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Bolsonaro na ONU: aliados minimizam tom eleitoral e elogiam fala 'cristã'

Do UOL, em Brasília

20/09/2022 16h51Atualizada em 20/09/2022 18h01

Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) elogiaram o discurso do chefe do Executivo feito hoje (20) na 79ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), nos Estados Unidos.

Os principais pontos destacados foram a promessa de asilo aos cristãos da Nicarágua, os ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário nas eleições, e os números da economia neste ano, como a redução no preço dos combustíveis e a deflação.

O grupo minimizou ainda tom de campanha eleitoral da fala dele. Já a oposição criticou a fala de Bolsonaro e o acusou de ter mentido na tribuna. Ele fez um discurso de 20 minutos na abertura do evento dias depois de ter sido criticado por usar o funeral da rainha Elizabeth 2ª para fazer campanha.

"Fantástica". O líder do governo no Senado, senador Carlos Portinho (PL-RJ), classificou a fala de Bolsonaro como "fantástica" e disse que o presidente mostrou os pontos positivos que o Brasil passa no momento. "Infelizmente [esses pontos] não chegam para o mundo lá fora e posicionou o Brasil entre os países descolados do momento econômico do mundo", afirmou.

Portinho minimizou o tom de palanque eleitoral do discurso e acusou a própria lei eleitoral de "fazer confusão" em casos como o de Bolsonaro, que é presidente e tenta a reeleição ao cargo. "[Neste momento] Até o cafezinho que ele toma é eleitoral, mas isso é do jogo eleitoral. Ele é presidente e candidato a presidente, não tem como ser duas pessoas ao mesmo tempo", reforçou.

Nós e eles. Para a deputada Carla Zambelli (PL-SP), a promessa de asilo de Bolsonaro a padres e freiras da Nicarágua foi uma parte "muito boa" da fala do presidente, porque mostra "a diferença entre nós e eles", em referência aos governos petistas anteriores.

"Foi muito bom o acolhimento que ele deu aos cristãos da Nicarágua, padres e freiras que estão sendo expulsos de lá. O governo Bolsonaro tem recebido, desde o começo, as vítimas da Venezuela, do comunismo. Agora, na Nicarágua, da Síria também", pontuou. A parlamentar defendeu o "acolhimento" de Bolsonaro "aos perseguidos".

América Latina. Assim como Zambelli, a deputada Carol de Toni (PL-SC) elogiou a postura do chefe do Executivo e, nas redes sociais, disse que a América Latina "precisa de uma liderança regional com esse perfil e essa envergadura sob pena de entrar numa espiral de autoritarismo e hegemonia esquerdista maior do que já se encontra".

Legado. O vice-líder do PL na Câmara, deputado Coronel Tadeu (SP), disse que Bolsonaro "mostrou o legado de seu governo pós-pandemia como uma referência para o cenário internacional". Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, classificou o discurso como "impecável" e disse que a "despiora" do Brasil foi conhecida pelo mundo hoje.

Choradeira. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Ramos, disse que o discurso de Bolsonaro foi "tão verdadeiro", que começou a "choradeira para censurá-lo". "Se tivesse sido ruim? estaria liberado. A propósito, não adiantam pesquisas direcionadas? o povo está vacinado? a vitória será no 1° turno", escreveu no Twitter.

Patriotas. Para o deputado Bibo Nunes (PL-RS), a fala do presidente foi "baseada na verdade, mostrando ao mundo o crescimento do Brasil, com pandemia e guerra, porque acabou a corrupção e a gestão é de patriotas".

O discurso. Na tribuna, Bolsonaro disse que o Brasil irá acolher padres e freiras católicos que têm sofrido perseguição na Nicarágua e afirmou que "repudia a perseguição religiosa em qualquer lugar do mundo".

"No meu governo, o Brasil tem trabalhado para trazer o direito à liberdade de religião para o centro da agenda internacional de direitos humanos. É essencial garantir que todos tenham o direito de professar e praticar livremente sua orientação religiosa, sem discriminação".

Corrupção. Sem fazer menção nominal ao ex-presidente Lula, Bolsonaro citou os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras, estatal de maior projeção no mercado internacional, e declarou que "o responsável por isso foi condenado em três instâncias".

O candidato à reeleição omitiu, no entanto, que as sentenças foram derrubadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Por esse motivo, o petista não responde criminalmente e está elegível.

'Demonstração cívica' no 7/9. Bolsonaro afirmou hoje considerar que os atos eleitorais realizados no último 7 de setembro, quando se comemorou o bicentenário da Independência do país, foram "a maior demonstração cívica da história" do país.

"Milhões de brasileiros foram às ruas, convocados pelo seu presidente, trajando as cores da nossa bandeira. Foi a maior demonstração cívica da história do nosso país, um povo que acredita em Deus, Pátria, família e liberdade."

Preço da gasolina. Assim como tem feito durante as agendas eleitorais, Bolsonaro ressaltou aos esforços do governo para tentar conter alta do preço dos combustíveis. Segundo ele, desde junho, o valor cobrado pela gasolina "caiu mais de 30%".

"Hoje, um litro no Brasil custa cerca de US$ 0,90. O preço da energia elétrica também teve uma queda de mais de 15%. Quero ressaltar que o custo da energia não caiu por causa de tabelamento de preços ou qualquer outro tipo de intervenção estatal. Foi resultado de uma política de racionalização de impostos formulada e implementada com o apoio do Congresso Nacional."