Mulher que morava no McDonald's é proibida de frequentar unidade no Rio
Susane Muratori, que ficou conhecida por morar em uma unidade do McDonald's no Rio com a filha, está proibida de frequentar o local após ser presa por suspeita de injúria racial.
O que aconteceu
A mulher, de 65 anos, foi solta no sábado (31) após ser presa em flagrante no dia anterior. Ela havia sido detida na 14ª DP (Leblon) sob a acusação de ter cometido ataques racistas contra um grupo de adolescentes que estava na lanchonete do Leblon. A filha, Bruna Muratori, também foi ouvida, mas liberada ainda na delegacia.
Susane não poderá comparecer à unidade por dois anos. Essa é uma das medidas cautelares estabelecidas pela juíza Ariadne Villela Lopes durante audiência de custódia, que concedeu liberdade provisória à acusada.
Por ser ''ré primária e idosa'', prisão não foi convertida em preventiva. A juíza também levou em consideração o fato das vítimas não terem sofrido agressões físicas.
"Preta nojenta", teria dito Susane para uma das adolescentes. A mãe da jovem relatou que a mulher desferiu xingamentos contra todo o grupo, chamando de "pobres e favelados", mas os insultos raciais foram dirigidos a sua filha.
Ela também não poderá manter contato com a adolescente. Segundo a decisão, Suzane deve permanecer distante por no mínimo 500 metros da menina, também pelo prazo de dois anos. Comunicações pela internet ou telefone também estão proibidas, além de precisar justificar suas atividades mensalmente à Justiça
Defesa alegou ao UOL que Susane "está muito debilitada". Ela e a filha estariam em um ''lugar seguro, recebendo atendimento médico e psicológico''. ''No momento oportuno, iremos prestar esclarecimentos sobre os fatos'', contou.
Vivendo no McDonald's
Em maio, o UOL mostrou que muitas pessoas paravam para observar as mulheres na lanchonete. À época, a reportagem visualizou uma dupla de senhoras que olhou diretamente para as malas e Bruna Muratori ficou incomodada. "Boa tarde, tudo bem?", avança, como se quisesse dizer "o que você está olhando aqui?". Uma delas tomou um susto, mas não respondeu.
Em outro momento, uma nova dupla chegou. Não eram clientes, mas curiosos que logo pegam o celular. Na ocasião, a filha saiu e a mãe, que está sozinha, reagiu: "Vou te contar, hein? Essa gentalha é tudo sem nada o que fazer. São loucas? Será que nunca viram malas? Devem ficar com inveja das malas. Tem muita roupa". Questionada pelo repórter sobre o que mais a incomodava na situação, ela foi enfática: "Essa garotada toda que vem aqui, essa gurizada toda cheia de besteira".
Após a repercussão do caso, Bruna Muratori arrecadou mais de R$ 1.000 em uma vaquinha online que abriu com a meta de R$ 10 mil. Na página, ela afirmava que é "cliente" do estabelecimento e critica a imprensa por declarar que ela "mora" ali.
Bruna e Susane já recusaram vagas em abrigos e outros serviços da rede de apoio socioassistencial. A Secretaria Municipal de Assistência Social disse à reportagem, em maio, que sua equipe de abordagem especializada compareceu à lanchonete nos dias 10 e 16 de março e que ambas "recusaram prontamente" as ofertas.
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