Gritzbach revelou endereços de casas-cofre do PCC para policiais corruptos
Delatar integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) para o MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo) não foi o único erro cometido por Vinícius Gritzbach, na visão do crime organizado. O empresário também revelou a policiais corruptos os endereços de 15 casas-cofre da facção.
Casas-cofre são os imóveis do PCC destinados a esconder armas, cocaína, maconha e, principalmente, muito dinheiro em espécie, proveniente do tráfico internacional de drogas. As residências são construídas com bunkers e paredes falsas para despistar a polícia.
A revelação de Gritzbach causou prejuízo de R$ 90 milhões ao PCC. Apenas um dos faccionados, de vulgo Tacitus, perdeu R$ 6 milhões em duas casas-cofre invadidas e roubadas, segundo ele, pelos investigadores Valdenir Paulo de Almeida, 58, o Xixo, e Valmir Pinheiro, 55, o Bolsonaro.
A dupla de policiais civis foi presa em setembro deste ano pela Polícia Federal, acusada de receber R$ 800 mil do narcotraficante João Carlos Camisa Nova Júnior, 36, para livrá-lo de uma investigação sobre exportação de toneladas de cocaína para a Europa.
Tacitus virou nome de operação da PF
Desde que forneceu os endereços das casas-cofre aos policiais corruptos, Gritzbach passou a sofrer ameaças do PCC. Xixo e Bolsonaro também foram jurados de morte. Em e-mails enviados às autoridades e para este colunista, Tacitus diz que quer receber os R$ 6 milhões de volta a qualquer custo.
A Polícia Federal e o MPSP ainda não sabem quem é Tacitus. Porém, o apelido dele deu origem à operação deflagrada pela PF no último dia 17, que culminou com as prisões de cinco policiais civis e três integrantes do PCC delatados por Gritzbach.
Há rumores de que a PF e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MPSP, deflagrarão no início de 2025 a Operação Tacitus 2. Os novos alvos seriam chefões da Polícia Civil de São Paulo, policiais militares e outros integrantes do PCC ligados ao primeiro escalão da facção.
Na fase 1 da operação foram presos o delegado Fábio Baena Martin, 49, e os investigadores Eduardo Monteiro, 47, Marcelo Marques de Souza, 54, o Bombom, Marcelo Roberto Ruggieri, 53, o Xará, e Rogério de Almeida Felício, 46, o Rogerinho.
Os cinco detidos se juntaram aos investigadores Xixo e Bolsonaro no Presídio Especial da Polícia Civil, no Carandiru, zona Norte de São Paulo. Todos foram acusados de corrupção e passaram o Natal e Ano Novo trancafiados com outros colegas de corporação.
Também foram presos na mesma operação o advogado Ahmed Hassan Saleh, 51, o Mudi, e os empresários Ademir Pereira de Andrade, 50, e Robinson Granger Moura, 54, o Molly. Eles estão no CDP 1 (Centro de Detenção Provisória 1) do Belém, na zona leste, e seriam ligados ao PCC.
Gritzbach foi assassinado em 8 de novembro de 2024 no aeroporto internacional de Guarulhos, oito dias após delatar ao Gaeco os homens que, posteriormente, foram presos pela PF. O desconhecido que deu nome à Operação Tacitus comemorou a morte do empresário e agradeceu aos assassinos, ainda não identificados, pela "colaboração prestada".
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