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Merkel e Hollande abordarão suposta espionagem dos EUA em Bruxelas

Julian Stratenschulte/AP Photo/dpa,
Imagem: Julian Stratenschulte/AP Photo/dpa,

Do UOL, em São Paulo

24/10/2013 12h02Atualizada em 24/10/2013 13h00

O presidente da França, François Hollande, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, manterão nesta quinta-feira (24) um encontro em Bruxelas para, entre outros aspectos, abordar o escândalo gerado pela suposta espionagem dos Estados Unidos aos países europeus.

Embora já estivesse previsto, o encontro entre Hollande e Merkel será realizado antes do início da reunião dos chefes de Estado e do Governo da UE, disseram à Agência Efe fontes diplomáticas.

"Somos aliados, mas alianças devem estar baseadas na confiança", disse Merkel, sobre a relação de seu país com os EUA, ao chegar para a cúpula em Bruxelas.

"As coisas que têm sido divulgadas são inaceitáveis", completou.

Tanto a França como a Alemanha exigiram explicações às autoridades americanas por causa das novas revelações sobre o programa de espionagem dos EUA, um escândalo que ameaça se transformar no centro das atenções do Conselho Europeu que ocorre entre hoje e amanhã.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, convocou hoje o embaixador dos EUA em Berlim, John Emerson, para lhe pedir explicações sobre o fato do celular da chanceler ter sido espionado.

A informação em questão, que foi negada pela Casa Branca, gerou uma grande polêmica na Alemanha.

"Se é verdade o que estamos ouvindo, seria verdadeiramente grave", ressaltou hoje em entrevista à televisão pública alemã o ministro da Defesa, Thomas de Maizière.

"Os americanos são e seguirão sendo nossos melhores amigos, mas isto é inaceitável", ressaltou o ministro.

Já a França, que convocou o embaixador americano em Paris esta semana para cobrar explicações, também exigiu explicações ao secretário de Estado americano, John Kerry.

O governo francês assumiu essa postura após as novas revelações feitas pelo jornal "Le Monde", que, com base em documentos da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) subtraídos por seu ex-agente Edward Snowden, explicou que somente em 30 dias - entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013 - 70,3 milhões de comunicações emitidas da França foram interceptadas.

Além das medidas citadas, Hollande também pediu publicamente que o assunto seja tratado no Conselho Europeu de hoje e amanhã, tendo em vista que a Comissão Europeia e a Eurocâmara fizeram essa mesma recomendação e, inclusive, se mostraram a favor de uma reforma das normas europeias nesse campo.

Unidade

A vice-presidente da Comissão Europeia e responsável de Justiça, Viviane Reding, reivindicou nesta quinta-feira aos líderes europeus unidade para responder à espionagem americana e para poder negociar com Washington as questões relativas à proteção de dados.

Reding, através de seu porta-voz, fez uma chamada aos chefes de Estado e do Governo da União para que aproveitem as reuniões de hoje e amanhã realizadas em Bruxelas para impulsionar a reforma das normas comunitárias de proteção de dados.

"Agora é o momento para a ação e não só para as declarações na cúpula da UE", disse a porta-voz Mina Andreeva.

Para Reding, a aprovação dessa reforma seria uma "declaração de independência para a Europa", já que lhe permitiria "se apresentar de forma crível perante os EUA e negociar de igual para igual".

Por causa das primeiras revelações feitas por Snowden, a Comissão Europeia acordou com Washington criar um grupo de trabalho para abordar estes assuntos.

Segundo a responsável europeia de Interior, Cecilia Malmström, as explicações exigidas ao governo americano sobre esse suposto caso espionagem não satisfizeram até o momento do Executivo comunitário. (Com agências de notícias)