Conteúdo publicado há 4 meses

Cordões de até R$ 800 mil: Perfil no X exibe supostas joias de traficantes

Um perfil do X chamado "Cordões do Tráfico" vem chamando a atenção por expor joias que, supostamente, seriam de líderes de facções criminosas do Rio de Janeiro.

O que aconteceu

Página tem mais de 75 mil seguidores. As imagens compartilhadas mostram braceletes, pingentes e cordões atribuídos a lideranças criminosas do Rio de Janeiro.

Perfil ganhou notoriedade após prisão do traficante Corolla. A conta havia publicado, em 2022, cordões atribuídos a William Sousa Guedes, popularmente conhecido como Corolla.

Corolla adotou o "T", da Toyota, como marca registrada em suas joias. Para o marketing de sua atuação, o homem usa joias com a silhueta do carro japonês e usa o emoji de um carro nas redes sociais.

Veja as joias de Corolla
Veja as joias de Corolla Imagem: Reprodução/Redes sociais

Perfil identifica de quem é a joia e a facção que representa. Na timeline da conta, aparecem os acessórios usados por integrantes das principais organizações criminosas do Rio de Janeiro - sem exceção.

Cordões fazem sucesso nas redes

Cordões atribuídos a Urso, Peixão e Abelha
Cordões atribuídos a Urso, Peixão e Abelha Imagem: Reprodução/Redes sociais

Cordões de Urso, Peixão, Abelha e TH são os mais populares. Só de alcance na rede social, as joias dos líderes, que controlam diferentes áreas, foram vistas mais de um milhão de vezes.

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Em sua foto na lista de procurados da polícia, Thiago Folly, o TH, do TCP, usa seu cordão. A joia é a mesma exposta no perfil do X no pescoço de uma influenciadora e custa em torno de R$ 200 mil, segundo a polícia. O cordão tem um leão, uma águia e carrega o nome do Complexo da Maré. TH tem 14 mandados de prisão em aberto.

TH, procurado pela polícia, e seu cordão exposto com uma influenciadora
TH, procurado pela polícia, e seu cordão exposto com uma influenciadora Imagem: Reprodução/Redes sociais

Peixão, líder do TCP no chamado Complexo de Israel, em Parada de Lucas, zona norte do Rio de Janeiro, traz a estrela de Davi e as cores do Estado israelense. Álvaro Santa Rosa, nome verdadeiro de Peixão, é procurado por tráfico e associação para o tráfico. Evangélico, o procurado esteve envolvido recentemente em uma polêmica em torno de um boato sobre fechamento de igrejas católicas em sua região de atuação.

Joias atribuídas a um traficante do Rio de Janeiro
Joias atribuídas a um traficante do Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Redes sociais

Cordão atribuído a Urso, chefe do tráfico na Penha, traz a imagem do animal em um trono sob a comunidade. Edgard Andrade, chamado de Urso ou Doca, é procurado por tráfico e tortura, e é considerado influente dentro da cúpula do CV.

Personagens de desenho, animais, times e símbolos religiosos. Os cordões dos traficantes carregam o que seriam as marcas registradas dos donos. Quanto mais complexo o design da joia, mais caro o acessório é. O UOL apurou em lojas especializadas que apenas o molde 3D de um pingente custa em torno de R$ 25 mil.

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É comum os donos dos cordões homenagearem aliados que morreram. Nos cordões, parentes, amigos e líderes que se foram são lembrados. Abelha homenageia um filho, enquanto Peixão destaca um parceiro de crime que morreu. Versos bíblicos também são comuns.

Cordões atribuídos a traficantes
Cordões atribuídos a traficantes Imagem: Reprodução/Redes sociais

Cordões podem custar até R$ 800 mil. Não é possível saber o preço de todas as joias sem uma avaliação direta, mas um joalheiro que já produziu peças semelhantes, consultado pelo UOL, explicou que, para a produção de um cordão semelhante, apenas pode ser utilizado um metal nobre. Isso acontece porque a forja e a modelagem dos cordões são extremamente complexas, e apenas materiais resistentes e maleáveis, como ouro e semelhantes, suportam.

No perfil, o administrador afirma que recebe fotos dos próprios donos das peças por meio de mensagens. A página, inclusive, incentiva para que os seguidores encaminhem registros de suas joias. Nos comentários, os acessórios chamam a atenção e geram curiosidade.

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