Prédio símbolo arquitetônico do Recife vai a leilão por R$ 35 milhões

O edifício Holiday, marco da arquitetura moderna do Recife e um dos primeiros arranha-céus a ser construído na capital pernambucana, vai a leilão na próxima quinta-feira (30). O lance mínimo é de R$ 35.731.026,76 nesta primeira chamada.
O que aconteceu
A venda do prédio ocorrerá exclusivamente virtualmente por um site de leilões. Caso não haja ofertas de compra nessa primeira tentativa, haverá um segundo leilão no dia 20 de fevereiro, às 11h, com lance mínimo de R$ 21.438.616,05, segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco.
O edifício, construído em 1956, fica localizado no bairro de Boa Viagem, área nobre da capital. Com formato de meia-lua, o prédio possui 17 andares, 442 apartamentos tipo studio de um quarto, 34 apartamentos de dois quartos e 17 lojas comerciais. O prédio foi desocupado totalmente em 2019, devido a problemas em sua estrutura. Três mil famílias residiam nos apartamentos à época e saíram da edificação.
O leilão do imóvel foi autorizado, no dia 5 de dezembro de 2024. A decisão é da 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital. O juiz Marcos Garcez, titular da unidade, determinou a venda do Holiday em função do seu estado de abandono e decadência e risco para a sociedade.
O futuro arrematante não poderá demolir o Holiday. O edifício representa um marco arquitetônico e social para a cidade. A decisão é do desembargador Antenor Cardoso, que estabeleceu a proibição da demolição do prédio como item do edital. As regras do leilão estabelecem ainda as reformas de recuperação do edifício serão custeadas exclusivamente pelo arrematante e deverão seguir as diretrizes do Plano Diretor do Recife.
Qualquer pessoa pode comprar o prédio. Pessoas físicas e jurídicas podem se inscrever até o dia 28 de janeiro para participar dessa primeira chamada e oferecer lances, desde que entreguem a documentação exigida. O valor do lance foi resultado de avaliação judicial do edifício Holiday concluída no dia 13 de abril de 2024. O laudo indicou valor de R$ 34.924.000, mas foi atualizado, chegando ao montante final de R$ 35.731.026,76.
Prefeitura cobra obras desde 2012

O caso Holiday está tramitando na Justiça desde 2012. Na época, a Prefeitura do Recife acionou o condomínio exigindo a realização de obras de manutenção do prédio. Em fevereiro de 2013, a Justiça determinou que as obras fossem feitas — o que não ocorreu.
O edifício acumulou uma série de problemas estruturais ao longo dos anos. Entre os principais, estavam ligações elétricas clandestinas, com alto risco de incêndio.
O local era classificado como uma 'favela vertical', com acúmulo de lixo e carroças estacionadas ao redor do edifício. Declaração consta na decisão do juiz Marcos Garcez de Menezes Júnior, que determinou o leilão do Holiday.
Depois de sete anos sem as obras, em fevereiro de 2019 a prefeitura pediu a interdição do prédio alegando risco de desabamento e incêndio. A Justiça acolheu e determinou a evacuação do prédio —o que gerou muitas queixas à época. Após a interdição, a ideia era de que os moradores iriam se unir para bancar a reforma, mas isso não se efetivou. Segundo o juiz, "não faltaram reuniões e audição para construção da melhor solução consensual".
"Não houve uma única iniciativa concreta quando não foi realizada nenhuma obra, quer de manutenção, quer de recuperação, executada às expensas do condomínio. Alijados do bem por meio de determinação judicial, [os proprietários] deveriam adotar providências efetivas para debelar a causa de interdição com respectiva recuperação do imóvel", afirmou o magistrado Marcos Garcez.
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