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Mubarak ficará em prisão domiciliar, dizem agências

Do UOL, em São Paulo

21/08/2013 17h14

O ex-presidente do Egito Hosni Mubarak deve ser libertado nesta quinta-feira (22) e irá ficar em prisão domiciliar, de acordo com informações das agências internacionais de notícias.

A informação foi divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro interino.

"No contexto da lei de emergência, o vice-comandante militar emitiu uma ordem de que Mohammed Hosni Mubarak deve ser colocado sob prisão domiciliar", diz um comunicado do escritório.

Um tribunal ordenou nesta quarta-feira (21) a libertação do ex-presidente, derrubado em 2011 por uma revolta popular, aumentando a tensão no país já abalado pela queda de seu sucessor islamita Mohammed Mursi.

Não se sabe se o governo instaurado pelos militares cumprirá a ordem judicial, mas mesmo que a cumpra, o homem que governou o Egito com mão de ferro por mais de três décadas continua tendo de dar explicações à Justiça por denúncias de corrupção e assassinato de manifestantes, com um primeiro comparecimento à Corte marcado para o próximo domingo.

Segundo o responsável pela defesa de Mubarak, as autoridades mandaram soltá-lo após absolvê-lo de uma acusação de corrupção.

Mubarak, 85, foi preso em março de 2011 e, em junho de 2012, condenado à prisão perpétua. A defesa recorreu e o recurso ainda não foi julgado. Segundo as autoridades, porém, o ex-presidente não pode continuar detido por mais de dois anos no aguardo da sentença.

Um porta-voz do ministério do Interior confirmou à agência Efe que Mubarak ainda não saiu da prisão de Tora e que os serviços penitenciários estão à espera de uma ordem da procuradoria para permitir sua saída.

"Não recebemos nenhuma ordem para libertar Mubarak. O assunto se encontra no campo da procuradoria. Se há algo, será amanhã de manhã e o anunciaremos", disse o porta-voz.

Desde a deposição de Mubarak, seus aliados têm divulgado informações às vezes conflitantes sobre seu estado de saúde. Durante a prisão, o ex-presidente teria sofrido um derrame, um ataque cardíaco e supostamente teria passado por alguns momentos de coma. A oposição alega que as declarações sobre as condições de saúde de Mubarak objetivam ganhar simpatia pública e da Corte.  

 

Soltura em meio à crise

Caso seja cumprida a ordem para sua libertação, Mubarak encontrará o Egito imerso em uma onda de violência comparável ao clima no país quando dos protestos que pediam sua renúncia, em 11 de fevereiro de 2011. 

Desde a quarta-feira (14), pelo menos 888 pessoas foram mortas durante confrontos das Forças Armadas egípcias com manifestantes que pedem a volta do presidente Mohammed Mursi, tirado do poder em 3 de julho. 

O Exército e a Irmandade Muçulmana, grupo político de Mursi, acusam um ao outro pelas mortes. Desde a última semana, a junta militar que governa o país impôs um toque de recolher nacional, que deve vigorar durante um mês.

Os confrontos, no entanto, continuam. No mais recente, pelo menos 25 policiais egípcios morreram e dois ficaram feridos em um ataque com foguetes contra dois micro-ônibus no Sinai, nesta segunda-feira (19).

Após o ataque, o governo egípcio fechou a passagem de Rafah com a Faixa de Gaza. O ministério do Interior atribuiu a ação a "terroristas". Na quinta-feira passada (15), o Egito fechou a fronteira indefinidamente para evitar o trânsito de palestinos, mas reabriu parcialmente no sábado para permitir a passagem de veículos com medicamentos para Gaza.

O ataque contra as forças de segurança é o mais violento na região em décadas.

A matança do Exército foi alvo de críticas da comunidade internacional e levou a uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que pediu o fim da violência no país. Os EUA cancelaram um exercício militar conjunto entre os dois países, que aconteceria em setembro. A Alemanha cancelou parte de um pacote milionário que enviaria ao Egito, e a União Europeia diz que pretende rever relações com o Cairo. (com agências internacionais)