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China decide substituir antigos líderes por novos, mas reitera princípios do socialismo

Do UOL*, em São Paulo

14/11/2012 08h03Atualizada em 14/11/2012 11h43

O 18 º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC) anunciou nesta quarta-feira (14) os nomes do novo Comitê Central e da nova Comissão Central de Inspeção Disciplinar. Os novos líderes cumprirão um mandato de cinco anos. Na quinta-feira (15), o comitê deve consagrar Xi Jinping como número um do regime.

A escolha foi definida por 2.307 delegados do partido. O comitê e a comissão representam os núcleos mais importantes do comando político chinês.

O anúncio sobre a nova composição política foi feito pelo presidente da China, Hu Jintao. Em discurso, ele disse que o novo Comitê Central do PCC substitui os “velhos líderes pelos novos”. Segundo Hu Jintao, as mudanças visam ao “desenvolvimento conjunto” do país em favor do “socialismo chinês e suas características próprias”.

Para esta quinta-feira (15) é esperada a oficialização também a oficialização de Li Keqiang como primeiro-ministro. Também deverão ser anunciados os novos nomes escolhidos nesta quarta.

Desafios

Os novos  líderes chineses enfrentarão a enorme tarefa de combater uma corrupção crescente somada a um menor crescimento, sob os olhares mais do que críticos de mais de 500 milhões de internautas.

Na semana passada, Hu Jintao convocou seus sucessores a examinar seriamente a questão da corrupção que, segundo ele, poderia levar à "queda do partido e do Estado".

Advertência que tem tanta validez quanto as sérias perguntas sobre a questão econômica, onde a chamada "década dourada" de Hu e Wen dará lugar a um crescimento abaixo de 8% em 2012, o menor em 13 anos.

Para que a China possa prosseguir com sua ascensão econômica, o número um em fim de mandato convocou na semana passada um "novo modelo de crescimento", dando mais espaço ao consumo familiar do que às grandes obras.

A rápida transformação da China também provoca uma agitação social recorrente, expressa nos "microblogs", verdadeira expressão de uma opinião pública em um contexto de censura.

Estes protestos adquiriram um tom dramático entre algumas minorias étnicas, em particular os tibetanos, 70 dos quais se imolaram desde o ano passado para denunciar a repressão de sua cultura e de sua religião.

O congresso

Após uma semana de trabalhos na mais completa opacidade, os  2.307 delegados aprovaram a composição do comitê central, integrado por quase 200 dirigentes do partido que devem representar os mais de 82 milhões de militantes registrados. Depois, segundo um ritual invariável, os delegados cantaram de pé a Internacional.

O congresso revisou os estatutos do partido para elevar o "conceito de desenvolvimento científico" de Hu Jintao ao panteão das doutrinas de Marx e Lênin. Estas revisões foram aprovadas com levantamento de mãos e por unanimidade.

"Vamos implementar uma política de reforma e abertura, superando todas as dificuldades com  firmeza e em marcha no caminho do socialismo com características chinesas", destaca o texto do relatório. "Temos que valorizar essas realizações, mantendo-as, e continuar a enriquecê-las para alcançar nova vitória para o socialismo".

Desde o dia 8, os dirigentes chineses estão reunidos no  18 º Congresso Nacional do PCC. Ao anunciar a decisão de substituir os antigos líderes pelos novos, Hu Jintao apresentou relatório, no qual defende a manutenção do socialismo, o respeito à diversidade étnica presente na China e reitera que todas as decisões são baseadas no marxismo.

Criticado por parte da comunidade internacional devido à forma como trata as questões ambientais e de desenvolvimento sustentável, o governo chinês diz, no relatório, que uma das metas é "fazer grandes esforços para promover o progresso ecológico". "Devemos aumentar a consciência ecológica com base no respeito, no acolhimento e na proteção da natureza, incorporando o progresso ecológico em todos os aspectos e visando aos avanços econômicos, políticos, culturais e sociais", acrescenta.

As regiões de Hong Kong e Macau também são mencionadas no relatório. Os dirigentes advertem sobre a necessidade de ambas manterem-se “unidas” à China e condenam as tentativas de autonomia de alguns grupos. "Devemos ser firmes em nossa determinação de defender os interesses de segurança, de soberania e de desenvolvimento da China", reitera o texto.

Xi Jinping

Xi Jinping é geralmente considerado um homem de compromisso que pode ser aceitável para as facções conservadoras e reformistas do PCC.

Xi  chegará ao poder após um "ano horrível" para o PCC, marcado pelo caso Bo Xilai, o mais espetacular escândalo dos últimos anos, e pelas revelações sobre as fortunas colossais de sua própria família e da família do primeiro-ministro Wen Jiabao. (Com Agência Brasil e AFP)