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Assessor de premiê turco chuta manifestante e causa indignação na Turquia

Yusuf Yerkel, conselheiro do primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, chuta manifestante em Soma - Depo Photos/AFP
Yusuf Yerkel, conselheiro do primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, chuta manifestante em Soma Imagem: Depo Photos/AFP

Do UOL, em São Paulo

15/05/2014 14h38

A imagem de um assessor do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, chutando um manifestante, circulou nas redes sociais nesta quinta-feira (15), causando indignação na Turquia. O incidente ocorreu na quarta, durante a visita de Erdogan a Soma, local onde a explosão de uma mina de carvão deixou mais de 280 mortos.

O assessor de Erdogan, Yusuf Yerkel, foi fotografado no momento em que dava um pontapé em um homem que era contido no chão por policiais. Testemunhas ouvidas por jornais locais afirmam que ele teria deferido de três a quatro chutes.

Yerkel confirmou a veracidade da foto em declarações à Redação turca da emissora britânica BBC. O assessor justificou sua atitude afirmando que se tratava de um radical de esquerda que dirigiu ofensas contra o premiê.

Segundo o jornal "El País", o manifestante foi abordado por policiais após chutar um dos veículos oficiais da caravana de Erdogan. 

Em visita a Soma, o primeiro-ministro foi hostilizado ontem por parentes dos mineradores mortos ou que ainda se encontram presos na mina com poucas chances de sobrevivência. Os familiares vaiaram o premier, pediram sua renúncia e o obrigaram a se refugiar num supermercado sob os gritos de "assassino" e "ladrão".

Anteriormente, o premiê turco havia tentado minimizar a dimensão da catástrofe, chamando acidente em minas de "coisas corriqueiras" e que acontecem em muitos países. O governo turco declarou três dias de luto oficial. 

Protestos 

Desde o acidente em Soma, trabalhadores e cidadãos turcos organizaram uma série de protestos em Ancara e Istambul. Na cidade de Esmirna, a polícia teve que agir para dispersar cerca de 20 mil manifestantes que acusavam o governo de ter responsabilidade no acidente em Soma. Os agentes usaram gás lacrimogêneo contra os manifestantes.

As autoridades da Turquia anunciaram na manhã desta quinta que subiu para 282 o número de mortes causadas com a explosão da mina.

O número pode ser maior, já que muitos trabalhadores ainda estão soterrados nas galerias. A explosão, ocorrida há dois dias, tem sido considerada o pior desastre industrial na história da Turquia moderna.

Apesar da gravidade, o governo não aceitou ajuda externa. Países como Israel, Estados Unidos, Grécia, Alemanha, França, Itália, Polônia, Irã e a própria União Europeia (UE) tinham se colocado à disposição de Ancara.

Até então, o maior acidente do tipo tinha sido o da mina de carvão de Zonguldak, na região do mar Negro, onde, em 1992, uma explosão provocou 263 mortos.