Boneca da Xuxa é relançada; versão 'possuída' causou tumulto até na igreja

Febre entre os fãs da rainha dos baixinhos nas décadas de 1980 e 1990, a boneca da apresentadora Xuxa foi alvo de boatos de que era "possuída". Com o relançamento do brinquedo, a história, que marcou uma cidade do interior de São Paulo, também voltou ao imaginário popular.

O boato

A boneca teria assassinado uma criança. A lenda urbana circulou em Sorocaba em 1989 e dizia que a boneca da Xuxa estava "possuída pelo demônio". A edição do jornal "Diário de Sorocaba" de 10 de outubro daquele ano chegou a noticiar o caso, com a manchete "Boato macabro da boneca da Xuxa toma conta da cidade". A publicação explicava as possíveis origens do boato e as consequências que a notícia gerava na cidade.

Duas teorias sobre o acontecido eram debatidas na época. Uma delas acreditava que uma criança havia dormido abraçada com a boneca da Xuxa que, "possuída", teria assassinado a criança na madrugada. Já a segunda teoria contava que uma garota queria muito a boneca. Sem condições financeiras, a mãe da criança teria dito: "só se o diabo me der o dinheiro". No dia seguinte, o dinheiro teria aparecido e a mãe comprou a boneca da Xuxa para a filha. A garota abraçou a boneca, que foi possuída pelo demônio e na sequência matou sua dona.

Boato mobilizou igreja e fiéis. Com a escalada da lenda urbana envolvendo a boneca, os moradores afirmavam que o brinquedo havia sido entregue a um padre da Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Ponte, também em Sorocaba, e que a boneca posteriormente teria ficado no museu da igreja. Segundo o jornal local "Cruzeiro do Sul", em reportagem de 2014, uma multidão se dirigiu até a igreja e suas imediações em novembro de 1989 para tentar encontrar a boneca, considerada autora de um crime.

Na praça e arredores da igreja, pessoas confabulavam sobre onde estaria a boneca. A confusão era tanta, relata o "Diário de Sorocaba" também em novembro de 1989, que alguns moradores confundiam imagens sacras de dentro do museu da catedral com a "boneca assassina". Até mesmo a imagem do Menino Jesus de Praga foi alvo de especulações: alguns frequentadores acreditavam que a escultura poderia ser da boneca da Xuxa possuída.

Autoridades da igreja precisaram se envolver para desmentir a lenda urbana. Monsenhor Mauro Vallini, pároco da catedral à época, negou que tinha recebido a "boneca possuída da Xuxa", mandou fechar a igreja e chamou a mídia local para dizer que tudo não passava de um boato.

Boneca da Xuxa, então produzido pela Mimo, no fim da década de 1980
Boneca da Xuxa, então produzido pela Mimo, no fim da década de 1980 Imagem: Reprodução

Boneca havia sido desenhada por Maurício de Souza, criador da "Turma da Mônica". Com 85 cm de altura e corpo macio e flexível, o brinquedo imitava poses da apresentadora Xuxa. Atualmente, a "Xuxona", como é chamada pelos fãs, pode ser encontrada em lojas online por mais de R$ 1.000.

O que aconteceu agora

A cantora anunciou uma parceria com uma fabricante de brinquedos para relançamento de uma boneca. A volta comemorativa da boneca da Xuxa, anunciada na última sexta-feira (27), viralizou entre as gerações que acompanharam a carreira da apresentadora. Segundo a fabricante, os colecionadores e o "fã nostálgico" seriam os principais alvos do lançamento.

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[A boneca] é pra quem realmente é aquele fã raiz, aquele fã que queria ter a boneca lá naquele época, que não podia comprar. [...].
Xuxa, em sua rede social, sobre sua boneca relançada

Boneca esgotou em 24 horas. O interesse pelo brinquedo fez com que a boneca, vendida de forma online, esgotasse em apenas um dia.

Alta demanda deve exigir novas unidades da boneca. Segundo informações da Folha de S. Paulo, o lote anunciado na última semana contou com 1,5 mil unidades da boneca. Ainda de acordo com o F5, a fabricante declarou estar em negociação com Xuxa para que uma nova tiragem do brinquedo seja disponibilizada ao público.

Brinquedo foi um sucesso nos anos 1990. À época, a fabricante da boneca declarou que mais de 1 milhão de unidades foram comercializadas naquela década, segundo o F5.

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