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Resgate de Marcola: como era o plano para tirar líder do PCC da cadeia

O PCC planejava recrutar criminosos especializados em ações de "novo cangaço" ou "domínio de cidades", treiná-los com o auxílio de mercenários estrangeiros na Bolívia para depois colocar em prática o audacioso plano de resgate de Marcola, indica investigação do Ministério Público de São Paulo com o auxílio de informações do setor de inteligência da PM.

Plano de resgate em presídio

Reunião com homem de confiança de Marcola deu início ao plano, diz MP. De acordo com a investigação, uma reunião em novembro de 2023, na Bolívia, com a cúpula da facção criminosa coordenada por Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal, deu origem ao núcleo chamado de "Restrita Tática", criado com a missão de resgatar Marcos Willians Herbas Camacho do presídio federal de Brasília.

Núcleo do PCC para resgatar Marcola era chefiado por criminoso preso em operação do MP e PM. Ivan Garcia Arruda, o Degola, foi preso em flagrante nesta quarta-feira (11), em Sorocaba (SP). A Justiça converteu a prisão em flagrante para preventiva para analisar o conteúdo do celular dele e identificar outros integrantes.

Grupo iria recrutar especialistas em ações aos moldes do "novo cangaço" ou "domínio de cidades". De acordo com informações do MP e do setor de inteligência da PM, os criminosos designados para o resgate de Marcola seriam especializados em ações ultraviolentas com o uso de armas de grosso calibre e explosivos.

Depois de selecionados, criminosos seriam treinados por mercenários estrangeiros na Bolívia. Lá, o grupo receberia treinamento com o uso de armas automáticas e táticas militares avançadas, de acordo com investigação. Ainda segundo a apuração, a comunicação entre os integrantes do núcleo era feita com celulares com chips habilitados em outros países e criptografia por aplicativo.

Como era estrutura do núcleo

Núcleo do PCC tinha estrutura semelhante ao grupo criado também para tentar o resgate de Marcola em 2018. Na época, o líder da facção criminosa paulista estava na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), antes da transferência para um presídio federal. O núcleo é especializado em planejar o resgate de líderes presos e em organizar ataques contra as forças de segurança de São Paulo, diz o MP.

Método para cometer assassinatos com decapitações em motins em presídios deu origem ao apelido de um dos líderes do núcleo. Segundo as investigações, Degola teve participação ativa em rebeliões nas penitenciárias paulistas de Avaré e Martinópolis, onde matou desafetos e os decapitou.

[Degola participava de] ações ousadas promovidas pela organização criminosa, tais como ajustes de conta, julgamentos no "tribunal do crime", resgates de detentos e atentados contra as forças de segurança. Ele também teria sido responsável por planejar e executar atentados contra agentes públicos, o que demonstra não só sua ascendência no grupo criminoso (...) como denota sua periculosidade.
Trecho extraído de mandado de busca e apreensão do MP

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Quem são os outros líderes da "Restrita Tática" do PCC, segundo o MP: além de Degola, o núcleo do PCC especializado em resgate de presos contava com outros dois líderes: André Vinicius Nunes de Souza, o Confusão; e Carlos Alves Bezerra, o Carlão.

Confusão foi preso em maio deste ano em uma operação em conjunto entre a PF e a PM no aeroporto Viracopos, em Campinas (SP). Na época, ele voltava de uma viagem da Bolívia, onde havia se reunido com membros do PCC. Carlão segue foragido.

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