Topo

Ex-dirigente comunista admite "certa responsabilidade" por desvio de dinheiro público

Do UOL, em São Paulo

24/08/2013 06h08

O ex-dirigente do Partido Comunista chinês Bo Xilai admitiu “certa responsabilidade” a respeito do desvio de US$ 800 mil dos cofres públicos, que acabaram indo parar na conta de sua mulher, neste sábado (24), terceiro dia de julgamento no Tribunal Intermediário de Jinan, no lesta da China. A quantia seria usada em um projeto confidencial na cidade de Dalian, onde o acusado foi prefeito.

"Eu sinto que devo assumir alguma responsabilidade por (o fato de) que esse dinheiro veio para a conta (banco) de Gu Kailai. Eu sinto vergonha. Eu era muito descuidado, eram fundos do Estado ", declarou ao tribunal Bo Xilai, que nega as acusações de peculato, entre outras.

Em declarações no tribunal, as quais foram divulgadas pela própria corte em sua página na Weibo (espécie de Twitter chinês), Bo rejeitou as demais acusações apresentadas no testemunho de Wang Zhenggang, diretor do Departamento de Planejamento Urbana de Dalian.

A acusação, por sua vez, alega que o ex-dirigente chinês se apropriou do dinheiro público para custear a educação de seu filho mais novo, Bo Guagua, quem frequentou a exclusiva escola privada britânica Harrow. Após passar os primeiros anos universitários em Harvard, o filho de Bo estuda atualmente na Universidade de Columbia, em Nova York.

Além de negar tal acusação, o ex-líder político chinês ressaltou que esses custos eram pagos com o dinheiro de sua esposa, Gu Kailai, que, antes de ser condenada a morte (que deve ser comutada por prisão perpétua) no último ano, atuava como advogada.

"Gu testemunhou que seu escritório de advogados tinha cinco filiais, sua situação econômica era muito boa. Gu também me disse que Guagua era um estudante excepcional e tinha conseguido bolsas de estudos", declarou o ex-secretário-geral do Partido Comunista em Chongqing, no centro da China.

Bo também falou sobre seu filho mais velho, Li Wangzhi, fruto de seu primeiro casamento, para lembrar que "ele também estudou no exterior (...)".

O julgamento de Bo por desvio de verba pública, suborno e abuso de poder entrou neste sábado em seu terceiro dia, depois que nas duas jornadas anteriores a justiça se concentrasse nas acusações subornos, nas quais o ex-líder chinês teria recebido US$ 3,5 milhões dos empresários Tang Xiaolin e Xu Ming.

Bo acusou ontem sua esposa de "estar louca" depois que esta, em um depoimento gravado previamente e apresentado no tribunal, lhe acusasse de saber que Xu Ming tinha custeado um chalé no sudeste da França que ela comprou, assim como diversas viagens e outras prebendas para o filho do casal, Bo Guagua.

Uma vez concluído o julgamento, ainda sem uma data exata para ser encerrado, espera-se que o veredicto e a sentença sejam anunciados já nos dias posteriores. (Com Efe e AFP)