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Barroso vê 'motivação política' e pede apuração da PF a ataques contra TSE

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

16/11/2020 20h17Atualizada em 16/11/2020 21h36

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, pediu à Polícia Federal que investigue os ataques cibernéticos aos sistemas da Justiça Eleitoral (site e aplicativo) realizados na manhã de ontem, dia da realização do primeiro turno das eleições em todo o país, e também em data anterior às eleições.

O ministro evitou afirmar se há o envolvimento de grupos políticos nos ataques ao TSE, mas disse ver "motivação política" na operação. "Eu não diria ligado a grupos políticos, mas evidentemente suspeita-se de uma motivação política na operação", disse Barroso.

O ataque, conhecido como "ataque de negação de serviço", conseguiu ser neutralizado pelo sistema do TSE, segundo afirmou o ministro.

A tática consiste em tentar derrubar um sistema online a partir de uma sobrecarga por meio de milhares de acessos simultâneos.

O TSE diz ter registrado picos de 486 mil conexões por segundo na manhã desse domingo, com origem no Brasil, Estados Unidos e Nova Zelândia. Técnicos do tribunal estão investigando se o ataque, apesar de neutralizado, provocou falhas no acesso ao aplicativo e-Título, utilizado para justificar o voto e consultar o local de votação.

Além da tentativa de derrubar o sistema do TSE, Barroso também pediu apuração da invasão hacker que obteve dados de ex-ministros e funcionários do tribunal.

Segundo o ministro, os dados revelados se referiam a funcionários e ex-ministros no período de 2001 a 2010, e o acesso ocorreu em data anterior à eleição, ainda não precisada pelas investigações.

"A divulgação foi feita no dia das eleições para causar um impacto e trazer a impressão de fragilidade no sistema", disse Barroso.

Para o presidente do TSE, há suspeitas do envolvimento de "grupos extremistas" e "milícias digitais" que podem ter avançado sobre a Justiça Eleitoral com o objetivo de causar desconfiança sobre o sistema eleitoral.

"Assim que foram vazados, milícias digitais entraram imediatamente em ação tentando desacreditar o sistema, há suspeitas de articulação de grupos extremistas que se empenham em desacreditar as instituições, clamam pela volta da ditadura e muitos deles são investigados pelo Supremo Tribunal Federal", disse Barroso.

Há no STF (Supremo Tribunal Federal) um inquérito que investiga o financiamento de grupos organizados para promover atos contra as instituições democráticas. A investigação está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

Barroso afirmou que nenhum dos dois ataques aos sistemas do TSE colocou em risco o sistema de apuração e totalização dos votos.

Os dois ataques aos sistemas da Justiça Eleitoral não tiveram relação com o atraso na totalização dos resultados das eleições.

Segundo informou o tribunal, a demora na divulgação dos resultados foi provocada por uma falha na operação de um novo supercomputador adquirido pelo TSE para a totalização dos votos nessas eleições.