Nunes defende obras emergenciais e metas não cumpridas: 'Burocracia impede'
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição, atribuiu à burocracia as metas não cumpridas, e minimizou a quantidade de obras sem licitação durante sua gestão. As falas foram durante sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo.
O que aconteceu
Nunes disse que não inaugurou nenhum dos 12 CEUs prometidos por demora em processos no Tribunal de Contas do Município. "Dos 58 CEUs da cidade, o Bruno [Covas] entregou 12. Estou fazendo a reforma de todos. Em relação ao programa de metas de construir 12 [CEUs], tivemos basicamente um ano desse processo parado no Tribunal de Contas", disse. "A burocracia, às vezes, impede que você consiga ter essa celeridade."
Prefeito disse que obras já estão com recurso reservado. "O importante é que já estou com mais do que 12 [obras de CEUs] com recurso reservado, não vai dar tempo de inaugurar por causa dessa demora [do TCM]."
Ele também contestou a acusação de que fez poucas entregas durante seu mandato. "Nós quadruplicamos a quantidade de investimento, temos o maior programa de recape da história, programa de combate a enchentes... mesmo com a mudança climática, ainda tem muita coisa para fazer, mas a gente avançou muito na questão das enchentes", falou. "Se somar os últimos 18 anos [de obras relacionadas à prevenção de enchentes], não dá o que a gente investiu."
Apenas 32 das 86 metas propostas pela Prefeitura foram concluídas até o fim de 2023. O levantamento foi publicado pelo jornal Folha de S.Paulo.
Nunes também disse que, se houver algum crime na contratação de obras emergenciais, não é da Prefeitura. "O crime é por parte de quem? Da empresa", disse. "As regras estão bem impostas, estipuladas em lei em relação a obras emergenciais. [...] Como funciona a obra de emergência, não é o prefeito, não é o secretário que determina, são os engenheiros da prefeitura, da Defesa Civil, que ao serem chamados, vão até lá e dão um laudo, que tem uma casa aqui que pode cair e morrer gente, vai esperar acontecer?"
O UOL revelou que a contratação de obras emergenciais aumentou em quase 295% durante a gestão Nunes. Ele gastou R$ 3,7 bilhões entre janeiro de 2022 e outubro de 2023 nos contratos emergenciais, segundo os dados do TCM. O valor representa 294,5% a mais do total pago de 2009 até 2021 na capital paulista para obras desse tipo — quase R$ 950 milhões.
Os gastos começaram a aumentar em 2021 — Nunes assumiu a administração municipal em maio daquele ano, após a morte de Bruno Covas (PSDB). Obras emergenciais são aquelas em que não é feito o processo de licitação. A legislação permite essa modalidade em casos urgentes ou de calamidade pública.
O TCM apontou superfaturamento de R$ 80 milhões nas 18 obras vistoriadas pessoalmente. A maioria dos contratos foi feita com apenas dez empresas e, segundo a auditoria, mais da metade das obras descumpre o prazo de 180 dias para conclusão — período estabelecido pela legislação para obras de emergência.
Pelo menos 223 dos 307 contratos para obras emergenciais durante a gestão Nunes têm indícios de combinação de preços entre empresas concorrentes. Os valores com indícios de combinação somam R$ 4,3 bilhões, ou 87% do total contratado emergencialmente.
Quem é Ricardo Nunes
Ricardo Luís Nunes Reis, 56, vai concorrer à reeleição para a Prefeitura de São Paulo. Eleito vice-prefeito em 2020 na chapa de Bruno Covas (PSDB), assumiu a cadeira de prefeito em 2021, após a morte do tucano, vítima de câncer.
Nunes foi vereador por dois mandatos na capital paulista. Natural de São Paulo, ele tentou uma vaga na Câmara pela primeira vez aos 21 anos, mas não foi eleito. Vinte anos depois, em 2012, conquistou seu primeiro mandato na Casa, com mais de 30 mil votos. Em 2016, foi reeleito para mais quatro anos como vereador, com 55 mil votos.
Prefeito tem disputado a liderança nas pesquisas eleitorais com o deputado Guilherme Boulos (PSOL). Na sondagem mais recente do Datafolha, divulgada no dia 8 de julho, Nunes marcou 24% contra 23% de Boulos, um empate técnico — a margem de erro foi de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Próximas sabatinas
O UOL e o jornal Folha de S.Paulo promovem sabatinas com pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. Pablo Marçal (PRTB) foi entrevistado no dia 10, e Guilherme Boulos (PSOL), no dia 12. José Luiz Datena (PSDB) será entrevistado amanhã (16), às 10h.
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Quero receberUOL e a Folha vão promover sabatinas com candidatos à prefeitura de 17 cidades do país. Já aconteceram as sabatinas com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT), em Belo Horizonte; Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL), em Salvador, e com João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD), no Recife.
Ainda acontecerão as sabatinas com candidatos a 13 prefeituras: Rio de Janeiro, Maceió, Manaus, Fortaleza, Curitiba, Guarulhos, São Bernardo, Santo André, Osasco, Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto e São José dos Campos.
Assista à íntegra:
*Participaram dessa cobertura: Ana Paula Bimbati, Anna Satie, Caíque Alencar, Rafael Neves e Nathalia Florido (estagiária).
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