Avião que caiu em SP estava em 'parafuso chato', condição perigosa para voo

O avião que caiu em Vinhedo (SP), matando 62 pessoas, estava em uma condição de risco chamada "parafuso chato".

O que aconteceu

Avião perdeu sustentação e desceu girando até impacto com solo, segundo três oficiais da FAB (Força Aérea Brasileira) ouvidos pelo UOL. Esta condição significa que o avião desce rodando na vertical.

Situação é perigosa. Para voar, é preciso que o ar que passa em cima da asa seja mais veloz que o ar que passa sob a asa. Ou seja, a aeronave precisa estar se deslocando para a frente (velocidade horizontal).

Estar em "parafuso chato" significa que houve perda de sustentação e a recuperação é complicada em baixa altitude. As investigações do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) vão dar mais detalhes. Não há prazo para a divulgação do relatório preliminar nem para publicação do relatório final.

Vários fatores podem causar o "parafuso chato". Os oficiais que conversaram com o UOL preferiram não fazer prognósticos justificando que estariam entrando no campo da especulação.

Até agora se sabe que a aeronave estava a 17 mil pés às 13h20. Passados dois minutos, o turbo-hélice perdera boa parte da altitude e ficara a 4.000 pés. O sinal de GPS foi interrompido na sequência.

O avião em questão era um ATR-72. Havia 57 passageiros e quatro tripulantes no voo que partiu de Cascavel (PR) e tinha Guarulhos (SP) como destino.

Foi o primeiro acidente com a companhia VoePass desde que a empresa se chamava Passaredo. Havia 17 anos que a aviação comercial não registrava um acidente com tantas vítimas.

Caixas-pretas recuperadas

O Cenipa revelou que as duas caixa-pretas foram encontradas. Os equipamentos serão levados para laboratórios do órgão para extração das informações.

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O ATR-72 tinha dois tipos de caixa-preta. Uma registrava as comunicações dos pilotos e outra grava os dados da aeronave: velocidade, altitude etc.

Técnicos do Canadá e da França vêm ao Brasil para ajudar nas investigações. É protocolo na aviação que o fabricante da aeronave e de algumas peças ajudem no trabalho. Existe ainda a possibilidade de as caixas-pretas serem enviadas para o exterior se houver dificuldade de obter seus dados.

Boatos sobre gelo não confirmados

O Cenipa não confirmou nem negou que formações de gelo podem ter afetado o voo. O chefe do órgão, brigadeiro do ar Marcelo Moreno, explicou que as informações meteorológicas estão sempre disponíveis aos pilotos durante o planejamento.

Segundo os investigadores, não é possível apontar se o gelo foi ou não fator contribuinte para o acidente. O Cenipa ressaltou que a aeronave estava certificada a voar em condição de gelo.

Foi acrescentado que há sistemas para evitar formação de gelo nas superfícies do avião. O modelo de avião que caiu, ATR-72, voa em países de maior incidência de gelo que o Brasil.

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Pouso negado pelo controle aérea não foi confirmado pelo Cenipa. Segundo relatos em redes sociais, teria havido recusa em permitir a aterrissagem do avião em um aeroporto alternativo. O órgão não confirmou esta informação.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do informado em versão anterior deste texto, é preciso que o ar que passa em cima da asa seja mais veloz que o ar que passa sob ela. A informação foi corrigida.

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