Conteúdo publicado há 1 mês

Pastor que matou mulher trans em motel premeditou crime, diz irmã da vítima

O pastor preso por suspeita de matar uma mulher trans em um motel em Santos (SP) premeditou o crime, segundo a irmã da vítima.

O que aconteceu

Irmã de Luane Costa da Silva disse que Antônio Lima dos Santos Neto sabia que estava em um ponto de prostituição de mulheres trans. "Ele já foi nessa intenção de matar e agora está dizendo que não sabia que ela era uma trans. Mentira! Ele sabia, sim", disse Mylena Rios, irmã da vítima, em entrevista ao "Jornal Correio", de Salvador, capital baiana.

Pastor confessou o crime, mas culpou a vítima pelo próprio assassinato ao dizer que só soube que ela era uma mulher trans no motel. Ele afirmou que foi abordado por Luane, que teria oferecido um programa a ele, e que percebeu que ela era uma mulher trans quando eles estavam no motel, desistindo da relação sexual. A vítima foi morta por estrangulamento por asfixia na noite de terça-feira (22), segundo a perícia.

Antônio Lima se identificou como pastor à polícia; ele foi preso por homicídio
Antônio Lima se identificou como pastor à polícia; ele foi preso por homicídio Imagem: Antônio Lima/Facebook

Segundo Antônio, Luane teria pedido R$ 100 e impedido que ele saísse do local. "Motivo pelo qual entraram em luta corporal, que teria culminado no óbito da vítima", diz trecho do boletim de ocorrência.

Pastor foi preso ao voltar ao local do crime para buscar o celular, que havia deixado no motel. Um funcionário que fazia a verificação do quarto após a saída do suspeito encontrou o corpo de Luane e acionou a polícia. Segundo testemunhas, Antônio tentou fugir, mas foi contido pelos próprios funcionários até a chegada da PM.

Nas redes sociais, há publicações do homem se apresentando como líder religioso. O autor do crime se identificou à Polícia Civil como pastor e disse ser casado há mais de 20 anos. O UOL buscou a igreja da qual ele alegou que fazia parte para saber se ele pertence ao corpo pastoral e aguarda retorno sobre o assunto. A reportagem também procurou a defesa de Antônio, mas ainda não obteve retorno.

Médico e ex-prefeito da cidade de Luane lamentou a morte e falou em transfobia. Em publicação nas redes sociais, Euvaldo Rosa (PSD), ex-prefeito da cidade onde Luane nasceu, afirmou que ela era "voz ativa e presente na mobilização de rua".

Manifestamos nosso profundo repúdio a todo tipo de violência, homofobia, transfobia e feminicídio. Esses atos covardes não têm lugar em nossa sociedade e devem ser combatidos com toda força.
Euvaldo Rosa, em publicação nas redes sociais

Continua após a publicidade

Transfobia é crime

Em junho de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia, determinando que a conduta passe a ser punida pela Lei de Racismo (7716/89).

Constitui crime praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual de qualquer pessoa.

A pena pode variar de um a três anos, mais multa, podendo chegar a cinco anos se houver divulgação do ato homofóbico em meios de comunicação, como nas redes sociais.

Para denunciar casos de homofobia de qualquer lugar do Brasil, ligue para o Disque Direitos Humanos - Disque 100.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.