande Paulista. No local, a equipe médica declarou o óbito e acionou a polícia. "Eles levaram o rapaz ao pronto-socorro porque, segundo eles, o paciente passou mal durante a manhã. Encontraram ele desacordado no quarto e socorreram ele", explica o delegado.
A Guarda Civil Municipal foi acionada para atender a ocorrência. Segundo informações do boletim de ocorrência, os dois funcionários da comunidade terapêutica que levaram a vítima ao pronto-socorro prestaram depoimento na Delegacia Central de Cotia e contaram que Jarmo teria sido agredido dentro da clínica.
Polícia teve acesso a um áudio em que Matheus teria dito que havia agredido o paciente. O suspeito teria dito ainda que bateu tanto nele que machucou a própria mão. A reportagem ouviu o áudio atribuído pela polícia a Matheus: "Cobri no cacete, chegou aqui na unidade, pagar de brabo... cobri no pau. Tô com a mão toda inchada".
Em depoimento, o suspeito teria confessado, segundo a polícia, que agrediu o paciente, mas disse que foi para contê-lo. "As agressões foram praticadas pelo Matheus, com possível participação de outras pessoas. O Matheus confessou que agrediu o dependente, mas afirmou que foi para contê-lo porque ele estava exaltado e agressivo", diz o delegado à frente da investigação.
Local foi interditado após vistoria da Vigilância Sanitária na terça-feira (9).
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.