SP: 340 mil imóveis seguem sem energia e Enel não dá previsão de retorno
Cerca de 340 mil imóveis da Grande São Paulo continuam sem energia após a tempestade da sexta-feira (11).
O que aconteceu
Maioria das casas sem luz está na capital. Em São Paulo, segundo boletim divulgado pela Enel na noite desta segunda-feira (14), há 340 mil clientes sem energia elétrica até às 18h30, quase três dias depois do apagão.
Apagão também atinge Cotia e Taboão da Serra, com mais de 60 mil clientes impactados. Até o momento, 1,7 milhão de casas tiveram energia restabelecida até o momento, segundo a empresa.
Morador da zona sul sofre com segundo apagão em menos de um ano. Leandro Siqueira, que vive na Vila Prel, está sem luz em casa pelo quarto dia seguido. Ao UOL, o farmacêutico contou que só viveu experiência semelhante no apagão de novembro de 2023, quando ficou sem energia em casa por um fim de semana inteiro.
Apesar de procurar a Enel por telefone e por mensagem de texto, ele não conseguiu qualquer previsão de retorno da luz. "Os alimentos que pude, levei na casa do meu irmão, que já esta com luz. Esses dias jantamos por lá. Banho está sendo ou gelado ou esquentando água e estamos dando suporte pra minha vó que mora sozinha uma rua atrás de mim", afirmou.
Tanto pelo telefone quanto pelo WhatsApp eles não fornecem nenhuma previsão de retorno.
Leandro Siqueira, farmacêutico, ao UOL
Moradores de um condomínio na Vila Andrade também sofrem sem energia. A fisioterapeuta Maitê Guido contou ao UOL que abriu cinco chamados junto à Enel, e em todos eles recebeu prazos diferentes.
A fisioterapeuta está carregando as baterias dos eletrônicos no trabalho e já perdeu a maioria dos perecíveis. "Estamos colocando gelo no congelador pra tentar manter o que resta. Dividimos as carnes entre congelador e um cooler e estamos comprando gelo todos os dias", contou a fisioterapeuta ao UOL.
No apagão de novembro, ela ficou 24 horas sem luz. "Foi mais tranquilo, não perdemos quase nada", lembra. No quarto dia sem energia, ela conta que considera ir para um hotel caso a situação não seja normalizada nesta segunda.
Abri chamado de urgência, pois tem fios e poste caídos dentro do condomínio. Creio que esses prazos são para acalmar a população.
Maitê Guido, fisioterapeuta, ao UOL
Companhia não dá previsão de retorno. Nas notas enviadas pela Enel, o órgão informa que "segue trabalhando para restabelecer o fornecimento". Ao UOL, clientes lesados informaram que recebiam previsões de retorno de luz em horários que já passaram ao contatar canais oficiais da empresa.
Ao todo, 17 linhas de transmissão foram afetadas, diz Enel. Em entrevista à TV Globo, Darcio Dias, diretor de operações da concessionária, informou que a situação em curso é pior do que a de novembro de 2023, quando a capital e a Grande São Paulo passaram quatro dias sem energia.
Vinte e nove escolas estaduais estão sem energia e funcionarão com luz natural. Segundo a Seduc-SP, os alimentos perecíveis dessas unidades estão preservados. O órgão também informou que cinco unidades escolares tiveram aulas canceladas por causa de danos causados pelas chuvas. Desde sexta-feira, mais de 130 escolas municipais e estaduais da capital relataram problemas.
Na capital, 116 semáforos estão sem funcionar por falta de energia, diz CET. Segundo o órgão, outros 19 estão sem funcionar por falha nos equipamentos. A empresa enviou 324 agentes para ajudar no fluxo das avenidas afetadas.
Enel será intimada por demora no restabelecimento de energia. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) afirmou que a resposta da concessionária ao apagão ficou "aquém do esperado". Equipes do Rio de Janeiro e do Ceará vieram a São Paulo para ajudar no reparo dos problemas, segundo a concessionária.
Não são reparos simples. São reparos amplos, com substituições de postes, grandes vãos de cabos e até equipamentos vão precisar ser substituídos. Em função dessa complexidade, de fato, há uma dificuldade de atender a todas essas situações.
Darcio Dias, diretor de operações da Enel em São Paulo, à TV Globo
Quatro concessionárias foram acionadas para ajudar a Enel
Neoenergia, Energisa, CPFL e Light enviarão 400 eletricistas para ajudar, informou o ministro Alexandre Silveira. O ministro de Minas e Energia ressaltou que mais da metade dos eventos de queda de energia ocorreram por causa da queda de árvores. "Municípios que não cumprem com sua responsabilidade têm que dar pelo menos a liberdade ao setor de distribuição que cuida", afirmou a jornalistas.
Processo disciplinar administrativo foi aberto. Segundo o ministro, o processo pode culminar na caducidade da concessão. O contrato da Enel com São Paulo tem validade até 2028.