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Ataque contra protesto de minoria xiita deixa 43 mortos no Paquistão

Ataque contra protesto de minoria xiita deixa mortos em Quetta, no Paquistão; VEJA MAIS FOTOS - Banaras Khan/ AFP
Ataque contra protesto de minoria xiita deixa mortos em Quetta, no Paquistão; VEJA MAIS FOTOS Imagem: Banaras Khan/ AFP

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

03/09/2010 11h21

No mínimo 43 pessoas morreram em um atentado durante uma manifestação de xiitas pró-Palestina na cidade paquistanesa de Quetta, segundo a polícia local. O Taleban paquistanês assumiu a autoria do ataque.

"Nós orgulhosamente assumimos a responsabilidade [pelo atentado]. Nossa guerra é contra a América e as forças de segurança paquistanesas, mas os xiitas também são nossos alvos porque são nossos inimigos", disse Qari Hussain Mehsud, comandante do Taleban paquistanês, à agência de notícias Associated Press.

O ataque aconteceu por volta das 15h (horário local, 7h de Brasília), quando cerca de 2.500 pessoas participavam, no bairro de Mizan Chowk, de uma manifestação promovida pela principal organização estudantil xiita do país asiático.

Os xiitas representam cerca de 20% da população do Paquistão, país de maioria sunita.

Veja onde fica o local do atentado

  • Arte UOL

Após a explosão, algumas pessoas iniciaram protestos, destruíram lojas e fizeram disparos para o alto, segundo a imprensa local.

As forças de segurança isolaram a região, e os feridos foram levados para hospitais próximos.

O primeiro-ministro paquistanês, Yousuf Raza Gillani, condenou o atentado e ordenou a abertura de uma investigação para esclarecer o caso, conforme informou um comunicado divulgado pelo seu escritório.

Com esta ação em Quetta, já são três os ataques terroristas registrados hoje no Paquistão.

Os outros dois ataques foram registradas no noroeste do Paquistão. Duas horas antes do atentado de Quetta, um suicida detonou os explosivos que levava na cidade de Mardan ao ser interceptado pelas forças de segurança na entrada de um templo da seita minoritária ahmedi, que não é considerada islâmica pelo Estado paquistanês.

De acordo com uma fonte policial, esta explosão matou um guarda e feriu três fiéis.

Na mesma região, nos arredores de Peshawar, capital da província de Khyber Pkhtunkhwa, a explosão de uma bomba matou um agente e feriu outros três. Segundo outra fonte policial consultada pela agência de notícias EFE, o alvo do explosivo era um furgão da polícia, que passava pela rua no instante da detonação.

O Paquistão sofre, desde o fim de julho, as piores inundações de sua história, "um 'tsunami' em câmara lenta", de acordo com palavras da ONU. O desastre alagou 20% do território do país, destruindo cerca de um milhão de casas e deixando mais de 18 milhões de desabrigados.

Apesar disso, os grupos fundamentalistas, a maioria de inspiração sunita, continuam a violência sistemática, concentrando seus ataques contra seitas muçulmanas minoritárias.

Na quarta-feira passada, uma procissão da comunidade xiita, que representa cerca de 20% da população paquistanesa, foi objeto de um triplo atentado suicida que causou a morte de 35 pessoas na cidade oriental de Lahore.

Nessa ocasião também foram organizados protestos motivados pela suposta falta de segurança. O ministro do Interior paquistanês, Rehman Malik, pediu aos xiitas que evitem grandes aglomerações.

"Peço à comunidade xiita que reduza suas manifestações porque são um alvo fácil para os terroristas", disse Malik nesta quinta-feira, segundo a publicação "Dawn".

Uma fonte de segurança ocidental consultada pela Efe atribui a leva de ataques sectários no Paquistão à aproximação de grupos extremistas da província de Punjab, no leste do país, com a insurgência taleban assentada no noroeste.

De fato, o atentado de Lahore foi reivindicado tanto por uma facção da organização punjabi Lashkar-e-Jhangvi como por um movimento próximo aos talebans, o Tehrik-e-Taliban Pakistan (TTP), que esta semana foi, três anos após sua fundação, incluído na lista de grupos terroristas dos EUA.

"Durante o Ramadã sempre há violência sectária, mas o TTP, sob o comando de Hakimullah Mehsud, tem uma agenda muito mais sectária e, embora tenham objetivos diferentes (aos dos grupos punjabs), os grupos não duvidam em juntar forças no momento de desestabilizar", expôs a fonte de segurança ocidental.

Atualmente, o exército paquistanês limita suas ações ao noroeste do país e ao cinturão tribal na fronteira com o Afeganistão.

Parte da classe política do país, no entanto, é a favor de que seja organizada uma grande operação policial no sul do Punjab, reduto de numerosos grupos extremistas.

* Com as agências internacionais