Polícia de Alagoas vai refazer passos de delator durante viagem ao estado
Do UOL, em São Paulo
14/11/2024 14h10Atualizada em 14/11/2024 14h10
Os percursos feitos por Antônio Vinícius Lopes Gritzbach enquanto esteve em Alagoas serão investigados pela Polícia Civil do estado. Ele foi assassinado ao voltar da viagem e pousar no aeroporto de Guarulhos, na sexta-feira (8).
O que aconteceu
Pedido de ajuda nas investigações foi feito pela Delegacia de Homicídios de São Paulo. Segundo a PCAL, uma equipe da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado vai prestar apoio nas investigações.
Delator passou uma semana em Alagoas com a namorada um motorista particular. O itinerário da viagem não foi detalhado pela polícia, mas a praia de São Miguel dos Milagres foi um dos locais visitados pelo trio, segundo depoimento dado pela namorada de Vinícius à polícia.
Segundo o depoimento de Maria Helena Paiva Antunes, o homem desconfiou de uma pessoa em um restaurante do destino turístico. Gritzbach teria contado a ela que viu um homem "parecido" com alguém que o ameaçava.
Gritzbach comentou que a única diferença era que o homem no restaurante não estava fumando, enquanto a pessoa que o ameaçava "fumava demasiadamente". A ausência do cigarro deixou o empresário com dúvidas. Não há informações suficientes sobre quem seria o fumante em questão, tampouco sobre a identidade do homem visto no restaurante em Alagoas.
Em Alagoas, delator recebeu joias como pagamento de dívidas, disse namorada. Segundo Maria Helena, os seguranças que acompanhavam o casal ficaram encarregados de buscar as joias em Maceió. Ela não soube dizer quem seria a pessoa cobrada.
Relembre o caso
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach era ameaçado de morte pelo PCC e pivô de uma guerra interna na facção criminosa. O empresário foi alvejado por quatro disparos no braço direito, dois no rosto, um nas costas, um na perna esquerda, um no tórax e um entre a cintura e a costela, pelo lado direito.
O veículo usado no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto. Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.
Além de Gritzbach, outra pessoa morreu e duas ficaram feridas. O motorista Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, foi levado para a UTI após ser atingido por um tiro nas costas, mas não resistiu e morreu no sábado (9). Samara Lima de Oliveira, 28, e o funcionário de uma empresa terceirizada do aeroporto, Willian Sousa Santos, 39, também foram socorridos ao Hospital Geral de Guarulhos.
Nenhum dos três tinha ligação com o empresário assassinado, disse a polícia. William sofreu ferimentos na mão direita e ombro e ficou em observação. Samara, atingida superficialmente no abdômen, já recebeu alta médica.
Gritzbach era ameaçado de morte e havia recompensa por sua execução. Ele era acusado de ser o mandante da morte de um narcotraficante ligado ao PCC e também por delatar ao Ministério Público de São Paulo policiais civis envolvidos em casos de corrupção. Em abril, ele entregou ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) um áudio de uma conversa entre dois interlocutores negociando a morte dele por R$ 3 milhões.
O empresário era réu pelos assassinatos de dois homens: Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, criminoso influente no PCC — além do motorista de Cara Preta, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. A dupla foi morta a tiros em dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em janeiro de 2022, no mesmo bairro.