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Premiê neozelandês confirma pelo menos 65 mortes em Christchurch; número deve aumentar

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

22/02/2011 02h44Atualizada em 22/02/2011 16h15

O primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Key, confirmou por volta das 16h (horário local) que 65 pessoas morreram nesta terça-feira (22) por causa do terremoto de 6,3 pontos que atingiu a cidade de Christchurch, a segunda maior do país com cerca de 400 mil habitantes. Depois de sobrevoar a região, Key afirmou que "Christchurch é uma região de desastre total" e que se tratava de um dos dias mais tristes da história do país. "É uma tragédia absoluta para esta cidade e para a Nova Zelândia", disse.

Segundo Key, o número de mortos é incerto e deve subir à medida que as equipes de buscas resgatem os corpos que ficaram soterrados nos escombros. O prefeito da cidade, Bob Parker, chegou a afirmar que pelo menos 200 pessoas estavam soterradas e depois disse que cerca de 100 tinham sido resgatadas com vida. "Um número significante de hotéis da cidade desmoronou e, pelo que sabemos, há gente soterrada", completou o ministro de Defesa Civil, John Carter.

Em algumas ruas de Christchurch, cujo centro foi isolado pelas forças de segurança, o forte tremor causou covas de até um metro de profundidade. As TVs locais mostraram cenas de pânico, com moradores deixando às pressas os escritórios, equipes de resgate retirando corpos dos escombros e cidadãos ajudando a salvar os feridos. 

Testemunhas relatam que o tremor derrubou vários prédios e abriu crateras nas estradas. Há também registro de incêndios e pessoas presas em imóveis. A maior parte da cidade está sem energia elétrica e com problemas nos sistemas de telefonia fixa e móvel. Segundo testemunhas, entre os edifícios mais danificados estão o das câmaras provinciais e o que alojava o jornal local "The Press".

Helicópteros despejavam baldes gigantescos de água para tentar apagar um incêndio em um prédio de escritórios, enquanto um guindaste ajudava as equipes de resgate a retirar as pessoas presas no local. 

"Eu estava na praça bem em frente à catedral - toda a fachada caiu e havia pessoas correndo dali. Havia pessoas lá dentro também", disse John Gurr, um morador que estava no centro da cidade no momento do terremoto.

O aeroporto da cidade foi fechado e a polícia está evacuando o centro da cidade, onde dois ônibus foram soterrados e vários prédios, que já estavam fragilizados pelo abalo de setembro passado, podem desabar.

As autoridades montaram centros de ajuda em pelo menos seis colégios públicos e mobilizaram cerca de mil membros da polícia e do Exército para evitar saques.

O terremoto ocorreu às 12h51 desta terça-feira (horário local) e teve seu epicentro situado a apenas 5 km da cidade, a uma profundidade de 4 km, segundo o Instituto de Geofísica dos Estados Unidos (USGS). 

Ajuda online

Logo após os tremores, os moradores de Christchurch passaram a contar com a ajuda da Internet para localizar parentes e amigos desparecidos. O Google colocou no ar um site que permite aos moradores procurarem por pessoas que ainda não foram localizadas ou divulgar informações online sobre conhecidos.

Os neozelandeses também se organizaram e publicaram uma página especial no Facebook para que as pessoas divulguem informações sobre o que está acontecendo em Christchurch, procurem por familiares e colegas e mandem mensagens de apoio aos moradores. Pelo Twitter, é possível pedir informações sobre desaparecidos usando a hashtag "#eqnzContact".

O pesquisador Paul Nicholls, do Grupo de Mídia Digital da Universidade de Canterbury, fez um mapa interativo que mostra a intensidade do terremoto que atingiu a cidade de Christchurch.

Outro tremor

Em setembro passado, um terremoto de 7,2 de magnitude atingiu Christchurch e deixou dezenas de feridos e grandes danos em infraestruturas e edifícios no sul do país. Desde então, a região tem sido atingida por milhares de réplicas.

Havia registros de escombros caindo de um prédio já danificado e pessoas sendo retiradas de alguns escritórios no centro financeiro, na medida em que inspeções eram feitas.

A Nova Zelândia, que está entre as placas tectônicas do Pacífico e Indo-Australiana, registra uma média de mais de 14 mil terremotos por ano, dos quais cerca de 20 normalmente atingem magnitude 5.

Em 1968, um terremoto de 7,1 graus deixou três mortos no litoral oeste da Ilha do Sul. O mais grave foi registrado em 1931 na cidade de Napier da Ilha do Norte, provocando a morte de 256 pessoas.
 
*Com agências internacionais