Gritzbach: com mandantes foragidos, secretário diz que 'caso está fechado'
Do UOL, em São Paulo
13/02/2025 16h45Atualizada em 13/02/2025 19h26
O secretário executivo da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, Osvaldo Nico, deu o caso da morte do delator do PCC, Vinícius Gritzbach, como fechado. Ele deu a declaração em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (13).
O que aconteceu
Polícia diz que Gritzbach foi morto por vingança. O delegado Nico afirmou que os mandantes, identificados como João Cigarreiro e Didi, estão foragidos "em algum lugar do Rio de Janeiro".
Olheiro também é procurado pela polícia. Kauê do Amaral Coelho, 29, teve prisão decretada dez dias depois do crime, mas ainda não foi encontrado. Segundo Ivalda Aleixo, diretora do DHPP, ele também está no Rio de Janeiro.
Quem é traficante que mandou matar Gritzbach
Suspeito foi identificado como Emílio de Carlos Gongorra Castilho. Ele é conhecido como João Cigarreiro e Bill.
Polícia realiza uma operação nesta quinta-feira (13) para prender o suposto mandante do crime. Além do mandado de prisão contra ele, as autoridades cumprem pelo menos outros 20 de busca e apreensão em endereços ligados ao suspeito. A informação sobre a operação foi confirmada ao UOL pela SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), que detalhou que 116 policiais atuam em buscas em 20 endereços.
Reportagem do UOL já havia adiantado em janeiro que Cigarreiro era procurado. A coluna de Josmar Jozino trouxe a informação de que ele sequestrou Gritzbach em 2022, levando-o para o tribunal do crime do PCC.
Suspeito não foi encontrado pela polícia até o início da tarde, mas a ex-companheira e filho dele foram detidos. A informação foi repassada por fontes da Polícia Civil de São Paulo ao UOL.
Cigarreiro é um traficante com ligações com o crime organizado do Rio de Janeiro e de São Paulo, segundo a polícia. Ele teria emprestado dinheiro a Gritzbach, mas a investigação ainda não confirmou se este seria o motivo da suposta ordem de assassinato.
Traficante atuava no tráfico de armas para o Rio de Janeiro. Investigações da Polícia Civil de São Paulo ligam Gongorra Castilho a negociação de venda de armamentos entre o Comando Vermelho e o PCC.
Quase 30 pessoas, entre policiais e empresários, foram presas por desdobramentos do caso Gritzbach. Entre os 26 detidos em diversas operações, até o momento, estão cinco policiais civis, um advogado e dois empresários delatados por Gritzbach.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Emílio Carlos Gongorra Castilho. O espaço continua aberto para manifestações dos defensores, e o texto será atualizado se houver posicionamento.
Morte em aeroporto
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach se dizia ameaçado de morte pelo PCC e pivô de uma guerra interna na facção criminosa. Ele foi atingido por quatro disparos ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro.
Veículo usado no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto. Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.
Havia recompensa pela morte de Gritzbach. Ele era acusado de ser o mandante da morte de um narcotraficante ligado ao PCC e também por delatar ao Ministério Público de São Paulo policiais civis envolvidos em casos de corrupção. Em abril, ele entregou ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) um áudio de uma conversa entre dois interlocutores negociando a morte dele por R$ 3 milhões.
O empresário era réu pelos assassinatos de dois homens: Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, além do motorista de Cara Preta, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. A dupla foi morta a tiros em dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em janeiro de 2022, no mesmo bairro.