Fiéis sofrem queimaduras após ritual religioso com cinzas em missa no RN
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Fiéis sofreram queimaduras ou ficaram com ardência na pele após receberem a marcação do sinal da cruz na testa com cinzas durante uma missa de Quarta-feira de Cinzas, realizada no último dia 5, na Paróquia São José, em Carnaúba dos Dantas, no interior do Rio Grande do Norte. Não há um número preciso de vítimas.
O que aconteceu
Fiéis participaram do tradicional ritual religioso que marca o início da Quaresma na igreja católica. Como já é de costume, durante a missa o padre faz o sinal da cruz com cinzas nas testas dos religiosos, em uma simbologia católica que representa "um chamado para que cristãos católicos vivam a radicalidade dos exercícios quaresmais", segundo o padre responsável pela missa em que o incidente ocorreu, Ronney Galvão.
Depois de receberam as cinzas em suas testas, diversos fiéis passaram a sentir incômodos. Os sintomas foram variados: desde uma irritação que causou vermelhidão e ardência, mas que passou depois, até religiosos que ficaram com queimaduras na área em que as cinzas foram aplicadas.
Neuma Alves, que estava presente durante a celebração do rito católico, foi afetada pelas cinzas. Ao UOL, ela explicou que na ocasião a igreja "estava lotada" e não tem como saber quantas pessoas ficaram feridas. Entretanto, ela pontuou que, instantes depois de receber o material, começou a sentir uma ardência, sua testa ficou dolorida e com vermelhidão. Conforme a religiosa, diversos fiéis sentiram os mesmos sintomas, a reação dentro da igreja foi de incredulidade e eles passaram a se questionar o que teria acontecido.
No momento ninguém acreditava no que estava acontecendo, porque tinha muita gente sentindo [o incômodo], queimação, olhava uns para os outros com as mãos nas testas, sem saber o que estava acontecendo, e perguntava: 'a sua testa está queimando?'. Diziam: 'a minha está ardendo'; 'a minha está queimando muito'; 'a minha não está'; e aí levaram na brincadeira, enquanto outros ficaram mais sérios, que foram os que ficaram feridos.
Neuma Alves
Alves contou que duas horas depois o vermelhidão de sua testa sumiu, bem como as dores. O mesmo não aconteceu com o filho dela, o adolescente Antônio Lucas, de 17 anos. Neuma explicou que o jovem não foi para a missa, mas recebeu as cinzas da mãe de um amigo dele, que havia levado consigo um pouco do material. Depois de receber as cinzas, ele ficou com a testa vermelha e com uma marca de queimadura.
Pelas ruas de Carnaúba "ainda tem muita gente com as marcas", afirmou Alves. Um desses feridos é o fiel Luan Jackson, que ficou com uma marca bem evidente de queimadura na testa.
Luan relatou que sentiu sua testa queimar instantes depois de ter a cinza passada em sua pele e correu para a casa de um amigo para lavar o rosto. "Estava queimando muito e eu corri para um amigo meu que [mora] vizinho da igreja. Lavei [o rosto] e percebi que tinha queimado a pele. A gente não sabe o que aconteceu. A paróquia é muito organizada e a celebração muito bonita".
Paróquia diz ter ciência do ocorrido
Por meio de nota, a paróquia São José disse ter tomado conhecimento do incidente, mas ressaltou não saber quantos religiosos ficaram feridos. O responsável pela celebração da missa, padre Ronney Galvão, também disse não saber o que pode ter acontecido para provocar essa reação nas peles dos religiosos.
Padre afirmou que a confecção das cinzas foi feita "como de costume". "A preparação das cinzas foi feita como de costume, absolutamente normal, como todos os anos. Não sabemos o que causou a alergia nas pessoas. Lamentamos o ocorrido e nos sensibilizamos com todos que tiveram a pele atingida".
Cinzas aplicadas nas testas dos fiéis foram feitas a partir de ramos queimados, disse o padre. O sacerdote explicou que na paróquia eles aproveitam os ramos que os religiosos levam consigo para a missa do domingo de Ramos, que acontece na abertura da semana santa. Esses ramos são guardados e queimados em fogueiras de festas juninas, durante o mês de junho, as cinzas recolhidas e guardadas para serem utilizadas na missa da Quarta-feira de Cinzas, que acontece quase um ano depois que as cinzas são confeccionadas, geralmente em fevereiro ou março, a depender do ano em que a Quarta-feira de Cinzas é celebrada.
Polícia Civil do Rio Grande do Norte instaurou inquérito para apurar o ocorrido. Em nota, a instituição informou que parte das cinzas foi recolhida para passar por perícia a fim de determinar o que pode ter acontecido. O resultado do exame não foi concluído. Até o momento, ninguém foi responsabilizado pelo incidente.
8 comentários
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Marcello Lopes da Costa
Como é bom render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo; anunciar de manhã o teu amor leal e de noite a tua fidelidade, ao som da lira de dez cordas e da cítara, e da melodia da harpa. Salmos 92:1-3
Fernando Fonseca
ritual criando por estes mesmos ??? a igreja católica tem mais de 1000 anos e nunca ouve falar neste tipo de procedimento... Não é comum ritual ....
Paulo Bento Bandarra
Foi a proteção de Deus que não existe.