Rota mata suposto membro do PCC que tramou resgate de Marcola em presídio
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A Rota matou, em uma operação na manhã desta sexta-feira (14), em Campinas (SP), um homem apontado como suspeito de integrar um núcleo do PCC que tramou o resgate de Marcola da prisão.
O que aconteceu
Operação da Rota foi planejada em conjunto com o MP para cumprir mandado de busca e apreensão contra o criminoso. Carlos Alves Bezerra, conhecido como Carlão, era apontado como uma das lideranças do PCC do núcleo "restrita tática".
Segundo a PM, Carlão morreu após entrar em confronto com os agentes na operação. Equipes da Rota seguem no local para preservar a cena onde o criminoso acabou sendo baleado e morto.

Ação em conjunto entre Rota e MP relaciona local de ação a atividades criminosas ligadas ao PCC supostamente chefiadas por Carlão. "[Ele era] uma importante liderança na organização criminosa PCC, diretamente relacionada à célula 'restrita tática', com antecedentes criminais por porte de arma, roubo e homicídio", diz um dos trechos do documento da operação obtido pelo UOL.

Como surgiu núcleo para resgatar Marcola
Reunião com homem de confiança de Marcola deu início ao plano, diz MP. Segundo a investigação, uma reunião em novembro de 2023, na Bolívia, deu origem ao núcleo chamado de "restrita tática". Na ocasião, a cúpula da facção criminosa coordenada por Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal, decidiu pela criação do grupo, com a missão de resgatar Marcos Willians Herbas Camacho do presídio federal de Brasília.
Núcleo do PCC para resgatar Marcola era chefiado por criminoso preso em operação do MP e PM. Ivan Garcia Arruda, o Degola, foi preso em flagrante em setembro de 2024 em Sorocaba (SP). A Justiça converteu a prisão em flagrante para preventiva para analisar o conteúdo do celular dele e identificar outros integrantes.

André Vinicius Nunes de Souza, o Confusão, outro líder do núcleo, foi preso em maio de 2024 em uma operação em conjunto entre a PF e a PM no aeroporto Viracopos, em Campinas (SP). Na época, ele voltava de uma viagem da Bolívia, onde havia se reunido com membros do PCC. Após essas prisões, Carlão assumiu o posto de única liderança do núcleo nas ruas.
A defesa de André Vinicius nega que ele tenha estabelecido qualquer tipo de contato com Carlão e que tenha viajado para a Bolívia. "Embora [André Vinicius] responda a processos criminais (...), nenhum deles refere-se à participação ou vínculo com organização criminosa (...). [A prisão dele] se deu em razão de um suposto uso de documento falso quando desembarcava de um voo", esclarece a advogada Renata Medeiros Nagib Aguiar, em nota encaminhada ao UOL.
A reportagem não localizou os advogados de Degola. O espaço fica aberto para manifestações e o texto será atualizado tão logo haja retorno.
Grupo iria recrutar especialistas em ações aos moldes do "novo cangaço" ou "domínio de cidades". De acordo com informações do MP e do setor de inteligência da PM, os criminosos designados para o resgate de Marcola seriam especializados em ações ultraviolentas com o uso de armas de grosso calibre e explosivos.
Após selecionados, criminosos seriam treinados por mercenários estrangeiros na Bolívia. Lá, o grupo receberia treinamento com o uso de armas automáticas e táticas militares avançadas, de acordo com investigação. Ainda segundo a apuração, a comunicação entre os integrantes do núcleo era feita com celulares com chips habilitados em outros países e criptografia por aplicativo.
Como era a estrutura do núcleo
Núcleo do PCC tinha estrutura semelhante ao grupo criado também para tentar o resgate de Marcola em 2018. Na época, o líder da facção criminosa paulista estava na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), antes da transferência para um presídio federal. O núcleo é especializado em planejar o resgate de líderes presos e em organizar ataques contra as forças de segurança de São Paulo, diz o MP.
Método para cometer assassinatos com decapitações em motins em presídios deu origem ao apelido de um dos líderes do núcleo. Segundo as investigações, Degola teve participação ativa em rebeliões nas penitenciárias paulistas de Avaré e Martinópolis, onde matou desafetos e os decapitou.
[Degola participava de] ações ousadas promovidas pela organização criminosa, tais como ajustes de conta, julgamentos no "tribunal do crime", resgates de detentos e atentados contra as forças de segurança. Ele também teria sido responsável por planejar e executar atentados contra agentes públicos, o que demonstra não só sua ascendência no grupo criminoso (...) como denota sua periculosidade.
Trecho extraído de mandado de busca e apreensão do MP
24 comentários
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Paulo Haroldo Ribeiro
Ótimo, menos um.
Jaredes Antunes Lemos
a "produtividade" da Rota deve ser nesse nível, sempre. Parabéns!!!!
Valmir Arantes
Não adianta acabar com a vida de alguns, pois sempre há substituição. O certo seria cortar o dinheiro desses grupos, mas só que aí atingiria também alguns políticos estaduais e municipais né....