ONGs humanitárias e Marinha italiana resgatam 4.500 pessoas no Mediterrâneo
Cerca de 4.500 imigrantes, em ao menos 40 pequenas embarcações espalhadas pelo mar Mediterrâneo, foram socorridos ontem por organizações humanitárias como a Médicos sem Fronteiras (MSF) e a Guarda Costeira e a Marinha italianas.
Há registros de aumento nas saídas de embarcações clandestinas a partir do norte da África, em um período de calmaria no Mediterrâneo, segundo informa nesta sexta-feira (24) a agência Reuters.
Os barcos infláveis e de madeira foram avistados a cerca de 20 milhas náuticas da cidade portuária de Sabratha, na Líbia.
Somente a MSF recolheu cerca de 2.000 pessoas em um período de 36 horas, a partir da madrugada de quinta-feira (23), usando três navios.
“O Bourbon Argos [um dos navios da MSF] recebeu um telefonema do Centro de Coordenação de Busca e Resgate Marítimo em Roma às 3h30 de quinta-feira, nos dizendo que vários barcos estavam em perigo. Alguns minutos depois, nossas equipes já avistaram os primeiros barcos no radar e rapidamente enviaram os botes de resgate", disse Sebastien Stein, coordenador de operações do Bourbon Argos.
"Um dos barcos estava vindo na nossa direção, lotado de pessoas em estado de pânico. Elas literalmente pularam para o nosso bote, e tivemos de resgatar pessoas da água. Quando chegaram ao nosso navio, elas começaram a subir para alcançar o convés, completamente assustadas”, ele afirmou.
Poucas horas mais tarde, equipes da MSF a bordo dos navios Dignity I e Aquarius se juntaram ao trabalho de resgate. Havia muitas mulheres e crianças nos botes, sendo a mais nova com não mais do que duas semanas de vida, afirmou a ONG.
“Nunca vimos tanta gente espremida no Bourbon Argos”, disse Stein. “Tivemos alguns momentos dramáticos e assustadores. Foi difícil, mas felizmente, todos conseguiram subir no navio com segurança.”
Também participaram da operação as ONGs Sea-Watch (alemã) e a Moas.
O acordo recente assinado entre a Turquia e a União Europeia para barrar as saídas de imigrantes rumo às ilhas gregas reduziu em 98% a chegada de barcos à Grécia nos primeiros cinco meses deste ano, em comparação a igual período no ano anterior, de acordo com a IOM (Organização Internacional para a Migração, na sigla em inglês).
No entanto, as chegadas à Itália continuam praticamente no mesmo ritmo, em relação a 2015, e a rota central usada pelos barcos no Mediterrâneo já tem registradas 2.438 mortes, segundo a IOM.
Entre 2014 e 2015, mais de 320 mil imigrantes alcançaram a Itália por barco. Em 2016, o número é de 56.328 até agora, o que representa queda de 5,5% em relação a igual período no ano anterior, diz o Ministério do Interior da Itália.
Mais de 125 mil pessoas estão vivendo em abrigos no país. As três principais origens dos imigrantes são: Nigéria, Eritreia e Gâmbia.
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