Comunismo: "Finalmente trouxeram bicho-papão ao debate", diz Manuela a Melo
Uma série de alfinetadas entre Manuela D'Ávila (PCdoB) e Sebastião Melo (MDB) marcaram o debate da RBS TV na noite de hoje —o último do segundo turno das eleições. Um dos momentos mais quentes ocorreu no segundo bloco, quando o advogado afirmou que a jornalista "vivia no passado", na década de 1950, citando o regime do comunista Josef Stalin (1878-1953).
"Ideologia não tapa buraco, não bota médico no posto de saúde e muito menos resolve a questão da passagem. (...) O mundo mudou, eu também mudei, evoluí em muitas coisas e a senhora continua no passado, em 1950, Stalinista ainda, quer dizer, um projeto que não deu certo em lugar nenhum do mundo e que a senhora continua insistindo com isso", disse Melo.
Na próxima pergunta, sobre o meio ambiente, Manuela rebateu.
"Sabe, Melo, eu estou feliz que finalmente tu trouxeste o bicho-papão do comunismo para o debate. Eu quero que os senhores e senhoras comparem as nossas experiências porque o meu partido governa o Maranhão, pegou o Maranhão destruído, Melo, pelo teu partido, pelo MDB de [José] Sarney", disse a política.
Manuela disse que recuperação "foi difícil". "Mas nós estamos conseguindo. Finalmente trouxeram o bicho-papão para o debate. Eles querem assustar o senhor [telespectador], porque têm muitos interesses no acordão da prefeitura. Não caia nesse papo, não caia no papo do carro de som que passa mentindo na sua rua", complementou.
Ao voltar a falar, Melo disse que Sarney é "amicíssimo" do aliado de Manuela, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Almoçava duas vezes por semana no Palácio do Planalto, quando Lula era presidente. Então não fala mal dele, não fica bem, porque a senhora é apoiada pelo Lula."
Fake news para todos os lados
As fake news também voltaram à tona, como há oito dias, no embate na Band. Desta vez, Manuela afirmou que "pior que as fake news anônimas, são as fake news postadas de maneira pública e assinadas". E citou uma publicação nas redes sociais do adversário sobre uma delação da Odebrecht na qual o nome dela era citado, caso que já foi arquivado pelo Ministério Público.
"Qual é o Melo que devemos acreditar: aquele que defende o alto nível do debate nas entrevistas ou aquele que autoriza a sua campanha a mentir em redes sociais?", alfinetou Manuela.
O emedebista acusou a campanha da adversária de fazer "acusações gravíssimas".
"Eu vou manter o mesmo nível da campanha, eu estou aqui para discutir com o cidadão as soluções urbanas para melhorar a saúde, a educação, para melhorar a zeladoria da cidade, para melhorar o centro da cidade. (...) Agora, a sua turma tem feito barbaridades de fake news em relação a minha campanha, em relação a minha pessoa, então quer dizer o seguinte, vamos aterrissar em Porto Alegre, vamos falar sobre coisas que dizem respeito à vida das pessoas", disse Melo.
Manuela foi para o ataque, observando que debater Porto Alegre significava "enfrentar a cultura do ódio" propagada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), "que estimula a violência contra as mulheres, contra negros e negras". "E eu lhe convido para fazer isso neste debate. Debater o seu programa para a cidade, sem entrar na esfera do ódio, da violência que Bolsonaro tem ensinado e impregnado nessa campanha."
Na sua vez, Melo disse que Manuela tinha transformado um "crime horrendo" em "fato político", o que ele considerava "gravíssimo". O político fazia clara referência à morte do cliente negro João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, que perdeu a vida após ser espancado por seguranças do Carrefour, em 19 de novembro.
Nesta semana, o político entrou na Justiça exigindo a retirada de uma propaganda de Manuela em que eram feitas referências a declarações do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e do vereador Valter Nagelstein (PSD), sobre racismo. Ambos apoiam a candidatura de Melo. Ele disse que ela estava "fazendo insinuações" sobre ele ser racista. O pedido foi negado.
"Nós somos o que somos graças a tantas etnias. Então fazer essa divisão de classe, colocar negro contra branco, rico contra pobre, nós e eles, esse não é o caminho que o Brasil e muito menos a nossa cidade quer. Um prefeito tem que governar para todos. Se eu for prefeito, eu vou governar para todos os porto-alegrenses e não dividir a sociedade", finalizou Melo.
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