Topo

Rússia congela contrato de entrega de mísseis ao Irã

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

10/06/2010 10h04

A Rússia congelará o contrato de entrega ao Irã de mísseis S-300 depois da adoção de novas sanções na ONU contra o regime de Teerã, segundo declaração de uma fonte do serviço federal de cooperação militar à agência Interfax nesta quinta-feira (10). Com isso, a Rússia sinaliza o cumprimento das sanções da ONU contra o Irã aprovadas ontem pelo Conselho de Segurança, que limita a venda de armas para o país do Oriente Médio.

Raio-x da Rússia

  • Nome oficial: Federação Russa
    Forma de governo: Federação
    Capital: Moscou
    População: 140.041,247
    Idioma: Russo e outras muitas minorias
    Grupos etnicos: Russos 79,8%, tártaros 3,8%, ucranianos 2%, bashkires 1,2%, chuvaches 1,1% e outros não especificados 12,1%
    Religiões: Ortodoxos 15-20%, muçulmanos 10-15% e outros cristãos 2%
    Fonte: CIA Factbook 2009

"A decisão do Conselho de Segurança da ONU deve ser aplicada por todos os países, e a Rússia não será uma exceção. É por isso que o contrato de entrega de mísseis terra-ar S-300 ao Irã será congelado", indicou esta fonte ouvida pela interfax.

Moscou e Teerã chegaram a um acordo há algum tempo para a entrega de mísseis S-300, mas a Rússia jamais entregou estas armas, segundo explicou, por causa de problemas técnicos.

O S-300 é um moderno sistema de mísseis que pode ser usado para derrubar múltiplos foguetes e aeronaves. O contrato sobre o S-300 entre Rússia e Irã foi assinado em 2007.

Israel, Estados Unidos e Europa denunciaram este contrato porque permitiria a Teerã defender de forma eficaz suas instalações nucleares..

Membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a Rússia votou a favor das sanções contra o Irã ontem. Os dois países já foram bem mais próximos.

Até o ano passado, a Rússia resistia a votar pelas novas sanções da ONU contra Teerã e minimizou as sugestões de que o país usava o programa nuclear de enriquecimento de urânio para construir bombas atômicas.

A Rússia é um importante parceiro comercial do Irã. O comércio bilateral chegou a US$ 3 bilhões no ano passado, com Moscou vendendo tecnologia nuclear, aeronaves e outros produtos para a República Islâmica.

ONU aprova novo pacote
de sanções contra o Irã

Foram 12 votos a favor das sanções e dois contra (do Brasil e da Turquia). O Líbano se absteve. A resolução prevê restrições a mais bancos iranianos no exterior, caso haja suspeita de ligação deles com programas nuclear ou de mísseis. Estabelece também uma vigilância nas transações com qualquer banco iraniano, inclusive o Banco Central.

Em outubro de 2007, ainda na Presidência, Vladimir Putin tornou-se o primeiro líder do Kremlin a visitar o Irã desde Stalin, dando um apoio sorridente ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, advertindo os Estados Unidos sobre qualquer ação militar e defendendo o direito do Irã em prosseguir com um programa nuclear civil.

A relação Rússia-Irã começou a esfriar no ano passado, quando os Estados Unidos anunciaram em setembro a descoberta de uma nova usina de enriquecimento de urânio secreta perto da cidade sagrada xiita de Qom, no Irã. A descoberta solapou a confiança de Moscou no Irã.

A Rússia afirmou que a usina violava as decisões do Conselho de Segurança da ONU e era "fonte de séria preocupação." Em novembro de 2009, Moscou apoiou uma resolução da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) condenando a iniciativa.

Além disso, autoridades russas insistem que Moscou --que enfrenta problemas com o terrorismo islâmico-- não deseja que um poderoso país islâmico perto de sua instável fronteira no sul tenha armas nucleares.

O forte relacionamento pessoal do presidente Dmitri Medvedev com o americano Barack Obama tornou mais fácil para os dois líderes aprovarem uma posição comum sobre o Irã. O presidente russo falou pela primeira vez sobre novas sanções contra o Irã já em setembro.

Após assinar um tratado de redução de armas nucleares com Obama em abril passado, Medvedev afirmou lamentar que o Irã não estava respondendo a propostas construtivas sobre o seu programa nuclear.

 

* Com agências internacionais