Senadores propõem que jornalista dos EUA compartilhe documentos de Snowden
Os senadores que fazem parte da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Espionagem, que apura denúncias sobre violação de dados praticada por Estados Unidos e Canadá contra o governo brasileiro, ouviram o jornalista norte-americano Glenn Greenwald e seu companheiro, o brasileiro David Miranda, por uma hora e meia nesta quarta-feira (9) sem obterem nada de novo.
Os membros da comissão chegaram a propor que o jornalista deixasse seus documentos sob a guarda do Senado --que possui uma sala-cofre criada para receber documentos da CPI do Cachoeira, em 2012-- e que a Casa poderia contratar uma equipe de especialistas para ajudar a analisar os dados compartilhados por Snowden. Conforme foi explicado por David Miranda, Greenwald poderia cometer um crime contra os EUA se disponibilizasse a outro país esses documentos.
“O governo e o jornalismo são separados e precisam continuar separados”, disse o jornalista sobre a proposta. “A liberdade de imprensa não é só para divulgar [as denúncias], mas também para trabalhar [na apuração delas]”.
Greenwald e Miranda disseram aos parlamentares que Snowden sabe mais do que qualquer pessoa como analisar os documentos secretos a que teve acesso, e que o Brasil poderia ter dele uma colaboração maior se garantisse ao ex-agente asilo político. Além disso, sugeriram que o governo brasileiro cobre mais e novas explicações dos EUA e do Canadá, cujas justificativas, até o momento, não teriam sido convincentes na avaliação deles.
“Muitos países disseram ‘obrigado’ [a Snowden], mas não estão protegendo a pessoa que denunciou”, afirmou Greenwald.
Greenwald vem fazendo reportagens sobre a atuação da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA), a partir de documentos entregues a ele por Edward Snowden (ex-colaborador da agência) que indicam que os governos de EUA e Canadá podem ter espionado a presidente Dilma Rousseff, a Petrobras e o Ministério de Minas e Energia. Aos senadores, o jornalista disse que não tem nada a revelar, neste momento, além daquilo que já foi publicado por ele em parceria com o jornal britânico “The Guardian” e, no Brasil, com a TV Globo.
“Estou trabalhando com outros jornalistas, peritos, com a TV Globo, são muitos documentos e leva um tempo para entender”, disse Greenwald, ao justificar que está fazendo as reportagens conforme vai descobrindo “algo importante”.
O relator da CPI, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), disse ao jornalista que seria necessário ter provas mais concretas e objetivas de que houve espionagem para que o Brasil possa fazer qualquer tipo de denúncia a cortes internacionais, e afirmou que existe a impressão de que Greenwald detém mais informações a respeito do monitoramento que pode ter sido realizado contra o governo brasileiro, mas prefere “fatiá-las” e divulgá-las aos poucos.
O jornalista voltou a afirmar que tudo o que sabe até o momento já foi publicado e que tem trabalhado sob “muito risco e ameaças”. “Não estou segurando documentos relevantes, não estou escondendo informações. Estou publicando, não segurando”, respondeu.
De acordo com o relator, representantes da Petrobras disseram à CPI que “colocavam a mão no fogo” de que dados da estatal não foram violados. “A NSA não está fazendo brinquedos [sic], não estão fazendo espionagem contra a Petrobras por nada”, afirmou Greenwald.
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