Para Interpol, Brasil precisa melhorar controle de passaporte para Copa e Olimpíadas
O controle de passaporte nas fronteiras e aeroportos do Brasil precisa melhorar até a época da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, segundo a Interpol (polícia internacional). Na avaliação do secretário-geral da entidade, Ronald Noble, nesta quinta-feira (19) em um encontro com a imprensa estrangeira em Londres, o Brasil deixa a desejar ao não fazer, com a devida frequência, a checagem do documento apresentado pelo viajante com o cadastro da Interpol de passaportes roubados ou perdidos.
Noble afirmou, no entanto, que a Interpol tem trabalhado de perto com o governo brasileiro para melhorar esse cenário.
"Estou confiante que, para as Olimpíadas e a Copa, o Brasil estará monitorando os passaportes e documentos de identificação assim como os Estados Unidos e o Reino Unido fazem hoje", afirmou Noble, que citou ainda a Suíça, a França, a Espanha e a Romênia como outros exemplos positivos. "Nós estamos trabalhando com o Brasil para isso. Eles [o Brasil] não fazem agora, mas é neste sentido que estamos trabalhando."
No mundo todo, a estimativa é que meio bilhão de pessoas tenham cruzado fronteiras em 2010 sem que tivessem seus documentos de identidade conferidos no sistema da Interpol. "Isso representa um risco muito grande à segurança dos países." Para Noble, o problema não está na falta de acesso à tecnologia adequada, mas, sim, ligado a uma questão política. "Só pode ser falta de vontade política e a falta de alguma tragédia em decorrência do que eles não fizeram", avalia. O secretário-geral da Interpol cita o caso de um dos envolvidos em um ataque ao World Trade Center, em 1993, que entrou nos EUA com um passaporte roubado.
Em 2011, havia registro de mais de 31 milhões de documentos roubados no banco de dados da Interpol. Segundo Noble, o Reino Unido consultou o sistema 139 milhões de vezes no ano. Sete anos antes, haviam sido apenas cerca de 10 mil consultas. Dados referentes ao Brasil, porém, não foram revelados. Ao UOL, a assessoria de imprensa da Interpol informou que não é política da organização revelar dados para evitar comparações entre países.
Sobre as Olimpíadas de Londres, que acontecem em julho e agosto deste ano, Noble disse estar tranquilo em relação à segurança dos jogos e afirmou não haver nenhum alerta específico sobre ataque terrorista. Ele não quis revelar a quantidade de homens da Interpol que vão atuar no país por conta dos jogos. Disse apenas que será menor do que o número empregado na Copa do Mundo na África do Sul.
Lista de fugitivos
A Interpol também mantém uma lista de pessoas procuradas pela Justiça ao redor do mundo. Atualmente, há cerca de 75 mil nomes. No entanto, apenas 45% desse cadastro está disponível para o público no site da Interpol. "Em alguns casos, é melhor que a pessoa não saiba que está sendo procurada", explica Noble. Ao fazer a pesquisa pelo Brasil no site, aparecem 160 nomes.
Apesar da sua abrangência (a Interpol é formada por 190 países-membros), a organização não tem poder para intervir ou prender ninguém, mas apenas assessorar no combate ao crime. "Os países têm soberania para decidir o que fazer com os foragidos que identificam na fronteira. Podem decidir dar asilo para ele, prendê-lo ou extraditá-lo, mas a Interpol não tem como interferir."
Ainda na sua análise sobre a cooperação entre o Brasil e a Interpol, o secretário-geral ressaltou que o país é um destino comumente escolhido pelos fugitivos internacionais e que, por essa razão, a Interpol tem tido sucesso na captura de foragidos em território brasileiro.
"O Brasil é um país procurado tanto por quem cumpre a lei, mas também por fugitivos, porque um dos países aonde eles conseguem ir é o Brasil. Por isso temos muito, muito sucesso em capturar fugitivos no Brasil."
Ele fez ainda elogios ao país e afirmou que o Brasil é um importante parceiro na identificação de crimes de propriedade intelectual por conta de sua experiência no combate à pirataria de DVDs e CDs.
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