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Oposição na Síria denuncia mortes e cessar-fogo parcial por parte do regime

Do UOL, em São Paulo

12/04/2012 11h23Atualizada em 12/04/2012 12h11

O porta-voz do Conselho Nacional Sírio (CNS), Bassma Kodmani, anunciou hoje em Genebra que informações recebidas do território sírio falam em três civis mortos e dezenas de pessoas presas depois da entrada em vigor do cessar-fogo no país árabe.

 

“Observamos com provas que armas pesadas continuam sendo usadas nas zonas povoadas, algumas simplesmente foram relocadas”, afirmou Kodmani.

Segundo ele, os civis foram mortos na região de Hama, enquanto as prisões ocorreram em Aleppo – a segunda maior cidade síria, depois da capital Damasco –, Homs e Deera.

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Ainda hoje, a TV oficial síria “Sana” noticiou que uma bomba destinada contra um ônibus explodiu em Aleppo (norte) e matou um oficial e deixou 24 feridos, três deles em estado grave.

Para o porta-voz do rebelde Exército Livre Sírio (ELS), o coronel Qasem Saad el Deen, a explosão é “uma manobra do próprio regime”. Ele não descartou que haja ações similares em outras cidades “para liberá-los do compromisso de cessar-fogo”.

“Nós não atacamos nenhum ônibus, estamos comprometidos com o plano de Annan”, destacou Qasem Saad el Deen.

Kofi Annan, emissário da ONU e da Liga Árabe para a Síria, propôs um plano de paz que coloca como prazo final para a cessação das hostilidades esta quinta (12).

Os números de baixas variam de acordo com a fonte. Para os opositores Comitês de Coordenação Local, houve pelo menos cinco mortes hoje. Duas pessoas morreram em um bombardeio na província de Homs; outras duas morreram em um ataque das forças governamentais contra um protesto na província de Idlib; e uma morreu pelos disparos de um franco-atirador na província de Al Bayada.

Cessar-fogo parcial

O CNS denunciou que o cessar-fogo é aplicado “de forma parcial”, dado que a repressão continua e o armamento pesado não foi retirado das áreas povoadas.

“Os disparos cessaram em grande escala, mas não totalmente”, continuou Kodmani. O porta-voz acrescentou que a retirada das tropas das cidades tampouco foi efetuada.

“Os tanques não deixaram o centro das cidades, como estava previsto no plano de Annan. Eles estão posicionados em áreas povoadas, exatamente como há três semanas. Não há nenhuma evidência de retirada efetiva.”

Ao contrário, o número de controles militares em todo o país “dobrou”, afirmou. “O regime volta à sua estratégia dos primeiros meses, quando não bombardeava o povoado, mas detinha pessoas e desaparecia com elas diariamente.”

A ativista pediu mais uma vez à comunidade internacional que pressione o regime para que cesse todas as hostilidades e não reprima a liberdade de manifestação dos cidadãos.

"A prova real para o regime é se permitirá ou não às pessoas saírem livremente às ruas para manifestarem-se pacificamente", especificou Kodmani.

Nesse sentido, um protesto marcado para amanhã, depois das orações semanais de sexta, será o primeiro grande teste para o cessar-fogo. Na ocasião, será possível registrar se o regime manterá seu compromisso ou não.

Próximos passos

Se tudo correr bem, o CNS pedirá a presença o mais rápido possível do grupo de observadores internacionais, contemplado também no plano de Annan. "A presença dos observadores é nossa primeira prioridade", declarou.

Uma vez que eles estejam no país, chegaria a hora de começar o diálogo político, mas o porta-voz deixou claro que o CNS nunca negociará com Assad nem com ninguém de seu governo.

"O objetivo que não renunciaremos é a saída do poder de Bashar al Assad e de toda a estrutura de segurança que o cerca. Nós não negociaremos com eles", afirmou, com firmeza.

Annan, por sua vez, assinalou que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pedirá ao Conselho de Segurança que autorize "o mais rápido possível" uma missão de observadores do organismo internacional à Síria.

"Isso permitirá agirmos com rapidez para abrir um diálogo político sério que aborde as preocupações e aspirações dos sírios", destacou o enviado especial da ONU e a Liga Árabe, em declaração em Nova York.

Desde o início do conflito sírio, há um ano, mais de 9.000 pessoas morreram, 200 mil tiveram de abandonar suas casas e buscar refúgio no interior e outros 30 mil refugiaram-se em países vizinhos, segundo dados da ONU.

(Com agências internacionais)