Bebê retirado de velório não apresentou sinais vitais, segundo perícia

Laudo cadavérico feito na bebê de 8 meses que foi retirada do próprio velório, descartou a possibilidade de ela ter apresentado sinais vitais reais durante a cerimônia, de acordo com o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina).

O que aconteceu

A perícia constatou que a bebê morreu por volta das 3 horas da manhã de sábado (19). A informação seria a mesma que consta no atestado de óbito emitido pelo hospital.

Segundo o médico legista, vários motivos podem levar à percepção de calor e leituras de pulso e saturação no oxímetro durante o velório. Os Bombeiros que atenderam o caso teriam constatado sinal de saturação de oxigênio e batimentos cardíacos na criança.

MPSC aguarda laudo anatomopatológico (usado para diagnosticar doenças e tumores) para saber a causa da morte e determinar se houve negligência no primeiro atendimento médico. Ele deve ser concluído em 30 dias.

Delegacia de Correia Pinto instaurou Inquérito Policial para apurar o caso. Em nota, a Polícia Civil de Santa Catarina informou que "tomou conhecimento do fato envolvendo a morte de uma criança, de 9 meses, ocorrida naquele município e atestada na madrugada de sábado (19). A DP de Correia Pinto instaurou Inquérito Policial para apurar as causas e as possíveis responsabilidades sobre o fato, fazer as oitivas de tosos os envolvidos e juntar demais elementos de prova necessários para a conclusão do IP. Por se tratar de uma situação extremamente delicada e envolver uma bebê, a PCSC neste momento não divulgará detalhes sobre o andamento das investigações".

Relembre o caso

A bebê estava sendo velada quando, supostamente, mexeu uma das mãos. O caso aconteceu em Correia Pinto, no interior de Santa Catarina, na tarde de sábado (19).

Um farmacêutico conhecido pela família foi chamado para auxiliar no caso. O Corpo de Bombeiros Militar foi chamado para atender à ocorrência. Após a chegada, os bombeiros constataram que havia sinal de saturação de oxigênio, que estava em 83%, e 66 batimentos cardíacos por minuto, níveis considerados baixos, mas que atestavam que a criança ainda estava viva.

Bombeiros decidiram encaminhar a bebê novamente ao hospital. As informações foram prestadas ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), que pediu investigação imediata sobre a morte.

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No hospital, o mesmo que emitiu a declaração de óbito da criança na madrugada de sábado, foi constatada novamente a morte após exame de eletrocardiograma. Em nota, a Prefeitura de Correia Pinto informou que a criança foi atendida no Hospital Faustino Riscarolli e que a diretoria geral da instituição acionou o IGP-SC (Instituto Geral de Perícias) para fazer análise cadavérica.

Mais tarde, por volta das 19 horas, a criança foi novamente trazida ao hospital pelo Corpo de Bombeiros Municipal, com relato de sinais de saturação. A equipe médica, mais uma vez atendeu a criança, e foi constatado o óbito. Diante dessa situação, a Diretora Geral da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli prontamente acionou o Instituto Geral de Perícias, que realizará a análise e emitirá o laudo conclusivo no prazo de aproximadamente 30 dias. Nota da Prefeitura de Correia Pinto

Agente funerário diz que recebeu declaração de óbito do hospital

Na madrugada de sábado, a declaração de Óbito da bebê foi entregue a um agente funerário. Áureo Ramos, que administra a Funerária São José, disse ao UOL que atendeu a família da criança e que o processo de recebimento e transporte do corpo aconteceu dentro da normalidade.

Contudo, por se tratar de um bebê, a preparação do corpo para o velório se deu de forma diferente. Ramos explica que não houve a tanatopraxia — remoção de fases e líquidos do corpo.

Trouxemos para funerária, o pai e a mãe foram pegar uma roupa. Levamos o bebê para o laboratório e fizemos o preparamento legal. Com criança o procedimento é diferente, a gente da banho, coloca a roupinha e leva para o velório, mas não faz a tanatopraxia. Isso já era uma 5h30 da manhã. Aí a família escolheu uma urna, coroa, tudo normal. Até então criança estava com os lábios roxos, a unha. Não aparentava nada. Áureo Ramos, dono da funerária

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O responsável pela funerária disse ao UOL que foi chamado até o velório após relatarem que a criança mexeu a mão. Ao chegar lá, Ramos acompanhou o trabalho dos bombeiros e notou que havia saturação de oxigênio.

IGP vai analisar causas da morte

Constava na declaração de óbito da criança desidratação. Contudo, após o episódio, o corpo da bebê foi entregue ao IGP-SC, que analisará as causas da morte e entregará um relatório em 30 dias, segundo o MPSC. Ainda de acordo com o MPSC, em nota, o médico que atendeu à família havia relatado que a criança morreu após asfixia por vômito — diferente do que constava na declaração.

Às 13h deste domingo (20), o corpo da criança foi novamente entregue para a funerária. O administrador do local disse ao UOL que um novo velório foi realizado, mas que a causa da morte não é mais sabida.

O MPSC se pronunciou pedindo apuração imediata do que aconteceu.

O Promotor de Justiça da comarca foi informado pelo Conselho Tutelar e, imediatamente, expediu ofício requisitando que a delegada de plantão e a Polícia Científica iniciassem diligências para apurar as circunstâncias da morte da criança, priorizando a realização de exame cadavérico para determinar o horário e as causas do óbito, além de requisitar o prontuário médico da menina e a oitiva do médico, dos pais e de testemunhas, sobretudo dos bombeiros e das conselheiras tutelares que atenderam o caso. Solicitou-se, ainda, que a autoridade policial responda até segunda-feira (21/10) sobre as providências adotadas após o conhecimento dos fatos para acompanhamento da investigação pelo Ministério Público. MPSC, em nota

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O UOL tenta contato com familiares da criança. Em caso de manifestação, a reportagem será atualizada.

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