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Piloto de avião que bateu na pista nos EUA estava em período de formação; dois passageiros morreram

Do UOL, em São Paulo*

08/07/2013 08h24

O piloto do Boeing 777 da companhia Asiana Airlines, que fez um pouso emergência no sábado (6) no aeroporto de São Francisco, nos Estados Unidos, tinha experiência, mas ainda estava no período de formação neste tipo de aeronave, anunciou a empresa sul-coreana. Pelo menos dois passageiros morreram e 181 ficaram feridos, dos quais 49 em estado grave.

Lee Kang-Kuk, de 46 anos, tem mais de 9.000 horas de voo, mas apenas 43 horas neste modelo, um dos maiores do mundo. "É correto [afirmar] que Lee estava em formação no Boeing 777", declarou à AFP uma porta-voz da Asiana. O piloto era supervisionado por uma pessoa experiente, que atuava como copiloto.

A Asiana admitiu que o avião, comprado em março de 2006, passou por um reparo em junho por vazamento de óleo em um motor. Mas o diretor geral da empresa, Yoon Young-Doo, descartou a hipótese de falha técnica e afirmou que não havia problema mecânico no momento do acidente.

As primeiras análises destacam que o avião voava muito baixo e a uma velocidade extremamente moderada quando se aproximava da baía de São Francisco. Os pilotos tentaram acelerar quando já era muito tarde e a cauda do avião bateu com força na pista.

Abortar o pouso

A gravação dos dados do voo mostrou que quando o avião se aproximava da pista os pilotos foram alertados que a aeronave corria riscos e pediram para abortar o pouso.

O pedido de abortar o pouso foi registrado no gravador da cabine de comando 1,5 segundo antes da queda, informou a diretora da Agência Nacional de Segurança dos Transportes (NTSB), Deborah Hersman, que coordena a investigação.

Testemunha flagra incêndio do avião

Voando baixo

Um passageiro chinês que sobreviveu ao acidente afirmou que a aeronave "voava a uma altitude muito baixa" antes de aterrissar.

Xu Da, um passageiro que sobreviveu ao acidente, contou a experiência ao canal de televisão estatal chinês CCTV: "Pude ver que o avião voava muito baixo quando estava perto de pousar. Se preparava para tocar a terra quando o avião acelerou subitamente e o nariz começou a subir".

"O avião já voava muito baixo naquele momento", continuou, acrescentando que sentiu um choque.

"As máscaras de oxigênio caíram e um mau cheiro começou a ser sentido na cabine. Era possível ver faíscas na parte dianteira da aeronave", acrescentou.

Após o pouso, a cabine do avião estava em "total desordem", a parte traseira da aeronave tinha um grande buraco e a cozinha havia desaparecido.

"Havia caos e muita gritaria. Meu assento foi parar no chão e havia bagunça por todos os lados", disse o passageiro Ben Levy, 39.

Levy contou que tentou conter o pânico de outros passageiros, pedindo que eles se acalmassem e se ajudassem uns aos outros para que todos pudessem sair do avião.

"(Quando saí) ainda havia algumas pessoas na parte de trás da aeronave e vi uma mulher do corpo de bombeiros correndo para ajudá-las."

Causas do acidente

A Junta Nacional para Segurança no Transporte (NTSB, na sigla em inglês) deslocou suas equipes para o local do acidente para investigar as causas. Também a companhia Boeing ofereceu sua colaboração técnica a fim de esclarecer o sucedido.

Aparentemente, o avião realizou a manobra de aterrissagem com um ângulo anormal e bateu na pista com a parte traseira.

Como consequência disso, o piloto perdeu o controle e o aparelho se arrastou envolvido em uma densa coluna de fumaça branca até que parou.

Cerca de 190 pessoas conseguiram escapar por duas portas no lado esquerdo da aeronave usando as rampas infláveis para as saídas de emergência, antes que a aeronave pegasse fogo.

Os vídeos feitos por testemunhas e pelas estações de televisão mostram a parte alta da fuselagem do Boeing queimada até a metade da cabine, e os aerofólios da direita amassados, com a ruptura de um dos motores. A cauda do avião aparece totalmente solta.

*Com agências internacionais