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Caso Marielle: Lessa diz que ficaria milionário e delegado foi 'pré-pago'

O ex-policial militar Ronnie Lessa disse, em audiência virtual promovida pelo STF nesta quarta-feira (28), que ficaria "milionário" com a morte de Marielle Franco. Segundo ele, o então chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, "já estava pré-pago" para assegurar impunidade.

O que aconteceu

Lessa afirmou que ele e o ex-PM Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé, ganhariam R$ 25 milhões pelo crime. "Era no assassinato da Marielle que a gente ficaria milionário: eu colocaria R$ 25 milhões no bolso e o Macalé [colocaria] outros R$ 25 milhões", declarou o assassino confesso da vereadora do PSOL e do motorista Anderson Gomes.

Irmãos Brazão pagaram propina a Rivaldo para atrapalhar a investigação e assegurar impunidade pelo crime. Segundo Lessa, Chiquinho e Domingos Brazão, apontados como mandantes do crime, teriam combinado com o então chefe da Polícia Civil do Rio para que ele ajudasse a embaralhar as investigações do assassinato. Não foi informado quanto Barbosa teria recebido pela participação no crime.

O ex-policial disse que Rivaldo passou de "Tio Patinhas" da polícia para "Silvio Santos, topa tudo por dinheiro". "Quanto mais sangue rolava no rio, mais dinheiro o Rivaldo colocava no bolso. Isso é fato conhecido por todos".

Se não fechar com ele [Rivaldo], não tem jogo. Sem ele, ninguém faz nada. Quando o [Domingos] me disse [que já estava] pré-pago [com o Rivaldo], ele deixou claro que estava acertando aquele trabalho ali [assassinato da Marielle].
Ronnie Lessa

Personificação do mal

Em seu depoimento, Ronnie Lessa se referiu a Rivaldo Barbosa como "a personificação da indiferença e do mal". Segundo o delator, ele ficou nauseado ao ver na TV o delegado abraçar a mãe da Marielle um dia após o crime.

Eu atirei na Marielle, mas no dia seguinte não tinha fome [por causa do crime] e vi o Rivaldo abraçando a mãe da Marielle, aquilo causou náusea em mim, que [fui o responsável por] atirar [na vereadora]. A mente do Rivaldo é voltada para [o mal], ele é a personficação da indiferença, do mal. Ele conseguiu causar náusea no cara que matou a Marielle. Não acreditei quando vi ele abraçar a mãe da Marielle, o Macalé falou 'cruz credo'.
Ronnie Lessa

Delator também afirmou que Rivaldo montou um esquema de corrupção na Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro e cobrava propina para não investigar crimes. "Quanto mais sangue rolava no Rio, mais dinheiro o Rivaldo Barbosa botava no bolso. O Rivaldo é um dos idealizadores do sistema e do que se tornou o que era chamado de 'super DH'. Disseram que a delegacia passou a usar técnicas do FBI. Nada mais aconteceu do que se valorizou o preço da propina. Não vai deixar de ter 'arrego'. Uma morte que a delegacia recebia R$ 1 milhão vai passar para R$ 5 milhões", destacou Lessa.

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Rivaldo Barbosa está preso por suspeita de atrapalhar e comprometer as investigações das mortes de Marielle e Anderson. O ex-chefe da PCERJ nega as acusações e nega que tenha recebido propina dos irmãos Brazão para assegurar a impunidade dos mandantes e executores do crime.

O que foi dito até o momento

A sessão desta quarta-feira (28) é a segunda com Ronnie Lessa. Na sessão da terça-feira (27), o delator disse que a pretensão era culpar o ex-marido de Marielle, Eduardo Alves, para passar a impressão de crime passional.

Os irmãos Brazão, acusados de mandar matar a vereadora, e outro réus, inclusive Rivaldo, foram retirados da videoconferência após pedido da defesa de Lessa. A defesa dele alegou "constrangimento" e ressaltou que o ex-PM tem "temor em depor na presença dos delatados pelo rompimento do pacto de silêncio firmado desde o segundo semestre de 2017", período em que os planos para o assassinato de Marielle teriam iniciado. "É direito do colaborador participar da audiência sem contato visual com os delatados", afirmou Santos.

O assassino confesso citou "alta periculosidade" de Domingos e Chiquinho Brazão, além dos PMs Ronald Paulo de Alves Pereira e Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe, e o delegado Rivaldo Barbosa. "Desde o início tínhamos um pacto de silêncio, que foi quebrado. Então, é muito delicado, todos os passos dessa teia, é tudo muito complicado. Eu gostaria de sigilo porque me sinto mais à vontade, não estamos lidando com pessoas comuns, mas com pessoas de alta periculosidade, assim como eu fui. Não sou mais perigoso do que eles. No depoimento vamos perceber que essas pessoas são mais perigosas do que se possa imaginar. Me sinto mais à vontade [sem eles na sala]".

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