Senado italiano cassa mandato de Silvio Berlusconi
O Senado italiano aprovou nesta quarta-feira (27) a cassação do mandato no Parlamento do ex-premiê Silvio Berlusconi por conta de uma recente condenção por fraude fiscal. Assim, o político fica sem imunidade parlamentar para enfrentar os vários processos que responde na Justiça.
"É um dia amargo, um dia de luto", declarou Berlusconi, com a mão sobre o coração, ao cumprimentar seus partidários em Roma, pouco antes da votação no Senado sobre a sua destituição.
"Hoje, vejo em seus olhos que a emoção não é apenas minha, mas também a de vocês", disse, agradecendo os milhares de partidários reunidos em apoio ao seu líder.
O pedido de cassação foi aberto após o ex-primeiro-ministro ser condenado por fraude fiscal no processo conhecido como Mediaset. A Terceira Corte de Apelação de Milão sentenciou Berlusconi a quatro anos de prisão e dois anos de afastamento de cargos públicos.
O plenário do Senado rejeitou as nove propostas apresentadas por vários senadores para que não fosse aplicada a Berlusconi a chamada "lei Severino", que estabelece a expulsão do Parlamento dos condenados a penas superiores a dois anos de prisão.
O resultado já era esperado, visto que a esquerda e o Movimento Cinco Estrelas, do humorista Beppe Grillo, anunciaram um voto conjunto.
A princípio, a decisão não provocará consequências para o governo de coalizão de Enrico Letta, de centro-esquerda, que pode contar com a lealdade dos cinco ministros de direita, incluindo um ex-aliado de Berlusconi, Angelino Alfano, e outros 50 deputados reagrupados como Nova Centro-Direita.
Berlusconi e seus "falcões" passaram à oposição na terça-feira ao pedir um voto contra a lei de orçamentos, sobre a qual o governo havia apresentado uma "maxi emenda" com todas as modificações atribuídas pelo Senado ao projeto de lei.
A moção de confiança foi vencida pelo governo durante a noite por 171 votos a 135.
A imprensa italiana enfatiza nesta quarta-feira a retirada do apoio, mais que o fim de 20 anos de domínio de "Il Cavaliere" na política do país.
Alguns não parecem acreditar nele, como o jornal "La Repubblica", que escreve: "A aposta de Silvio: voltarei ao palácio Chigi".
O "Corriere della Sera" critica Berlusconi por ter escolhido o lema "Depois de mim, o dilúvio", assim como o "berlusconianos" por terem optado, ao lado do movimento Cinco Estrelas, por uma "posição antissistema".
Caso Ruby
Em junho, Berlusconi foi condenado em primeira instância a 7 anos de prisão e à inabilitação do exercício de um cargo público pelos crimes de abuso de poder e incitação à prostituição de menores, no chamado caso Ruby.
Segundo a Justiça italiana, O ex-premiê manteve relações sexuais com a jovem marroquina Karima O Marough, mais conhecida como Ruby, em troca de dinheiro e ciente de que ela era menor de idade. Ele "comandava" ainda as festas sexuais apelidadas de "bunga-bunga" e realizadas em sua luxuosa mansão perto de Milão. (Com agências internacionais)
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