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Após escala nas ilhas Canárias, avião de Evo Morales decola rumo à Bolívia

O avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, faz uma parada técnica no aeroporto de Gran Canária - Andres Gutierrez/AP
O avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, faz uma parada técnica no aeroporto de Gran Canária Imagem: Andres Gutierrez/AP

Do UOL, em São Paulo

03/07/2013 14h20

O avião oficial que leva o presidente da Bolívia, Evo Morales, da Rússia de volta a seu país, decolou do aeroporto de Gran Canária, na Espanha, rumo à capital boliviana, La Paz, após uma escala de pouco mais de uma hora.

A aeronave, que saiu de Moscou, ficou retida em Viena, na Áustria. França, Portugal, Itália e Espanha proibiram que o avião de Morales entrassem em seu espaço aéreo, segundo a Bolívia, pelo temor de que transportasse o americano Edward Snowden, acusado de espionagem por Washington por ter revelado um programa de espionagem das comunicações em nível global do governo de Barack Obama. Paris, Lisboa e Roma retiraram os vetos algumas horas depois.

Unasul condena atitude contra Morales

Chefes de Estado do bloco sul-americano Unasul (União de Nações Sul-Americanas) rejeitaram energeticamente o desvio que o avião que levava o presidente boliviano foi obrigado a fazer na Europa e exigiram explicações para este ato "inamistoso e injustificável".

Em comunicado do governo peruano, que detém a presidência rotativa do bloco, os líderes da Unasul expressaram seu ultraje e indignação pela recusa da França e de Portugal de permitir que o avião de Morales pousasse nos territórios desses países na terça-feira.

A secretaria-geral da Unasul considerou estranho que países europeus tenham negado permissão a Morales para sobrevoar seu espaço aéreo, ao recordar que a União Europeia (UE) manifestou preocupação com espionagem do governo dos Estados Unidos revelada por Edward Snowden.

"É estranho que este fato aconteça quando todos os governos da União Europeia manifestam preocupação com o alcance do programa de espionagem do governo dos Estados Unidos sobre suas populações", afirmou o secretário-geral da Unasul, o venezuelano Alí Rodríguez, em um comunicado divulgado em Quito, sede do organismo regional.

A secretaria também critica a "perigosa atitude assumida por França e Portugal, ao cancelar intempestivamente a permissão de sobrevoo" do avião de Morales, que retornava a La Paz depois de participar em Moscou no Fórum de Países Exportadores de Gás.

Rodríguez confirmou o envio aos presidentes dos países membros da Unasul de um pedido do Equador para uma reunião "urgente", que pretende analisar o caso.

OEA exige explicação

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, expressou irritação com a negativa de vários países europeus em permitir o sobrevoo do avião de Morales e exigiu explicações aos respectivos governos, segundo um comunicado oficial.

Segundo Insulza, "nada justifica uma ação de tanto desrespeito pela mais alta autoridade de um país", assinala a nota.

O chefe da organização regional acrescentou que "os países envolvidos devem dar uma explicação das razões pelas quais tomaram esta decisão", que, a seu ver, "colocou em risco a vida do presidente de um país membro da OEA".

Bolívia reclama na ONU

O embaixador da Bolívia perante a ONU, Sacha Llorenti, pediu ao secretário-geral dessa organização, Ban Ki-moon, uma explicação pela retenção do avião do presidente boliviano na Áustria.

Llorenti qualificou o fato como uma "agressão à América Latina" e "um sequestro", assinalando que, "sem a menor dúvida", se trata de uma "ordem da Casa Branca".

Segundo o embaixador boliviano, este incidente "pôs a vida de Evo Morales em risco e foi uma violação dos direitos internacionais".

Llorenti, que participa do Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC), em Genebra, condenou "a atitude racista, colonial e subordinada" dos países que rejeitaram em primeira instância que o avião presidencial boliviano sobrevoasse seu espaço aéreo.

Mais de cem manifestantes queimaram duas bandeiras da França e jogaram pedras contra a embaixada francesa na Bolívia. Entre os manifestantes, havia civis e indígenas, convocados por organizações ligadas ao governo. (Com agências internacionais)