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OPINIÃO

Tales: Fala de Nunes sobre Janones é jogada eleitoreira incoerente

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/07/2024 12h47

Ricardo Nunes (MDB) se mostrou incoerente ao tratar o deputado federal André Janones (Avante-MG) como "o rapaz da rachadinha", já que conta com o apoio de Jair Bolsonaro em sua campanha de reeleição à Prefeitura de São Paulo, disse o colunista Tales Faria no UOL News desta segunda (15).

Nunes foi o terceiro entrevistado da série de sabatinas realizadas pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo com os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. Ele afirmou que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), seu principal rival na eleição municipal, "passou pano" para Janones —Boulos foi relator do caso e, em seu parecer no Conselho de Ética, pediu o arquivamento da representação contra o colega.

Esse negócio de 'rapaz da rachadinha' é tirada de marqueteiro. O Josias [de Souza, colunista do UOL] lembrou bem dos outros da rachadinha, que são especialmente os filhos do Bolsonaro.

É verdade, mas também é verdade que, do ponto de vista eleitoral, o eleitorado dele e a maioria das pessoas não fazem essa ligação, especialmente os bolsonaristas - que, aliás, nem admitem que fizeram rachadinha.

Nunes aproveitou e deu uma estocada no Boulos ao dizer que ele 'passou o pano'. É uma jogada de marketing típica de campanha, eleitoreira, mas que infelizmente funciona, muito embora não seja coerente. Tales Faria, colunista do UOL

Tales criticou Nunes por negar que houve golpismo nos atos de 8/1 e por comparar esta investigação ao caso da Escola Base —em 1994, os donos da instituição de ensino foram acusados injustamente de abuso sexual de crianças, em um dos maiores erros do jornalismo brasileiro..

Esse foi o pior momento do prefeito. Ele carimba o 'ricardismo' como uma ideologia mentirosa, que nega os fatos. Ele comparou a investigação do 8/1, à Escola Base. É uma loucura. Negou que eles estivessem ali tentando um golpe de Estado, que era óbvio na cabeça de todo mundo e foi visível.

O que as investigações estão mostrando é Jair Bolsonaro como cabeça dessa turma, com militares envolvidos e uma minuta de golpe. Comparar isso à Escola Base é carimbar o 'ricardismo' como uma ideologia da mentira.

'Não tenho compromisso com a verdade, mas sim em ter o apoio do Bolsonaro e, para isso, sou capaz de alterar completamente os fatos. Mentir, se for preciso'. Isso foi o grande erro do Nunes nessa sabatina. Ele titubeou, fez uma lambança e terá que repensar essa posição. Tales Faria, colunista do UOL

Josias: Nunes mostra estar preso a sentimento democrático por um barbante

Ao querer igualar os atos golpistas de 8/1 à invasão realizada por Guilherme Boulos e o MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto) a prédios do Ministério da Fazenda em 2015, Ricardo Nunes demonstra a fragilidade de sua defesa à democracia, afirmou o colunista Josias de Souza.

Boulos liderou uma marcha e houve invasões do MTST em São Paulo e em Brasília. Há até uma foto do Boulos em cima de uma bancada. Nunes quer grudar nele essa pecha de 'invasor de propriedades privadas' e utiliza esta imagem para contrapor um movimento social, restrito ao Ministério da Fazenda, àquele quebra-quebra do 8/1.

Com essa comparação, o prefeito de São Paulo mostra que está preso aos valores e ao sentimento democrático por grilhões de barbante. Ele tenta fazer crer que professa os mesmos valores do velho MDB. Após ser completamente avacalhado depois da redemocratização como um partido fisiológico, nem de longe lembra aquela sigla com importância relevantíssima na ditadura.

Nunes, que é um ilustre desconhecido nesse enredo que credencia o MDB como uma resistência à ditadura, tenta fazer crer que valoriza a democracia, mas se desdiz quando trata o 8/1, segundo a expressão dele, como um "atentado ao patrimônio público'. Então as pessoas invadiram os prédios do Congresso, do Supremo e do Palácio do Planalto para protestar contra as cadeiras, os móveis, o carpete? Não; foram para atentar contra a democracia. Josias de Souza, colunista do UOL

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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